Meninas e meninos,
Quando escrevo sobre as minhas impressões das participações que tenho em almoços e jantares harmonizados, creiam-me, o faço com o maior prazer.
Porque digo isso?
Pelo simples motivo de que conhecer um vinho acompanhado de uma gastronomia adequada faz com que aquela matemática que só acontece na enogastronomia, 1+ 1+ = 3, ou seja, ambos os fatores isolados têm uma soma, que é melhor e maior quando se alcança o sucesso na harmonização, do que se fossem tomados isolados.
Esta sensação eu tive ontem no belíssimo evento organizado pela sempre competente Cristina Neves, junto à Casa Flora, com suas eficientes e lindas representantes Thais e Renata, que trouxeram-nos a riqueza de humildade e simpatia de José Maria Soares Franco, e seus vinhos Douram.
Ao lado do José Maria, encontramos com o Pedro Lobo, o responsável comercial pela casa J.Portugal Ramos, sócia do empreendimento.
Preciso falar mais?
Mas vou falar sim, porque o jantar foi realizado e harmonizado no agradável Dui da competente e linda Bel Coelho.
Fomos saudados com o branco Marques de Borba 2008, fresco e fácil de beber, já que a Duorum ainda não tem seu branco, pois é um trabalho que apenas começa, tem três anos de vida o projeto.
“Sonho o futuro, trabalhando duro no presente, aproveitando bem o aprendizado do passado”, com estas palavras, do José Maria, creio que resumi tudo!
Para acompanhar a entrada, Salada mesclun, figo fresco, Saint Agur, macadâmias e vinagrete de mel frutado, o branco Marques de Borba ficou muito maior que antes.
Também com a espuma de batata trufada e crispy de Jámon Serrano encarou bem e não fez feio. Para o carré de cordeiro ao molho de mostarda Dijon e riso al salto de mandioquinha, o Duorum Reserva 2007 e também o novíssimo 2008.
Ambos se saíram perfeitamente, com ligeira vantagem para o da safra 2008, em meu modo de ver elo leque aromático e seu potencial futuro.
Ambos têm um corte muito semelhante:
Touriga Nacional 40%; Touriga Franca 40%; Souzão 10% e Tinta Roriz 10%. O 2008 é muito mais floral, e para meu espanto, com pêssegos no olfato, frutas como morango e cereja, com complexidade aromática maior que o 2007, já mais evoluído, até pela ano a mais, e talvez ganhe em acidez para a gastronomia.
Esta acidez do 2007 se fez valer quando fomos brindados com a costela de porco ao molho de mel de engenho, purê de abóbora e quiabos crocantes passados no fubá. Desta feita foi o meu preferido com o prato.
José Maria sempre faz menção que em todos os vinhos, são usadas uvas cultivadas em cotas altas e baixas, e para quem conhece a topografia do Douro, sabe o que isso significa.
Realmente temos cortes diferenciados por este detalhe, coisas que a experiência de 33 anos de Douro lhe conferem, além de estar à frente do mítico Barca Velha por 28 anos, querem mais?
Tem mais, pois nos serviu dois grandes Vintages, o 2007 e novamente o novíssimo 2008.
Novamente escolhi o 2008 como o meu favorito, e a explicação é a de que nesta safra as uvas tiveram que permanecer nos pés por mais 30 dias do que o habitual, para amadurecimento total fenólico, dando mais corpo e complexidade às mesmas.
Um excelente porto que daqui alguns anos mais será creio eu, reverenciado.
Parabéns aos envolvidos na organização, pois raramente vejo uma harmonização tão completa e bem feita, desde as entradinhas até a sobremesa, um suflê de chocolate belga com sorvete de avelãs.
Dui Restaurante
www.duirestaurante.com.br
Casa Flora
www.casaflora.com.br
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão