Falar dos vinhos Portugueses faz algum tempo, tornou-se tarefa fácil, além de prazerosa.
Desde que os produtores descobriram que antes de qualquer coisa o vinho é business, os vinhos Portugueses, aqui no Brasil, deixaram de ser apreciados apenas pela colônia imigrante e seus descendentes, passando a agradar a grande maioria.
Antes, os vinhos eram vinificados com a mistura de uvas clássicas, autóctones e plantadas em uma mesma parcela, onde se colhiam as maduras e outras nem tanto, todas juntas, e lá iam elas para os lagares.
Hoje não é mais assim, à não ser que se queiram conservar particularidades e arrojos, os quais quem decide é o enólogo, com parcelas muito antigas, chamadas de vinhas velhas, onde muitas das vezes, ninguém sabe precisar com exatidão quantas e quais cepas ali se fazem presentes.
Conheci os vinhos do Tiago Cabaço, que faz parte da nova geração dos produtores alentejanos em uma feira de vinhos Portugueses há alguns meses(seriam anos?) e os mesmos me chamaram a atenção, pelo seu teor e pelos nomes escolhidos de seus rótulos.
Em 2004 Tiago implantou um projeto pessoal, já que proveniente de família tradicional no cultivo e vinificação, queria manifestar de forma clara e despretensiosa as suas convicções, a sua personalidade, a sua forma de entender o vinho e o Alentejo. Cinco anos depois, Tiago se apresenta como um dos produtores mais promissores e irreverentes do Alentejo, com um elenco de vinhos corretos e elegantes, ao mesmo tempo modernos no estilo e na forma, sem perder, porém o caráter alentejano. Vinifica seus vinhos com os rótulos: “.com” de perfil mais enérgico e jovial, os “.beb” mais sérios e poderosos e o “blog”, um tinto simultaneamente vigoroso, subtil e fresco que se alça como o topo de gama dos vinhos de Tiago Cabaço. Com acesso a algumas das melhores e mais velhas vinhas do Alentejo, todas nas proximidades de Estremoz, com a enologia entregue a uma das melhores enólogas do país, Susana Esteban, com a conquista dos mercados externos, Tiago Cabaço afirma-se como uma das estrelas emergentes do Alentejo.
-Os .com, os temos branco, com o corte de Antão Vaz, Arinto, Roupeiro, Verdelho e Viognier e o tinto, corte de Aragonez, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional e Trincadeira.
-O .beb, corte de Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Syrah e Touriga Nacional, já passa por madeira, carvalho francês de 2º, e já é uma prévia do que viria a ser o blog.
-Vamos ao “blog”, assim mesmo, em minúsculas como a produção de cerca de menos de 1500 garrafas.
Corte de Alicante Bouschet, Syrah e Touriga Nacional, com passagem por carvalho francês de 2º uso durante 12 meses e álcool parecido em graduação com os demais, na casa dos 14,5%.
Cor incrivelmente escura e densa, chegando ao azulado, muito brilhante, aromas de frutas negras maduras, um floral presente, sutil chocolate ao fundo leve cogumelo.
Em boca, confirma as frutas, acidez incrível, o que me levou à harmoniza-lo, tanto pelo bom álcool, quanto pela acidez, com torresmos de porco; um show!
Madeira pouco se percebe em boca, apenas no retro-olfato com chocolate, e confirma o frutado.
Belo vinho, gostoso, encorpado sem ser agressivo e com espantosa acidez, a qual não é em desequilíbrio com taninos presentes e macios e álcool, facilitando as harmonizações.
Penso que com caças, carnes vermelhas com gorduras entremeadas, costelas de boi e porco, queijos como o parmesão e o granapadano também devem ficar ótimos.Arriscaria até algum peixe de rio com, dos de couro, mais gordurosos grelhados ou assados.
Quem importa este e os outros vinhos do Tiago Cabaço é a Adega Alentejana.