A iniciativa é do Governo do Chile realizada por meio da Embaixada do Chile e do ProChile, escritório de fomento de exportações de produtos e serviços da Direção Geral de Relações Econômicas Internacionais do Ministério das Relações Exteriores do Chile com o apoio do Consulado Geral do Chile em São Paulo, e retrata a vida de indígenas chilenos com peças de prata, produtos têxteis e painéis fotográficos.
Organizada pela Universidad de La Frontera e Universidad Católica de Temuco (Chile), a mostra é o fruto do trabalho conjunto entre faculdades, acadêmicos mapuche, artesãos, cultivadores da poesia e da música para a divulgação da arte, a sabedoria e os conhecimentos dos mapuches que, junto aos outros povos indígenas, concedem ao Chile uma identidade multicultural.
“A cultura material de um povo é o reflexo de seus valores, crenças e projeções. Quando nos referimos à arte e ao artesanato do povo mapuche, que incluem objetos com desenhos cheios de simbologia, sua finalidade vai muito além do uso utilitário, são a expressão da sua vida, cultura, ideologia, organização social e relação com outros povos e o seu universo”, afirma Ricardo Moyano Real, diretor comercial do ProChile no Brasil.
A exposição conta a vida dos indígenas chilenos por meio da exibição de peças de prata e produtos têxteis atuais. A história dessas comunidades é registrada com textos e imagens em painéis sobre a etnia mapuche. Documentários apresentarão a temática indígena e fotografias históricas que representam a perseverança de um povo em manter e projetar a sua cultura.
A exposição ‘Mapuche: Povo e Cultura Viva’ é uma das atividades da Semana do Chile em São Paulo, que será realizada de 20 a 30 de agosto. A Semana faz parte do programa ‘Imagem País’ do Governo do Chile, destinado a projetar e fazer o Chile mais competitivo internacionalmente em âmbitos além do econômico. O programa contempla atividades que permitem seduzir, transmitir e instalar os atributos do Chile fora do país.
Arte Têxtil
A tradição têxtil e a arte do tecido mapuche se destacam por constituírem um âmbito privilegiado que reproduzem valores culturais e estéticos específicos. Qualquer peça têxtil forma parte de um meio artístico imprescindível na apresentação de uma identidade cultural mapuche. Toda peça tecida por uma especialista chamada düwekafe, forma parte de uma poderosa rede de relações sociais e simbólicas que fazem possível a continuação de uma cultura. Assim, um makuño ou uma iküla cobre o corpo de um homem ou de uma mulher em um gesto e ação estética, convertendo o tecido em um objeto que trabalha fundamentalmente como um diferenciador cultural. No mundo mapuche, os têxteis são artefatos para adornos, criados e produzidos para a ostentação e o luxo.
Prataria
A prataria mapuche é uma das expressões mais características do desenvolvimento da sociedade mapuche. É uma expressão concreta da filosofia e da espiritualidade em estreita relação com a natureza. Ao mesmo tempo, essa atividade é a afirmação de opulência que demonstra riqueza econômica de uma época de apogeu, na qual a mulher teve um papel fundamental e determinante como possuidora da continuidade e da fecundidade da vida, num plano de igualdade. As formas, os desenhos, as incisões da prataria mapuche demonstram a fineza e a maestria de seus cultores: os Rëtrafe, que são a conjugação da sabedoria e o conhecimento de um povo expressado na construção das jóias.
Fotografia Contemporânea
O objetivo da mostra de fotografia contemporânea é refletir a ocupação do povo mapuche e sua condição atual. Além disso, contribuições de fotógrafos da Região da Araucanía, resumem, por meio da imagem e da cor, a vida cotidiana deste povo indígena, do sul do Chile. Esta mostra evidencia a riqueza cultural atual do povo mapuche, a arte, a organização social, a atividade econômica e a paisagem onde moram.
O povo Mapuche
Desde a chegada dos espanhóis e até meados do século XIX, os mapuches foram estereotipados pela sociedade chilena como gente que vivia permanentemente armada, defendendo sua liberdade, símbolo de valentia e heroísmo. Com a derrota dos espanhóis e a independência do Chile, começa a tomar forma um novo estereótipo que deslocou completamente o anterior, a partir da década de 50 desse século. Neste novo contexto, o estereótipo mostra um “araucano” que já não realiza ações valentes.
Os mapuche, gente da terra (mapu: terra, che: gente), tem conservado até o dia de hoje não só sua língua – mapudungun, mas também suas crenças e ritos. Na atualidade a população mapuche é de 604.349 pessoas (censo 2002), que representam 87% da população indígena do país, situando-se na sua grande maioria nas regiões de El Biobío, de La Araucanía, de Los Ríos e de Los Lagos, e uma grande porcentagem na Região Metropolitana. Deste total, 30% aproximadamente encontra-se abaixo da linha de pobreza, fato que levou o Estado a implementar políticas de uma maior inversão para enfrentar os problemas da desigualdade social e econômica e da discriminação em que vivem as comunidades e famílias mapuche.
Mostra “Mapuche: Povo e Cultura Viva”
Detalhamento: Fotografia, filmes, peças em prata e produtos têxteis
Data: 28 de agosto a 28 de setembro
Horário: das 9h às 18h
Preço: Entrada franca
Local: Memorial da América Latina – Pavilhão da Criatividade
Endereço: Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664
Até o próximo brinde!