Meninas e meninos,
Todas as vezes que falo sobre cachaças, e até hoje, abro a aula com esta pergunta: Quem sabe o que é cachaça levante a mão, e quase todos sempre levantam suas mãos pensando que aquilo que sabem sobre este nobre destilado é o bastante.
Para ver mais veja em Divino Guia
Umas observações sobre a bebida antes de falar da Cachaça Trade Fair:
1-A crescente busca de qualidade desafia todas as etapas do processo de produção, inclusive o plantio e o envase do produto.
2-O produtor deve escolher as variedades que melhor se adaptem ao solo, período de safra e clima de sua região, levando em conta as características de produtividade, riqueza em açúcar e facilidade de fermentação. 3-A cana-de-açúcar deve ser colhida madura, com teor de brix (taxa de concentração de açúcar) superior ou igual a 16º, cortada a facão, com a separação da ponta e da palha. Não se queima a palhada para colher a cana-de-açúcar. Apesar de destinada a facilitar a colheita, a prática de queimar os canaviais é um fator prejudicial à qualidade da cachaça. Tal conduta acelera a deterioração da cana-de-açúcar, ainda no campo, pela inversão mais rápida da sacarose em glicose e frutose. Além disso, acarreta o acúmulo de cinzas nas dornas de fermentação, interferindo negativamente no processo fermentativo. No que se refere ao paladar da cachaça, identifica-se com certa facilidade o gosto de queimado, que deprecia a qualidade do produto.
4-O transporte da cana-de-açúcar deve ser realizado simultaneamente ou logo após o corte. Em seguida, a cana-de-açúcar é empilhada em depósito próprio e deve ser moída no prazo máximo de 24 horas depois de colhida. O local deve ser coberto, de maneira a proteger contra sol e chuva, e fresco, para evitar perda de água por transpiração. O armazenamento da cana-de-açúcar além de 24 horas e em locais inadequados provoca perdas no teor de açúcar por respiração e transpiração.
5-O caldo é filtrado e decantado para a retirada de impurezas como o bagacilho (fragmentos de cana ou bagaço) e a terra. Quanto mais limpo for o caldo destinado à fermentação, menores as chances de contaminações indesejáveis e melhor a qualidade da fermentação. O ajuste do teor de açúcar do caldo deve ser feito de forma a atingir o ponto ideal de fermentação, entre 14º e 16º brix, através da adição de água potável. Teor de açúcar acima de 15º brix acarreta fermentação mais lenta e frequentemente incompleta, além de dificultar a multiplicação do fermento. 6-Quando se destila o caldo com fermentação incompleta, ocorrem incrustações no alambique e formação de furfurol (ou óleo fúsel), que provoca aroma e gosto indesejáveis na cachaça. Teor de açúcar abaixo de 15º brix permite fermentação mais rápida, sendo importante na etapa de multiplicação do fermento. Entretanto, acarreta uma diminuição no rendimento industrial.
7-Uma das principais características da cachaça artesanal é a utilização de nutriente natural, ou seja, ausência de qualquer produto químico no processo de fermentação. O agente fermentativo natural da cana-de-açúcar é a microbiota (micro organismo que é agente fermentativo natural da cana-de-açúcar) natural, que a acompanha desde a lavoura. Na microbiota predominam as leveduras, e ainda está contida grande quantidade de bactérias.
Mas, voltando à Cachaça Trade Fair, apesar do alto consumo interno, sua presença internacional é desestruturada e com poucos resultados efetivos e esforços privados e estatais recentes elevaram os níveis de qualidade, que ajudaram na conquista de prêmios em concursos mundiais.
Nos níveis de qualidade que atingiu, a Cachaça merece mercados local e mundial bem mais desenvolvidos e o Cachaça Trade Fair abre espaços para o desenvolvimento do mercado revelando a evolução positiva da Cachaça para os mercados local e mundial.
No maior centro de negócios do país, em dois dias exclusivos com degustações assistidas, palestras, workshops, espaços para negócios, produtores de todo o Brasil poderão expor, vender e abrir mercados para esse “novo produto” que, mesmo antigo, vive grande fase de consolidação e o reconhecimento conquistado pela Cachaça em espaços gastronômicos e etílicos pelo mundo podem e devem alavancar as exportações.
Fontes: Monografia “DO ENGENHO À PALAVRA: uma breve etnografia da cachaça”
Ana Aparecida Soares e Carolina Ferreira de Souza
Cachaça Trade Fair- 11 4617 3591, 11 99258 9725, 21 98810 0851 (Rio de Janeiro) ou contate [email protected]
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão