Meninas e meninos,
Quantas vezes aqui me expressei como um caipira de coração já perdi a conta. Adoro o jeito como as coisas transcorrem no interior, e quando digo interior, serve para dizer no âmago das coisas simples, mas serve também para dizer sertão, pequenas cidades pouco habituadas às mudanças, a vida rural etc…
Começo a descrever uma visita que fiz a uma cidade em Goiás, Pirenópolis, que há muito queria visitar, e que pretendo voltar em breve, pois não vi tudo, não visitei todos, não provei de tudo, mas o pouco que vi me garante a sólida vontade de retornar.
Fui conhecer, mas sem tempo de provar as delícias do que a proprietária da Fazenda Babilônia faz que me levam a um tempo que começou mais de dois séculos antes, em 1800 mais precisamente, como está gravado na tabuleta de uma das entradas, e que foi um promissor engenho de cana de açúcar com mais de duzentos escravos, o que para a época era um sinal de riqueza.
Tombada como Patrimônio Nacional pelo IPHAN; aqui faço uma advertência que me foi dita pela Telma: que o tombamento é completo, por dentro e por fora, e inscrita no Livro de Belas Artes, seu casarão colonial está magnificamente conservado.
Tem tanta coisa bela para se ver que uma visita de poucas horas como eu fiz não deu para ver tudo e a amplitude do significado da conservação do patrimônio que os atuais proprietários fazem questão de preservar. Uma capelinha linda em honra e glória a Nossa Senhora da Conceição está do jeitinho que era na sua construção.
Um belo assoalho de madeira, os forros pintados com as imagens de São Joaquim e de Santana, como descrevo o site da fazenda, emolduradas por elementos artísticos barrocos. O altar, estreito e ao fundo, é encimado por um pequeno nicho onde se encontra a imagem de Nossa Senhora da Conceição sobre um retábulo todo de madeira.
Uma das coisas que Telma me chamou a atenção para observar, é que na janela com treliças e que de onde se avista a sala, e, portanto da sala se avista o altar, era uma das maneiras de “olhar” as damas que frequentava as missas, que assistiam acomodadas na sala, os homens assistiam, em pé, na varanda, e apenas o padre ficava dentro da capela-também no site tem uma citação.
Quanto à gastronomia, Telma me disse com toda a justiça que nada mais nada menos, pratica o slow food de época, convergindo para os preceitos de Carlo Petrini que prega maior apreciação da comida, melhorar a qualidade das refeições e uma produção que valorize o produto, o produtor e o meio ambiente, todas as receitas praticadas e executadas na fazenda Babilônia seguem os “cadernos de receitas da família” ou de famílias que as passaram para a atual proprietária, seguindo à risca com produtos e maneira de execução.
Vejam como uma das descrições que achei no site do movimento e que descreve slow food bate totalmente com o pensamento que Telma executa na Fazenda Babilônia: “Comer é fundamental para viver. A forma como nos alimentamos tem profunda influência no que nos rodeia – na paisagem, na biodiversidade da terra e nas suas tradições. Para um verdadeiro gastrônomo é impossível ignorar as fortes relações entre prato e planeta. Além disso, melhorar a qualidade da nossa alimentação e arranjar tempo para saboreá-la, é uma forma simples de tornar o nosso cotidiano mais prazeroso” – site Slow Food
A Fazenda Babilônia faz um resgata antropológico da culinária regional com suas receitas tradicionais e que são servidas no Café Sertanejo com mais de 30 variedades entre salgadas, com variadas carnes, queijos e o que chama de quitandas, além de sucos naturais com frutas do quintal e o melado de cana da fazenda, é só procura os contatos no site e depois desfrutar da riqueza da viagem, do turismo, da história e da gastronomia centenária.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão