Meninas e meninos,
Quem ainda duvida dos vinhos brasileiros como realidade, é porque ou não entende e bebe rótulos, ou porque quer comparar o que se torna incomparável, pela única diferença de serem terroirs distintos.
Sim, como já externei muitas vezes, comparar Merlots feitos na Itália, China, Grécia, Brasil, como os Merlots franceses, é pura fantasia; claro que serão distintos.
Gostar ou não é de foro íntimo e nem se discute.
Não beber porque não gosta, ok, mas não beber sem nunca ter provado, ou seja: já bebeu? Não, mas não gosto, está fora de questão!
São sim longevos como tantos outros bons vinhos feitos pelo mundo os nossos vinhos brasileiros.
Eu mesmo já fui testemunha de muitas ocasiões memoráveis bebendo vinhos ótimos feitos nos anos da década de 1990, por exemplo.
Vendo uma postagem da Máximo Boschi, falando de uma aula-harmonização ocorrida na ABS-RS, onde foi degustado um Cabernet Sauvignon 2000 desta vinícola, me lembrei de uma ocasião onde degustei vinhos da Máximo Boschi em 2008, com seu Merlot 2000 e um Chardonnay 2004.
Vejam o que escrevi à época:
Degustei ao longo destes dias, o Chardonnay 2004 e o Merlot 2000.
Em ambos, senti a qualidade técnica da vinificação e a preocupação de fazerem vinhos de alta qualidade.
O MAXIMO BOSCHI CHARDONNAY 2004, já um tanto amarelo dourado, indicando vinho com algum envelhecimento, apresenta-se límpido e transparente, aromas lácteos lembrando queijo Brie, com um floral marcante, e compota de abacaxi. Acidez um tanto apagada, mas ainda fresco, sem nenhum amargor e confirmando em boca o floral, lembrando mel.
Delicioso, mas um vinho que deverá ser tomado já para as pouquíssimas garrafas que restaram, pois foram envasadas cerca 1200 delas.
MAXIMO BOSCHI MERLOT 2000, apesar de saber de antemão de sua passagem de 12 meses por carvalho francês e de outro tanto envelhecendo na garrafa, sua cor não demonstra a idade que tem. Foram produzidas 3920 garrafas e a que degustei tem o número 1259.
Ainda bastante escuro, límpido, brilhante, com aromas de frutas compotadas e floral pronunciado, equilíbrio entre álcool(12,8%), taninos e acidez.
Muito bom mesmo, sem amargor e com muita persistência.
Estou aguardando a oportunidade de provar as novas safras desta vinícola, e seus outros vinhos.
Se forem na mesma toada, são sérios candidatos a estarem sempre dentre os melhores de nossa produção.
Um pouco da vinícola:
DESCRIÇÃO DE ELABORAÇÃO GERAL DE VINHOS
1. Plantio-É feito em “terroir” adequado através de mudas importadas e selecionadas dos melhores viveiros da Europa. A condução do vinhedo é feita no sistema de espaldeira e semi-latada obtendo dessa forma uma matéria-prima de excelente qualidade.
Durante o ciclo vegetativo é realizado um cuidadoso manejo do dossel vegetativo, como: desfolha, desbrote e retirada dos cachos em excesso, tudo para alcançar uma produtividade por planta de 2 a 3 kg. Com isso obteremos uvas ricas em açúcares e compostos polifenólicos (cor intensa e taninos aveludados).
2. Recepção da uva (desengace e esmagamento)-A colheita da uva é feita manualmente selecionando-se apenas os cachos que se encontrarem em perfeitas condições para a vinificação.
A uva é transportada em caixas plásticas de quinze quilos (15kg) perfuradas, para que, se houver o rompimento de grão/baga, o mosto não fique dentro da caixa, evitando a transformação físico-química e a formação de compostos indesejáveis. A uva é desengaçada (separação da baga do cacho) e colocada em pequenos tanques para começar o processo de elaboração.
3. Fermentação Alcoólica (maceração)-A fermentação começa após as uvas estarem nos tanques com a presença das películas para fazer a maceração pelicular.
Todo processo é realizado com leveduras selecionadas, o que proporciona ao vinho caráter, personalidade, aromas mais acentuados, coloração mais intensa e de grande estrutura fenólica.
A maceração tem duração de oito (8) a quinze (15) dias onde, durante esse período se procedem às remontagens e as delestagens variando o tempo e a quantidade por dia conforme o estágio da maceração. Estes processos garantem que o futuro vinho tenha grande estrutura tânica e intensa coloração. A temperatura de fermentação varia entre 22 a 25ºC.
4. Descuba-Consiste na separação da parte líquida (vinho) da parte sólida (casca e sementes). O líquido seguirá o processo de elaboração. As cascas seguem para a prensa para retirarmos o pouco de líquido/vinho e após podem ser usadas para a adubação orgânica ou na elaboração da “Grappa”. As sementes podem ser usadas nas indústrias de alimentação (óleo) ou cosméticos.
5. Fermentação Malolática-Essa fermentação que se procede através do auxílio de bactérias láticas selecionadas, é fundamental para um vinho tinto, pois com a degradação do ácido málico em lático vamos ter mais maciez e harmonia no vinho, assim podendo desfrutar dos bons taninos condensados que a uva nos oferece, ficando o vinho denso e elegante.
6. Transfega-Como o vinho não sofre nenhum tipo de filtração, a cada dois (2) a três (3) meses é trasfegado (mudança de barrica ou tanque) para serem retirados do fundo das barricas ou tanques alguns sedimentos que se formam durante a maturação do vinho.
7. Maturação-É uma etapa muito importante num grande vinho e é feita em barricas de carvalho francês por um período de doze (12) meses. É nesse local que ocorre o processo de polimerização dos taninos com os antocianos formando um composto estável e harmônico, dando maciez e suavidade, mas mantendo a estrutura e passando os bons aromas de tostado e café que as barricas proporcionam.
8. Engarrafamento-É feito em equipamentos modernos de última geração garantindo que no futuro não haverá problemas. Todas as garrafas são novas evitando possível contaminação do vinho. As rolhas importadas e naturais nos dão a garantia que o vinho consiga suportar o longo período na garrafa.
9. Envelhecimento-É um estágio de suma importância onde as garrafas permanecerão por um período de no mínimo dezoito (18) meses em caves especiais, na posição horizontal, ao abrigo da luz e com a temperatura controlada, para haver a lapidação final dos taninos deixando os vinhos mais macios, agradáveis e, nesse momento, ocorrerá a formação do “bouquet”.
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Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão