Meninas e meninos
Ontem em Bento Gonçalves-RS, foi oficialmente aberto o 39º Congresso Mundial da Vinha e do Vinho, é a primeira vez que este importante congresso é realizado em território brasileiro. Na foto a presidente da OIV Monika Christmann- crédito de Idovino Merlo.
Em Maio deste ano, anunciei a abertura do recebimento dos trabalhos para apresentação no evento, 39º Congresso Mundial da Vinha e do Vinho, que seria realizado de forma inédita no País, no município de Bento Gonçalves em Outubro de 2016, agora anuncio a abertura:
O 39º Congresso Mundial da Vinha e do Vinho foi aberto oficialmente na manhã desta segunda-feira (24), em Bento Gonçalves, com a presença do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, e da presidente da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), Monika Christmann. É a primeira vez que o Brasil sedia o evento mais importante do setor vitivinícola mundial.
E já satisfeito fico ao saber que de pronto as autoridades brasileiras fora informadas do pleito de apoio para incluir vinícolas no Simples, e o Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, presente na ocasião, garantiu que vai interceder junto ao Governo Federal para incluir o setor no regime simplificado de tributação.
Ele também destacou a preocupação do ministério em incentivar o aumento da exportação de vinhos.
A inclusão das micro e pequenas vinícolas no Simples Nacional é um anseio desde há muito, pois irá facilitar para as vinícolas que se enquadrem.
Maggi comparou o pioneirismo da região na produção vitivinícola com a realização do encontro na Serra Gaúcha. “O Congresso vai trazer subsídios que deverão ajudar o vinho brasileiro a se qualificar ainda mais para crescer num mercado cada vez mais exigente e de maior volume”, acredita.
O titular da pasta afirmou que uma das linhas de trabalho da sua gestão no Mapa é criar condições para aumentar a exportação dos produtos vitivinícolas brasileiros. “É uma alternativa para expandir mercados e incrementar a renda dos produtores”, disse.
A presidente da OIV, Monika Christmann elogiou a organização do 39º Congresso e lembrou-se da relação com o país que iniciou há 12 anos com a vinda para uma apresentação na Embrapa para o 1º Simpósio Vinho e Saúde. “O Brasil superou nossas expectativas e está de parabéns pela organização deste evento”. Monika deu, ainda, as boas-vindas ao México, novo país membro.
O presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Dirceu Scottá, foi o primeiro a pedir apoio ao ministro Blairo Maggi para que interceda junto ao presidente Michel Temer na decisão de sancionar a inclusão das vinícolas no Simples Nacional, quando destacou a evolução da qualidade do vinho brasileiro nos últimos 20 anos que, segundo ele, credenciando o país a sediar o evento mais importante do setor vitivinícola mundial.
“Temos alguns desafios que precisamos superar para sermos mais competitivos. Entre eles está a ampliação da cultura do vinho para elevar o consumo per capita que hoje é cerca de 2 litros, a desoneração e simplificação da tributação e ainda a superação de desafios logísticos que são enormes devido às dimensões continentais do Brasil”, resumiu.
O prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, deu as boas vindas e agradeceu aos órgãos federais e estaduais que disponibilizaram recursos para a realização do Congresso. “Algo que parecia inatingível virou realidade. É a verdadeira Copa do Mundo do vinho, um evento que valoriza a produção do município, os viticultores, agricultores familiares e empreendedores que fazem da bebida um dos pilares da nossa cultura e da economia”, disse.
“São mais de 15 mil famílias, 650 estabelecimentos, em sua maioria pequenos produtores familiares, e mais de 90% da produção do vinho brasileiro é do nosso estado” comentou o vice-governador do Rio Grande do Sul, José Paulo Dornelles Cairoli, que ainda citou o Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura (Fundovits) como uma ferramenta importante para a viabilização de investimentos diretos na cadeia produtiva, na promoção e no desenvolvimento da produção gaúcha.
A cerimônia de abertura encerrou-se com a apresentação de dados da vitivinicultura mundial e brasileira pelo diretor executivo Jean Marie Aurand e pelo coordenador do Congresso José Fernando Protas, respectivamente.
Aurand mostrou a queda na produção de uva e vinho que, segundo ele, foi uma das menores das últimas décadas. “Tivemos uma série de problemas climáticos, principalmente na América do Sul, além da diminuição da área plantada em países da Europa, como França e Itália”, ilustrou, elencando ainda mudanças no comportamento do consumidor europeu e o aumento de consumo de vinhos em países como China, Estados Unidos, Austrália, China e Chile. “Desde 2008, a crise econômica mundial vem impactando negativamente o consumo per capita nos principais mercados”, informou.
O pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, José Fernando Protas, integrante da Comissão Organizadora do Congresso, apresentou os número da produção vitivinícola brasileira. Ele demonstrou a diminuição da produção de vinhos de mesa (elaborados a partir de uvas americanas e híbridas) de 239 milhões de litros em 2011 para pouco mais de 200 milhões em 2015.
Destes, segundo Protas, cerca de 50% são vinhos engarrafados, com maior valor agregado e com alto padrão de qualidade. O pesquisador citou ainda a estabilidade na produção e comercialização de vinhos finos e a tendência de crescimento contínuo de produção de espumantes e sucos de uva prontos para o consumo. “Estas alterações exigem uma qualificação cada vez maior, maior aporte em tecnologia e o apoio governamental para dar condições para o desenvolvimento do setor”, finalizou. Também na ocasião, os dirigentes do Ibravin entregaram ao ministro da Agricultura com reivindicações do setor, duas cartas.
O primeiro documento solicita o apoio do ministério para que sejam criadas melhores condições quanto à Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), com a disponibilização de R$ 300 milhões para o financiamento de estocagem e comercialização, com recursos controlados e a permissão para uso de 30% dos limites de crédito do Financiamento para Garantia de Preço ao Produtor (FGPP), para que as empresas que produzem uva possam financiar sua própria produção, sem ampliar o limite individual de R$ 40 milhões.
O documento também reivindica que os financiamentos possam ter como garantia os produtos elaborados – sucos, vinhos ou espumantes.
No outro documento está o pedido para que o ministério viabilize o Cadastro Vitivinícola nacional, justificando ser esta é uma das mais importantes ferramentas para o controle e a fiscalização do setor vitivinícola, prevista na legislação.
Tal instrumento se constitui de um sistema que permite aos vitivinicultores declararem anualmente a produção de uvas e, mensalmente, a elaboração e comercialização de derivados da uva e do vinho, e tem como objetivo, dar a conhecer toda a produção de uvas, vinhos e derivados da uva e do vinho em todo o país, além de adequar todos os produtores às exigências da legislação e aos controles necessários para que possam competir no mercado de maneira equitativa, justifica o documento.
Fotos: Idovino Merlo
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão