Meninas e meninos,
Um dos enólogos que mais me fizeram pensar e modificaram minha maneira de ver os parreirais, o amigo Ademir Brandelli da Don Laurindo, esteve em São Paulo, na bela loja das lindas Christina e Eugênia localizada no Itaim Bibi, a A.O.C Vinhos do Brasil.
Como o próprio nome já diz, vinhos do Brasil é o motivo desta bem montada loja e distribuidora.
Quando estive em visita ao Ademir na Don Laurindo, este me fez mudar o conceito de que para dar certo e fazer vinhos de qualidade, obrigatoriamente teríamos a condução das parreiras em espaldeira. Ele e mais alguns poucos ainda conservam lotes plantados em latada, mas com uma condução fitossanitária mais adequada e moderna, onde o raleio deixa menos sombra, entrando mais sol e menos umidade advinda do solo em época que isto seja mais prejudicial, ou seja, na colheita.
Vejam o que escrevi à época:
Meus caros, quando se trata de padrão, todo o cuidado é pouco.
Já dizia Nelson Rodrigues; “Toda unanimidade é burra”, e não é que o brilhante autor tinha razão?
Tenho estudado e escutado ao longo de uma jornada que já soma bem uns 15 anos, sem contar com o período de encantamento puro e simples, que a melhor maneira de condução do parreiral é em espaldeiras.
Toda sorte de explicações, desde as fitossanitárias, passando pelas de cunho ideológico e de facilidades do trato, tanto manual como mecânico, coisa impensável na condução em latada, no aspecto qualitativo do produto final, que se orienta não para quantidades, mas sim para a qualidade.
O caramanchão tão conhecido e utilizado de outrora, para ser trocado demanda tempo e muito dinheiro do produtor, que muitas vezes vê inviabilizado de pronto, seu desejo de modernizar o seu parreiral, com uma condução mais moderna e de melhores resultados.
Pois é, se eu não tivesse visto, e o que mais me encantou, provado literalmente, eu ainda teria arraigado em mim os conceitos mais que divulgados e propalados que rezam ser absolutamente necessários os métodos de condução, convertidos os que já existem, para o conceito espaldeira.
A condução em latada não é tão vilã assim!
“Quando as condições climáticas não forem as melhores, é o produtor que fará a diferença” diz o enólogo Ademir Brandelli, da vinícola Don Laurindo.
Este conceito se aplica também para o parreiral com a condução em latada, quando se orienta a produção, com podas verdes, trato diferenciado e manuseio idem, quando é conduzida de maneira que as videiras não se juntem tanto, com distanciamento maior entre plantas, e conseqüentemente menor sombreamento e maior insolação e passagem de ventos; o resultado dos frutos é evidentemente superior.
A maturação dos frutos é tão rigorosamente seguida em campo, que a colheita não se antecipa nem por causa das chuvas, quando a opção do enólogo se faz sentir.
A quantidade produzida é maior que as provenientes de espaldeiras, mas muito inferiores às de latada convencionais, se é que podemos assim chamar.
Vi, aprendi e apreendi um modo conceitual antigo, dando resultados iguais ou superiores aos mais modernos utilizados hoje.
Confesso que mudei meu olhar e meus conceitos depois desta visão entremeada de tradição e inovação.
Sejamos abertos aos novos paradigmas, ou à quebra de alguns deles.
Recomendo seu vinho branco Malvasia de Cândia Reserva 2008, muito frutado e fácil de beber, o que para o nosso clima é indispensável.
Para os que querem mais sisudez, o Gran Reserva Tannat(80%) Ancellotta 2002.
Vivo e surpreendentemente gastronômico.
Não preciso dizer que a noite em companhia de amigos foi das mais proveitosas e instrutivas.
Os vinhos da Don Laurindo e muitos outros vinhos Brasileiros, você encontra na
Rua Prof. Atilio Inocentti, 970.
11 3044-1697
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão