Meninas e meninos,
Estive a convite dos amigos da abflug, aquela importadora que se escreve com letras minúsculas, mas tem vinhos maiúsculos em seu portifólio, para uma degustação vertical de safras de um dos vinhos top da Viña Pérez Cruz.
Esta vinícola, quando seus vinhos eram trazidos por outra importadora, já foi tema de minha postagem, e também participou da organização o André Rossi, o Deco, com sua Winet.
Mas o que vem a ser uma degustação vertical? Esta modalidade já foi tema de uma matéria minha na revista Gourmet & Food Service, e também neste foro, mas não custa delinear outra vez, visto que aprendizado é isto mesmo.
Quando nos propomos a fazer uma degustação, existem várias maneiras de conduzi-las, e as mais comuns são, a saber:
-Degustar simplesmente, mantendo uma ordem que vai dos vinhos mais frescos e joviais, aos de maior opulência e corpo. Há quem não se importe com esta ordem.
-Degustar vinhos vinificados com uma única cepa de uvas, por exemplo, só Cab.Sauvignons. Dentro desta, podemos dividir das mais diversas maneiras, como só vinhos do Novo Mundo, Velho Mundo, dos dois mundos, do outro mundo….
-Degustação às cegas, quando qualquer uma destas e outras mais que se queira, são degustadas sem os provadores saberem quais são e quais safras são.
-Degustação vertical, quando temos várias safras de um mesmo vinho, mesmo que seus cortes sejam diferentes safra a safra. No nosso caso, provamos o Liguai, que sempre leva um corte de Syrah, Carmenère e Cabernet Sauvignon, onde a maior parte deve ser de Syrah, depois de Cab Sauvignon e depois de Carmenère, que tende à ser mais ou menos sempre igual, variando pouco, mas que sempre dependerá das condições que aquela safra impuser às cepas, chegando mesmo à não se vinificar em alguns anos, quando as condições mínimas exigidas pelo enólogo não forem atingidas, em uma ou mais das variedades usadas, como foi o caso da safra de 2004.
Para se ter uma idéia, o enólogo da Pérez Cruz, o Germán Lyon, nos disse que em média cada pé de parreira irá proporcionar apenas uma garrafa de Liguai, o que representa uma produção muito baixa, por isso de excelência, com aproximadamente 2000 litros/há.
Provamos as safras de 2002; 2003; 2005; 2006; 2007 e 2008, todas, com exceção da safra 2006, que tem mais Carmenère, levam “em torno” de 45-40% Syrah; 35-30% Cab Sauvignon; 25-20% Carmenère.
Antes de começar com minhas impressões, devo dizer que a degustação ocorreu no restaurante Pobre Juan, do amigo Luizinho Marsaioli.
Safras todas muito iguais, ao meu paladar, com ligeiras nuances diferentes, taninos todos eles, dos mais antigos aos mais novos, totalmente equilibrados e macios.
2002-especiarias diversas no olfato, álcool aparecendo um pouco quando chegou, depois de acomoda, boca quente e macia, frutas e especiarias, abrindo uma bala de café com o tempo em taça.Ninguém diz que este vinho tenha já 10 anos praticamente.
2003-Repete o anterior, mas realça para mim os doces de tacho, a marmelada, e sutil charcutaria, que desaparece com o tempo.
2005-Chocolate, café, cerejas ao marasquino, “doce” no nariz, super equilibrado em boca, álcool e acides impecáveis. Para mim, e para a maioria, por votação, o mais agradável do painel.
2006-Este tem uma quantidade maior de Carmenère, em torno dos 40% , restando 20% para Cab Sauvignon e 40% para a Syrah. Macio, frutado no nariz e na boca, chocolate e café tostado, toques herbáceos também.
2007- Outro que encanta pelo equilíbrio, frutados, alcaçuz, floral, marmelada, confirmados em boca. Meu segundo vinho em predileção.
2008- Chegou com toques de mentol, frutados e floral, e depois abriu ligeira pimenta preta, frutas maduras, ameixas, longo e “quente”, ótimo para se beber já ou ainda aguardar, pelo histórico das outras safras, mais alguns anos.
Com a ótima carne do Pobre Juan, tanto o 2007, como o 2008 harmonizaram-se perfeitamente. Rest Pobre Juan
Winet
abflug vinhos
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão