Meninas e meninos,
Quando escrevo sobre os vinhos que compõem o portfólio da Ravin, o faço com muita disposição, pois a família Ravin, com todos os que fazem parte desta, aí incluídas a vinícolas e seus representantes, sejam os donos ou não, e também o público consumidor, trata os vinhos como sempre eu mesmo tento fazer e passar aos que me lêm, com a melhor harmonização possível.
Claro que sempre há o gosto pessoal, as escolhas por memórias afetivas, mas não estou falando de gosto e sim, da simples técnica(que nem sempre é tão simples assim) de oferecer o melhor que se puder, pelos preços adequados e pela maior e mais amorosa relação de harmonia e zelo pelo consumidor.
Pois foi em mais uma destas festas em família, que os vinhos da Valdivieso, agora com a Ravin, nos foram mostrados.
Fundada em 1879 como casa produtora de espumantes por Don Alberto Valdivieso, e desde a primeira metade dos anos 1900 dirigida pela família Mitjans, é uma das 10 marcas mais reconhecidas e prestigiosas do Chile, contando hoje com mais de 60% de participação no mercado de espumantes Chileno, e que na década de 80 começa a produzir vinhos finos tranqüilos, ou seja, sem gás carbônico.
Com 250 ha de vinhedos, produzem uma gama variada de vinhos que atendem a todos os paladares e bolsos.
Degustamos os seguintes vinhos:
Da linha GRAN RESERVA
-Viognier Reserva 2009 – Sagrada Familia
-Carmenere Reserva 2008 – Sagrada Familia
Da linha SINGLE VINEYARD
-Cabernet Franc Single Vineyard 2007 – Colchagua
Vinho que tem tudo para agradar, acidez ótima, alias, característica boa da Cabernet Franc, taninos presentes e macios, frutas e algo do tostado da Madeira, pois passa 12meses em carvalho francês.
-Cabernet Sauvignon Single Vineyard 2008 – Maipo
Da linha PREMIUM
-Éclat 2007-Maule
-Caballo Loco nº 12 – Central
-Éclat Botrytis Semillon 2007– Curicó
Devo dizer, que vários me agradaram, mas a linha Premium realmente é primorosa com os Éclat, que têm no corte 65% Carignan com idade acima de 90 anos; 20% Mouvedre e 15% Syrah,
passando período de 12 meses em carvalho francês.
O Caballo Loco nº 12-estes rótulos não mostram safra, e sim uma numeração da edição.
Todos são cortes de Cabernet Sauvignon, Malbec, Carmenère e Merlot, e usam sistema parecido com o de solera, usado para o Jerez.
O vinho da safra nova, após o estágio em barril de carvalho francês por 18 meses, é cortado com a edição anterior. Desta mescla, 50% retornará para barris para amadurecer, enquanto aguardam a nova edição do Caballo Loco seguinte, e 50% são engarrafados cortados com as edições anteriores guardadas para este fim.
Pode-se dizer que a edição nº 12 contem 50% da edição de 2007 e 50% das edições de 1990 a 2006.
Vinho poderoso, amplo, frutado, floral e mostrando terciários. Em boca algo mineral aparece, os tostados sutis, as frutas se confirmam, equilibrado em álcool, 14,6%, acidez e taninos.
Pensei logo em carnes vermelhas grelhdas e assadas, pois o caramelizado da crosta se harmonizará bem com o dulçor das frutas e da madeira bem dosadas.
Mas a surpresa da noite ainda estaria por vir.
Ao jantar, oferecido no belo e ótimo Restaurante Praça de São Lourenço, com a entrada de folhas frescas, pêras, salmão defumado e amêndoas com molho de framboesa, degustamos o bom Valdivieso Single Vineyard Chardonnay 2005 e foi acertada a harmonização.
Primeiro prato: Tortelli de ossobuco ao próprio molho, com tomatinho confitado, magericão e agrião, degustei o fabuloso Valdivieso Single Vineyard Cabernet Franc 1998.
Espetacular exemplo de quanto um bom vinho sul-americano, vinificado de acordo, o e com uvas de primeira, pode ser longevo. Frutado presente no olfato e em boca, aparecem menta em boca, cânfora no olfato, sua acidez de causar inveja a muito vinho da safra recente, se equilibrava bem com taninos macios e sedosos, ainda presentes, e álcool.
Foi meu vinho preferido, apesar de ser da reserva pessoal.
Segundo prato: Para encarar o Caballo Loco º4 e o Èclat 2002, um Bom-Bom São Lourenço com molho de Malbec, sauté de cogumelos e risoto parmeggiano.
Confesso que o Caballo Loco ganhou o páreo(sem trocadilhos) em harmonização, pois a Cabernet Sauvignon e a Malbec estruturavam para o prato, enquanto o Éclat, tinha na Syrah uma explosão de especiarias.
Para encerrar em grande estilo, a sobremesa, Panna Cotta ao iogurte com frutas frescas e praliné de pistache, foi servida com o Éclat Botrytis Semillon 2007.
O Valdivieso Single Vineyard Cab Franc 1998 não mais me saiu da cabeça desde o meu contato com ele; bom para teste de memórias olfativa e gustativa. Esta família Ravin é assim mesmo, uma família.
Ravin
http://www.ravin.com.br/
Álvaro Cézar Galvão