Por que será que num país como o Brasil , de clima tropical, onde na maior parte desta extensão continental, com temperaturas médias acima dos 25º o ano todo, não se bebem vinhos brancos e rosados?
Será tão grave assim a lembrança ainda recente de vinhos de inferior qualidade que proliferaram por cá anos atrás?
Será porque passamos anos não fazendo propaganda de vinhos tão próprios para nosso clima, e ainda não a fazemos, que o uso e costume os tiraram do alvo? Tenho cá uma dúvida.
Como no Brasil, não temos as estações bem definidas, a não ser em uma pequena parte desta imensa geografia, e mesmo assim não muito diferenciada a não ser pelas chuvas ou secas, quando se fala de temperaturas, sempre se faz lembrar o calor, e calor por calor, ora bolas, estamos acostumados à ele, e além disto, falam mais alto nossas tradições colonizadoras, que nos ensinaram que vinho é tinto.
Tinto e forte como o sangue deste povo que veio desbravar terras novas e inóspitas, desde o começo da nossa história até os mais recentes episódios do século passado, principalmente no sul do país.
Será que não é ser forte se deliciar com um belo branco, frutado e fresco, em um dia de calor, normal aliás em nossa terra?
Será que não temos um bom rosado, que não seja aquela versão mal acabada da mistura de um tinto medíocre com um branco pior ainda?
Quando falo em termos exemplares, não excluo nenhum país produtor, muito menos nosso torrão.
É preciso esclarecer estas dúvidas que talvez pairem nas mentes dos recém chegados ao mundo vínico, bem como é claro que temos que ter opções de boa relação preço x qualidade , venham de onde vierem.
Está mais do que na hora de nossos competentes enólogos, engenheiros agrônomos e responsáveis pelas vinícolas, só para falar das tupiniquins, desejarem e buscarem nesta seara, nossa vocação vinífera.
Deixem de lado a mania nacional de procurar tipicidade em vinhos que ainda não se fizeram, em terroirs que ainda são muito novos para comparações, muito exagero, pouco esmero.
Assim como temos belos exemplares de espumantes, creio que poderemos ter também ótimos brancos e rosados, aproveitando a acidez natural de algumas uvas próprias para estas vinificações, e a coincidência de chuvas na época da colheita, principalmente nos terroirs do sul de nossa terra.
Que tal bebermos um branco ou rosado, para cada dois tintos?
Breve teríamos aumentado o consumo, conseqüentemente, diminuído os preços e criado um novo paradigma.