Meninas e meninos, Semana passada, mais exatamente no sábado, mais uma vez me fizeram a pergunta sobre decantar um vinho; claro que a questão não era exatamente decantar, mas sim aerar, deixar o ar fazer seu trabalho. Respondi da mesma maneira que sempre o fiz que, na maioria esmagadora das vezes, os vinhos apenas precisam de um tempo em taça para se mostrarem. Mas fiz a ressalva que o arejar dos vinhos, por vezes leva tempo na taça para vinhos mais alcoólicos, e que temos que garantir a temperatura, pois estes com o vinho esquentando fora de refrigeração em dias muito quentes, apenas exalarão o álcool, ou quase isto. Faz muitos anos, escrevi sobre isto, quando meu querido amigo, de volta aos palcos paulistanos com maior frequência, Luiz Gentleman Horta, também declinou seu ponto de vista, quando em sua coluna à época, descreve uma experiência sensorial com um vinho decantado (leia-se aerado ou arejado) por diversos meios e tipos de decanteres, chegando à mesma conclusão, e lembro neste post uma experiência que fiz em uma palestra faz alguns anos, e que repito quase que diariamente quando estou degustando vinhos. Abro a garrafa e coloco uma pequena dose em uma taça, com isto aumento um pouco a quantidade de ar em relação ao volume de vinho contido na garrafa e a deixo descansar por uns 15 minutinhos ou por vezes uma meia horinha se o vinho for um dos que são elaborados para serem degustados jovens, ou um pouco mais com os que são mais longevos. Sempre comparo sua evolução cromática e de aromas com o pouquinho da taça também. Cheguei à praticamente a mesma conclusão que o Luiz Horta chegou, de que na maioria dos vinhos, mesmo aqueles mais longevos, com raras exceções como os grandes Bordeaux, Bourgognes, Barolos e Amarones, de que é o suficiente deixar o vinho aerar na taça para extrair o seu melhor, em aromas especialmente. Quando comparado com a taça, esta muitas vezes já “passou” com a quantidade de ar maior que a desejada, coisa, aliás, que devemos ter cuidado, pois o tempo de aeração pode derrubar um vinho mais antigo, mas o que sobra na garrafa está “no ponto”. Até o próximo brinde! Álvaro Cézar Galvão |