Tenho sempre dito que para mim, os vinhos, as mulheres e a poesia, são expressões da alma, o que os torna complementos uns dos outros.
Os vinhos, nascidos das formas arredondadas naturais e plenas, das uvas, lembrando a silhueta mais bela feminina.
As mulheres, a mais pura expressão da alma do poeta maior.
A poesia, como tradução dos dois anteriores.
Recebi e transcrevo a mensagem de uma linda menina linda, que sendo parte desta trilogia, é mais completa e bela.
Heloise Shirley Negrão Fazzio
“Passei à noite a sentir tua presença, enquanto escrevia sobre o amor que de ti recebi! E a dor de tê-lo perdido. Falei da videira, de suas flores e frutos. Então lembrei-me de contar a parte mais bela da história de um vinho! O homem que labuta a terra. Perguntei-me por que a vaidade encobre a simplicidade com que tudo começara, mas apenas ouvi o silêncio a me calar mais uma vez.
Talvez o nó na garganta por não me permitirem chamar a consciência os que há muito se esqueceram das origens primeiras de um vinho…tenham despertado em mim a ira. Desafiei homens que intitulavam-se quase senhores absolutos deste. Acaso pode-se esconder as verdades nele contidas?
Se o insensato prová-la se inebriará por não decifrar-lhe a beleza do amor mais perfeito, condenando-se a si mesmo a solidão. Porque o vinho oferece companhia agradável somente àquele que reverencia os seus encantos. O sábio aprendiz ao sorvê-la, encontrará nela os sentidos que levam a querer viver o esplendor da aurora no amanhecer de cada dia!
Homens cruéis perderam a inspiração para amá-la e somente arrancam-lhe o prazer lascivo de seus próprios instintos. E um tempo chegará em que responderão pelos sonhos roubados e será devolvida ao penoso chão a silhueta amarga de um pobre infeliz. Por não compreender-lhe o verdadeiro desígnio. Esse é o destino de um vinho no corpo daquele que dele bebe, mas sua essência não sabe sorver…
Pois, a videira perdoa somente os que dela se aproximam, e se encurvando rendem-se à verdade da terra, onde germina a semente que do céu foi lançada, permitindo ao artista retirar-lhe a honrada bebida”.
Até o próximo brinde!