Meninas e meninos,
Reza a lenda que as cepas Merlot e Carménère foram durante muito tempo confundidas entre si, coisa meio difícil de crer, principalmente em virtude da coloração das folhas da Carménère, que no Outono são carmins.
Mas o que importa, é que sim, foi preciso um grande estudioso, o ampelógrafo Jean Michel Boursiquot se debruçar em estudos sobre a grande diferença em tempo de amadurecimento em plantações de vinhas que tinham Merlot e outra variedade, que mais tarde foi classificada como sendo a Carménère.
Segundo a Wikipédia, ampelografia a é a disciplina da botânica e da agronomia que estuda, identifica e classifica as variedades com base na descrição morfométrica das características dos vários órgãos da planta, no nosso caso a videira.
As características observadas incluem forma e coloração das folhas, dos cachos e bagos de uva e a morfologia das estruturas apicais dos rebentos da videira.
Para padronizar as observações, a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIVV) estabeleceu os 88 descritores que devem ser obtidos num estudo morfométrico para o registo de uma casta.
Pois bem, Boursiquot identificou que a Carménère, considerada extinta devido à praga da filoxera, reinava em meio à Merlot, e foi na Viña Carmen que se deu este fato, originado então uma mudança de comportamento no Chile e no mundo, pois Viña Carmen comercializava “a variedade de Bordeaux que ninguém tinha mais”.
Para comemorar este feito que há 22 anos ocorreu, a Viña Carmen promoveu um belíssimo evento, onde o vinho Lustros, que tem este nome significando o período de cinco anos, com o rótulo IIII Lustros Carménère, vinificado com uvas de Alto Jahuel, mesmo terroir onde foi “redescoberta” a Carménère, comemorando duas décadas deste feito que mudou a visão do mundo em geral e do Chile em particular, de onde, aliás, provém a maior quantidade de área plantada desta cepa.
Foi também determinado o dia 24 de Novembro, como o Dia Mundial Carménère, que é comemorado no dia de meu aniversário, vejam que nasci sob a insígnia de um dia comemorativo de uma cepa de uva!
Voltando ao evento promovido pela Mistral, a importadora dos vinhos da Viña Carmen, o enólogo da vinícola Adolfo Bravo, comemorou o feito em conjunto com o Hotel Tivoli Mofarrej, que desenvolveu com o Chef executivo um cardápio harmonizado e decidido em conjunto com a sommelière do hotel Gabriele Frizon.
Os vinhos apresentados fora das seguintes linhas:
Carmen Premier com o Chardonnay para as boas vindas e depois o Carménère 2015.
Carmen Insigne 2015
Carmen Gran Reserva Carménère 2013
Carmen Winemaker’s Reserve Carménère Blend 2009
IIII Lustros 2012.
Todos os vinhos são excelentes, mas como sempre falo sobre os que mais me impressionam, não posso deixar de citar dois deles.
O que mais me deixa assombrado com o equilíbrio delicado entre corpo aveludado e untuoso, álcool na medida e fruta bem colocado, junto ao frescor imprescindível, é sempre o rótulo Winemaker’s.
Por ter em seu corte 10% de Carignan e 5% de Cab. Sauvignon, o blend é admirável.
Vinificadas em separado, 14 meses de barricas francesas que não se sobressaem no equilibrado conjunto, garanto ser este um vinho que pode ampliar o leque de uma harmonização à mesa.
Para mostrar isto, a estação que o apresentou tinha: quirela cremosa com queijo Taleggio e ragú de vitela.
O outro rótulo que sempre gosto é o ótimo Carmen Gran Reserva Carménère.
Para deixar um gostinho de Natal, a estação que tinha a Barriga de porco cozida a baixa temperatura, chutney de manga e funcho laminado, combinava perfeitamente com todos os vinhos apresentados, além de ser, no quesito gastronomia, um show de maestria e combinação de sabores e texturas.
A linha Premier é o mais novo lançamento da Viña Carmen, e um belo exemplo de qualidade X preço. Parabéns Mistral por ter em seu catálogo a Viña Carmen, que está de parabéns pelos belos vinhos e bom trabalho que meu amigo Jorge Arias, embaixador da marca, faz em conjunto com o pessoal de marketing, assessoria de imprensa e comercial da Mistral.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão