Meninas e meninos,
Em tempos de manejo sustentável, sempre vem a pergunta sobre as rolhas de cortiça se estas são ou não uma verdadeira agressão aos Sobreiros, as árvores que fornecem suas cacas, a cortiça.
Posso dizer sem medo de errar que ninguém mais tem interesse na preservação e conservação adequadas destas árvores, do que aqueles que as cultivam, e, por conseguinte os trabalhadores nesta pujante indústria.
Os produtores exaltam as qualidades vedantes deste tipo de fechamento das garrafas, vejam na íntegra trecho extraído de um release da APCOR- Associação Portuguesa de Cortiça:
“Acreditamos que nossos Tawnies evoluem com o tempo em garrafa. Por isso, temos que assegurar as condições apropriadas para que envelheça corretamente, e, nesse processo, a rolha tem enorme importância”, diz Dirk van der Niepoort, um dos maiores produtores de vinho do Porto.
Já o enólogo australiano David Baverstock, que assina os principais vinhos da Herdade do Esporão, fala da importância da rolha adequada a cada tipo de garrafa: “Cada marca do nosso portfólio tem um molde de garrafa diferente. Se a rolha for bem estudada, garante a vedação perfeita, o estágio perfeito e sua consequente evolução com a formação do tão apreciado bouquet”.
Carole André, da Cheval Blanc, um dos ícones de Bordeaux, diz preferir a rolha de cortiça pela confiabilidade do produto e também por ter a certeza de que a cortiça, em contato com o vinho, vai ajudando este a melhorar com o passar do tempo. Carole dá três argumentos para a preferência pela cortiça: “Ela é natural, possui vitalidade e excelência”.
Mas como é o processo de produção destas rolhas? Começamos com um pouco da história, que nos leva aos idos do ano de 1750, em Angullane, na Catalunha-Espanha. Em Portugal, tem início esta história em Santiago do Escoural, perto de Montemor-o-Novo, mas na verdade, Portugal só se assumiu como o principal produtor de rolhas a partir dos anos 30, do século XX.
As fases de produção constam de primeiramente do Descortiçamento, que é a retirada da casca do Sobreiro, feita por gente especializada e no começo do verão.
Depois vem a Cozedura, e caldeiras, para ajudar na eliminação de impurezas e tornar a cortiça mais maleável, esta etapa vem sofrendo grandes avanços em tecnologia e controle.
Em seguida vem a Brocagem, que nada mais é que perfurar as placas de cortiça de acordo com os tipos de rolha determinados pela qualidade das placas de cortiça, nas medidas adequadas, definindo-se o comprimento das rolhas.
Depois vem a desinfeção na Lavação, onde o próprio nome diz, é feita limpeza dos poros, desempoeiramento, coloração quando necessário e ajuste da humidade.
Agora vem uma etapa de suma importância, a Escolha, onde as rolhas são classificadas em classes. Estas podem ser em Extra, Superior, 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5/6ª, após esta última, o que restar é destinado para lenha, e normalmente as classes melhores são aproveitadas para os engarrafamentos de maior responsabilidade, as de 2ª e 3ª classes para vinhos correntes, assim como as restantes, ainda que sujeitas a um processo de colmatagem.
Depois temos a etapa de Marcação, onde são impressa nas rolhas as marcas dos clientes, identidades visuais etc… Ainda se tem a etapa de Tratamento de superfície, com aplicação de produtos que são inofensivos à saúde, onde temos variados processos, para que as rolhas sejam realmente garantia de vedação ,sem fissuras e contaminantes.
Ao termino, temos Embalagem, onde são encaminhadas aos compradores, em caixas com sacos de plástico à vácuo contendo até 1200 unidades, e ainda são protegidas por desinfeção de anidrido sulfuroso-S02.
Produto multifuncional, a cortiça também tem forte participação em outras áreas de nossa vida, como na arquitetura e decoração (como isolante térmico ou sonoro), na moda (de sapatos a vestidos, passando por acessórios) e até na ciência (foguetes espaciais). Além de ser um produto altamente ecológico, sustentável, renovável e reaproveitável.
Portugal é líder mundial na produção de cortiça, responsável por 65% da cortiça comercializada no mundo, exportando para mais de 100 países, cujo valor corresponde a 2% das transações comerciais internacionais portuguesas. Qualitativamente, também Portugal é líder na produção de rolhas, sendo a preferida das principais vinícolas do mundo.
obre a APCOR
A Associação Portuguesa de Cortiça (APCOR) foi criada para representar e promover a Indústria de Cortiça Portuguesa e que nasceu em 1956, em Santa Maria de Lamas, conselho de Santa Maria da Feira, no coração da indústria da cortiça.
A APCOR possui mais de 270 associados, que representam 80% da produção nacional e 85% das exportações de cortiça e que cobrem todos os subsetores da indústria – preparação, transformação e comercialização.
Promover e valorizar a cortiça e os seus produtos, assim como representar e apoiar as empresas do sector nos mais variados domínios são os objetivos da APCOR. Suas principais áreas de intervenção: Internacionalização; Inovação e Desenvolvimento; Informação; Serviços de Apoio; Qualidade; Contratação Coletiva; e Cooperação Institucional.
Fontes APCOR E Lusa Wines incluindo algumas das fotos.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão