Meninas e meninos,
Para comemorar o dia da Cachaça, este destilado tão belo e digno que o Brasil tem o privilégio de ter, segue mais uma postagem sobre ela, aproveitando que ontem, dia 12, fomos nós, jurados do Concours Mondial de Bruxelles- vinhos e destilados no Brasil, convidados para uma bela visita à Destilaria Müller, dona da famosa marca 51.
Os gregos registram o processo de obtenção da ácqua ardens. A Água que pega fogo, água ardente, aparece nos registros do Tratado da Ciência escrito por Plínio, o velho, que viveu entre os anos 23 e 79 depois de Cristo.
Ele conta que apanha o vapor da resina de cedro, do bico de uma chaleira, com um pedaço de lã. Torcendo o tecido obtém-se o Al kuhu.
Foi no século X que Avicena , médico, astrônomo e filósofo árabe, descobriu o processo de destilação do material fermentado.
A destilação produz um líquido composto em sua maior parte por álcool etílico. A palavra álcool tem origem árabe “Al Kuhul” que curiosamente significa fina poeira referindo-se ao sulfeto de antimônio, cosmético muito usado pelos egípcios.
Posteriormente este termo passou a designar qualquer essência como o álcool. Entre o século X e XII, os alquimistas europeus classificaram o produto da destilação como “aqua ardens” literalmente água que pegava fogo.
A água que ardia posteriormente foi obtida com um maior teor alcoólico e foi chamada de aqua vitae, eau de vie em francês e uisqe beatha em irlandês. Esta água da vida ou quintessência era usada pelos médicos como remédio.
Com o avanço da ciência os químicos classificaram os álcoois e sua grande família, o álcool etílico é o composto que nos embriaga.
A famosa reação de fermentação onde a glicose vira álcool é chamada de reação de Gay Lussac, famoso químico francês. Ele deixou sua marca em cada garrafa, pois ao lermos o teor alcoólico usamos a escala que tem seu nome.
Em 1660, uma rebelião de produtores que ficou conhecida como Revolta da Cachaça foi determinante para que a Coroa Portuguesa legalizasse a produção e comercialização da bebida, proibida para que a população consumisse a bagaceira, bebida produzida pelos portugueses a partir do bagaço da uva.
A liberação acontece justamente em 13 de setembro de 1661. Por isso o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) decidiu celebrar a data como o Dia Nacional da Cachaça.
A DEFINIÇÃO DE CACHAÇA
A cachaça é definida pela legislação brasileira como produto alcoólico obtido a partir da destilação do caldo de cana fermentado, devendo apresentar teor alcoólico entre 38% e 48 % de álcool. Por sua forma de produção, pode ser dividida em dois grupos: de alambique e industrializada.
Não confundir com “aguardente” que é a bebida fermentada com graduação alcoólica de 38% a 54% em volume a 20ºC, obtida pela fermentação do mosto da cana-de-açúcar, podendo ser adicionada de açúcar até 6g/l. De 6g/l até 30g/l o produto deverá ter em sua denominação a expressão “adoçada” ·
A bebida é produzida do caldo de cana fresco (garapa) o que resulta em uma composição química própria e traz distintas propriedades sensoriais. Ao cozinhar o caldo da cana, as substâncias presentes no produto, como os aldeídos, ésteres e o álcool superior, são alterados, modificando o sabor sensorial da bebida no paladar.
Segundo dados divulgados pela ABRABE – Associação Brasileira de Bebidas, a cachaça tem apresentado crescimento no mercado internacional, sendo o terceiro maior destilado do mundo.
A bebida também ocupa posição de destaque no mercado nacional, no qual o volume corresponde a 50% no segmento de destilados.
É o segundo maior mercado de bebidas alcoólicas no Brasil, atrás apenas da cerveja.
O faturamento do setor alcançou R$5,95 bilhões em 2013, quando foram produzidos 511,54 milhões de litros da bebida, de acordo com o Sistema de Controle da Produção de Bebidas da Receita Federal – SICOBE, responsável por controlar a produção das principais empresas formais do setor.
De acordo com o Instituto Brasileiro da cachaça – IBRAC, são 40 mil produtores e 4 mil marcas de cachaça no mercado nacional. O IBRAC estima que a capacidade instalada no Brasil seja de 1,2 bilhões de litros/ano.
Fonte: Site ABRABE
www.abrabe.org.br
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão