Meninas e meninos,
Volto a falar de uma vinícola que tem me surpreendido a cada vinho que degusto.
Já escrevi sobre seu Cabernet Sauvignon e seu Chardonnay, apesar de também ter degustado o Merlot anteriormente, e este não me agradar tanto como agora.
Como eu sempre digo, e faço, nunca experimento uma única vez os vinhos, porque em um dia aquela garrafa específica pode não estar tão adequada, numa segunda vez, é o degustador que não está tão bem, portanto sobrando o desempate para a próxima degustação.
Foi o que aconteceu comigo e o Merlot.
Na minha concepção, por mais diferente que este se expressasse, não poderia ser inferior aos outros vinhos da casa, que me agradaram e muito. Pois bem, dei tempo ao tempo, guardei uma garrafa em condições ótimas, e dei um descanso de dois meses ao líquido.
Quando degustei, logo percebi aquela acidez pronunciada característica destes rótulos, mas após algum tempo quando ele se abre, que profusão de aromas e gostos.
Fiz uma harmonização dia destes de gastronomia Indiana e vinhos Chilenos, para mostrar que temos inúmeras possibilidades de adequar ao paladar os mais exóticos e mais difíceis pratos, e o resultado foi esplêndido e aplaudido por todos.
Mas prometi a mim mesmo, depois de degustar com calma o Merlot 2005 da Dom Robertto, que farei novamente esta harmonização, usando desta feita os rótulos desta vinícola.
Como disse, acidez não falta, mas o conjunto de especiarias, principalmente cravo, com algo de chocolate amargo e um floral evidente faz deste Merlot o companheiro ideal das iguarias complexas em especiarias, sabores e aromas.
Atenção, deixe respirar após abrir ao menos meia hora, para que toda a potencialidade deste belo exemplar aflore, e sirva-o com uma temperatura ao redor dos 15ºC.
Um pouco da maneira de vinificar da Dom Robertto está descrita abaixo.
O vinhedo é conduzido em espaldeiras, encontram-se na encosta norte da Serra do Sudeste (São Sepé-RS). Sua localização geográfica e microclimática privilegiadas.
Sua colheita é sempre realizada manualmente, nas primeiras horas da manhã.O processo de vinificação baseia-se numa receita familiar passada de geração a geração há mais de 150 anos, apoiando-se nos mais altos e avançados padrões tecnológicos e científicos.A separação das uvas do ráquis (desengace) é feita em, no máximo, 4 horas após a colheita, garantindo a máxima expressão das características varietais. A fermentação é natural da fruta e se desenvolve em pipas de aço inoxidável de 2.000 litros sob controles diuturnos, possibilitando maior homogeneização e cuidados do produto e da temperatura. Sua maturação é feita em barris de carvalho francês e americano. Sua produção é limitada entre 10.000 e 15.000 litros por safra/cultivada.O envelhecimento ocorre em garrafa, por um período mínimo de ano e meio.Toda esta dedicação e esmero resultam na máxima expressão da uva, traduzindo-se em vinhos tintos complexos e estruturados, de boa extração de cor, halo violáceo na lente, lágrimas grossas, médio corpo, aroma de frutas vermelhas com toques vegetais de cacau, café torrado e pimentão, boca equilibrada e fresca, taninos adocicados, final de boca vegetal e boa persistência. Os vinhos brancos são aromáticos e frescos com expressões florais e de frutas como maçã verde, maracujá e figo maduro, tons amarelo-esverdeados, agradável, refrescante e intenso ao paladar, com boa persistência no final de boca.
www.domrobertto.com.br
Álvaro Cézar Galvão