Meninas e meninos,
Estar reunido ao redor de uma mesa onde irei degustar ótimos vinhos e uma gastronomia fantástica, só não se traduz em plena felicidade quando não estou rodeado por amigos que também prezem este mister.
Graças aos convites honrosos que Ciro Lilla, através de sua assessora e minha querida amiga Sofia Carvalhosa me fazem, sempre que estes acontecem, sei que irei prezar dos requisitos citados acima.
Pois não foi diferente na noite em que jantei no Restaurante Figo, com uma mesa plena de amigos especialistas, amigos da Mistral, e com o representante da Michel Chapoutier, Antonin Bonnet, e claro, com o Ciro.
Michel Chapoutier, nome emblemático do Rhône, e da França, enólogo que levou a uma dimensão inusitada os vinhos da região, atingindo a perfeição nas diversas denominações do Norte e do Sul, é homem de opiniões controversas e virtuosismo técnico.
Chapoutier faz anos, sempre se voltou para a viticultura orgânica e biodinâmica e segue a cartilha francesa para esse tipo de cultivo sustentável. Seus vinhos impecáveis e elegantes, tais como os Hermitage, Côte-Rôtie, St Joseph, Cornas, Châteuneuf, servem de referências para a região.
Convencido da enorme riqueza do terroir do Rhône, Michel Chapoutier criou os reverenciados “séléction parcellaire”, os vinhos de vinhedo, que estão sempre entre os melhores tintos e brancos da França e que buscam a qualidade máxima de cada denominação.
São belos exemplos desta tenacidade de Chapoutier, vinhos de enorme classe, elegância e estrutura, extremamente longevos, e que precisam de tempo para mostrar suas melhores características.
Robert Parker afirma: “Tudo o que Chapoutier está fazendo, de seus vinhedos cultivados biodinamicamente com rendimentos minúsculos, fermentações estendidas, o uso de leveduras naturais até a decisão de não filtrar os vinhos, tem o intuito de produzir a essência de um vinhedo e de uma safra. Sua história desde 1989 admiravelmente prova que estes são vinhos extraordinários feitos por um jovem gênio que se recusa a ceder”.
Todos os seus vinhos inclusive vinhos doces, colaboraram para colocar o Rhône entre as melhores regiões vinícolas francesas, lado a lado com Bordeaux e Bourgogne.
Seu Côtes du Rhône Belleruche é considerado um dos melhores da denominação e seus Hermitage brancos estão entre os mais cobiçados, e o melhor, Chapoutier também produz excelentes vinhos no Sul da França, Alsácia, Austrália e mais recentemente, também em Portugal.
Dito isto deste ícone, vamos aos vinhos:
Degustamos dois brancos, o Côtes du Rhône Belleruche blanc 2013 e o Schieferkopf Gewürztraminer 2012, este último, apesar do primeiro ser espetacular, me encantou nesta noite pela mineralidade, pelo cítrico envolvente, e por uma delicada fruta compotada no aroma, que se traduziu em boca, sem ser doce.
O Marius rosé 2014, corte de Grenache e Syrah, com ótima acidez, frutado em boca, longa persistência, é um campeão em sua categoria, no quesito relação preço X qualidade.
Seguimos com o Domaine Tournon Mathilda Shiraz 2012, vinho que traz o nome da filha de Chapoutier.
Outro que tem boa relação preço X qualidade é o Bila-Haut Côtes du Roussillon Villages Occultum Lapidem 2013, corte de Syrah, Grenache e Carignan.
Fomos ao Douro com o Pinteivera Touriga Nacional 2010, que extraiu de RP na safra 2009, 96 pt, e a indicação de ser o melhor vinho português que tomou então; para vermos como trabalha Chapoutier!
Seguimos com o Crozes-Hermitage Les Varonniers 2012 varietal de Syrah com pouca passagem por barricas.
Châteauneuf-du-Pape Croix de Bois 2009 com 15,5% de álcool, e varietal de Grenache.
Então chegou o meu vinho da noite, um sonho, o espetacular Hermitage M. de la Sizeranne 2011. Pensem em tudo que um vinho precisa ter, e voilà!
Varietal de Syrah, com comportados 13,5% de álcool, equilibrado em acidez e taninos, frutado, especiarias, longo em boca, taninos presentes e ótimos, um primor em minha opinião. Para coroar a rodada, um maravilhoso Banyuls Rouge 2011, vinificado com Grenache de 90 anos de idade, com pequeno percentual de Carignan.
O cardápio elaborado teve além dos canapés para o início, a Salada Figo, mix de folhas com figo em redução de vinho tinto e baunilha, queijo de cabra e nozes como entrada.
Coxa de pato Confit e Figo Seco, envolta em massa folhada, gobo, shitake e couve orgânica de prato principal, e uma Mousse de Chocolate Amargo com Castanho do Pará, servido com sorvete de doce de leite para o Banyuls.
Como disse antes, noites como estas não deveriam ter fim…
Quem importa os vinhos Michel Chapoutier é a Mistral
www.mistral.com.br
www.chapoutier.com
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão