Meninas e meninos,
Final de semana chuvosa, diluviana mesmo, e para o aprendizado e sempre delicioso encontro de poucos e bons, para gáudio, eu dentre eles, um almoço com o enólogo/produtor que mais inova a partir da tradição, Anselmo Mendes.
Convite feito pela Fernanda Fonseca em nome da Decanter, que importa os vinhos, já sabia que a tarde seria de inusitados aprendizado e prazer, e assim foi.
Anselmo, produtor Português dos mais conceituados e consagrados diz, que o que importa no mundo dos vinho é o respeito pela terra e a originalidade dos vinhos como produto cultural e não só como bebida, e seguiu à risca seu preceito nos trazendo alguns Vinhos Verdes de safras antigas, e que estavam soberbos.
Vinho Verde é para ser degustado em sua safra atual, ou mais recente possível, corre o conceito, pois são vinhos frescos que não podem perder esta característica pelo tempo de guarda, mas não é o caso quando entra em cena a experimentação.
Antes de iniciarmos a jornada enogastronômica, pois o almoço se deu no restaurante Trindade, Anselmo fez questão de mencionar que tinha um agradecimento especial ao Brasil, que segundo ele, é o país que mais respeita os vinhos Portugueses.
Degustamos pela ordem os vinhos:
Fermentados em cubas de inox, e deixados sobre borras por 3 a 4 meses.
1-Alvarinho Muros Antigos 2005-cor amarelo dourado, floral e cítrico no olfato, um toque de baunilha, apesar de não passar por madeira, e confirma em boca seu corpo mais denso, adocicado e cítrico (lembra grapefruit), com leve mineral. Um vinho espetacular, acidez ímpar, dos melhores que já degustei desta casta.
2-Alvarinho Muros Antigos 2007, apesar de mais novo, mais dourado que o anterior, maçã verde, floral e mineral mais marcado.
3-Alvarinho Muros Antigos 2008 o mais cítrico e mineral de todos no meu entender.
4-Alvarinho Muros de Melgaço 2003- dourado bem marcado, amêndoas e frutas secas, também floral: Me lembrou um Jerez, intrigante e gostoso.
5-Alvarinho Muros de Melgaço 2005-cítrico e floral confirmados também em boca, bem equilibrado.
6- Alvarinho Muros de Melgaço 2007- floral mais acentuado, acidez e frescor muito agradáveis, ótimo, meu segundo preferido das duas séries de Muros.
7- Alvarinho a Moda Antiga 2005- surge após 10 anos de experiências em fermentação pelicular, em barricas usadas, estagia por mais 9 meses em barricas e ainda mais 6 meses e em garrafa. O vinho tem uma sutil lembrança de um brandy. Hoje em dia esta série chama-se Curtimenta
8-Parcela única 2009- como o próprio nome sugere, é vinificado de uma única parcela, que ao longo de 10 anos nas mais de 20 parcelas de Alvarinho, mereceu destaque único. Para mim o que mais expressa mineralidade, e toques de especiarias, canela em particular. Em boca o cítrico predomina. Fermentado em barricas usadas, estagia por mais 9 meses em barricas de 400 l e mias 6 meses em garrafa.
É preciso que se diga que estas safras de vinhos vieram na bagagem do Anselmo e não estão por aqui, mas a Decanter tem as safras mais novas.
Nem preciso dizer que o cardápio com Salada de folhas verdes, arroz com passas e lulas marinadas no azeite e flambadas ao conhaque, e o Bacalhau grelhado com batatas ao murro, além dos bolinhos e pastéis de bacalhau, e saladinha fria com de bacalhau, fizeram a alegria de nossa mesa e com os vinhos ficaram ótimos.
Fiquei com a impressão que umas sardinhas na brasa teriam animado ainda mais os vinhos, principalmente o belo Muros de Melgaço 2003.
“A razão de fazer vinhos é serem reconhecidos e acima de tudo exprimirem a originalidade da Terra onde nascem. Essa terra é Portugal e é onde eu quero cada vez mais fazer vinhos de excelência que acrescentem valor e como produto cultural entrem na galeria de internacionalização da cultura portuguesa. À TERRA, AO VINHO E À VIDA.”
Anselmo Mendes
Decanter
http://www.decanter.com/ br
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão