Estive em São Roque, mais precisamente nas instalações e no parreiral da Vinícola Góes, que há 67 anos começou no Vale das Adegas, interior de São Paulo, mais precisamente, como disse antes, em São Roque-SP, e já chegou à Serra Gaúcha.
Em companhia de Cláudio Góes, 4ª geração desde o fundador, e um apaixonado pela vitivinicultura, verifiquei com muita alegria e por que não, certa surpresa, que a vinícola está desenvolvendo projetos pioneiros de adaptação de cepas e clones de vitis-viníferas para a região.
Surpresa, pois tenho me dedicado aos vinhos brasileiros, e confesso: foi preciso o contato do Cláudio, para me inteirar mais desta vinícola de tradição paulista.
São Roque tem altitude, e clima com variação térmica importante, mas chove na época da colheita, o que levou a Góes a estudar e plantar uma área de manejo, para empiricamente desenvolver as melhores e mais resistentes variedades para o terroir de São Roque.
Para citar alguns dos vinhos que degustei, me chamou a atenção, o Casa Venturini Chardonnay 2007, que permanece 30 dias macerando em madeira, jovem e frutado, com boa acidez.
Segue um relato sobre a Góes:
Desde sua fundação fabricando vinhos, a Vinícola Góes hoje possui uma produção em torno de 10 milhões de litros ao ano. Fundada por Gumercindo de Góes e Maria Camargo de Góes, – descendente de imigrantes portugueses –, a empresa tem três unidades produtoras, sendo duas em São Roque (SP) e outra em Flores da Cunha, na Serra Gaúcha (RS).
Os filhos do casal, oito ao todo: Edna, Dinorá, Leia, Eliseu, Hélio, Henrique, Tito e Rui, cresceram em meio às videiras e assistiram atentamente as colheitas, as pisas das uvas, o processo de engarrafamento e a distribuição comercial. Com o passar do tempo começaram a ajudar o pai e, a cada ano, aprendiam e amavam mais a arte de produzir vinho.
Quando Gumercindo de Góes decidiu que devia se desligar do comando da empresa, em 1970, automaticamente a gestão passou para seus filhos. Era o início da administração da vinícola pelas mãos da segunda geração da família Góes.
Então Helio, Henrique, Tito e Rui deram continuidade aos negócios e a primeira ação firmada pelos novos administradores foi expandir o cultivo de novos parreirais. Outro destaque imediato dessa gestão foram algumas alterações dos rótulos e garrafas, pois perceberam a necessidade do mercado em oferecer melhores embalagens. O resultado desse pioneirismo foi a expansão do negócio em caráter estadual.
Com o desenvolvimento das tecnologias tanto na área industrial como no campo, os herdeiros investiram nos últimos cinco anos cerca de R$ 1,5 milhão entre pesquisas e cultivo (incluindo manejo) de uvas viti-viníferas na cidade de São Roque. Neste ano nasce o fruto do trabalho, minuciosamente planejado e acompanhado de perto por todos os responsáveis.
Na Estância Turística de São Roque onde estão instaladas a matriz e a unidade II, são produzidos os vinhos de mesa das linhas Góes Tradição e Góes de Mesa, a partir de uvas de origem americana das variedades niágara, isabel, seibel e bordô. Também é produzida e envasada a nova sensação do segmento – o Grape Cool, bebida gaseificada elaborada à base de vinho.
Em 1989, na cidade de Flores da Cunha, na Serra Gaúcha, a Vinícola Góes se associa com a família Venturini e formam uma joint venture que recebeu o nome de Vinícola Góes & Venturini. Nessa unidade são produzidos, o suco de uva, a linha de vinhos finos Quinta do Jubair, e os espumantes Vívere, uma vez que nessa região o clima e o solo já se mostraram compatíveis para a produção de uvas varietais como Cabernet, Merlot, Riesling, Moscatel, Chardonnay, entre outras.
Se por um lado houve diversificação na linha de atuação, por outro se manteve a tradição nos negócios, cuja condução continua centrada em sólidos laços de família. Com 130 funcionários, sendo 90 na área industrial, o grupo é administrado hoje por filhos e netos do fundador.
http://www.vinicolagoes.com.br/
11 4711-3500
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão