Meninas e meninos,
Vinhos Bandido Neira da Viña de Neira, mostram uma face desta bodega do Vale de Itata que trabalha além da uva País, a Moscatel de Alejandria no que se designa serem vinhos Pipeños. Vinhos Pipeños, na sua generalidade são os de vinificação o mais natural possível, rústicos mesmo, o que não significa não ter qualidade. Veja aqui sobre Itata.
Na sua grande maioria são fermentados em lagares com leveduras indígenas, ou seja, leveduras que estão na própria vinha, nas casacas das uvas, nos lagares, e geralmente sem filtração ou apenas levemente filtrados. Antigamente, como muitos ainda hoje resgatando este modelo, colocam os vinhos em pipas de Raulí, árvore nativa, e saiam vendendo os vinhos a granel em carroças com estas pipas.
Mais uma vez comento sobre os vinhos Bandido Neira, até porque, meu amigo Felipe Neira está no Brasil, e sempre que posso falo sobre o delicioso espumante de Moscatel de Alejandria que o Felipe me serviu, dentre outros vinhos, quando estive com ele ano passado em uma visita ao Vale de Itata, Itata Profundo.
Com 150 ha de terra e 25 deles plantados com vinhas, bons parte de Moscatel, mas também com Cinsault, e Pinot Noir, por incrível que possa parecer, a cepa País é a que menos têm, mas chegam aos 80 anos ou mais na propriedade.
Vi cepas de País em outras vinhas do vale de Itata com mais de 250 anos, e segundo José Neira e Beth, pais de Felipe há algumas chegando aos 300 anos. Por falar nisto, a família Neira descende do famoso Bandido Neira que nomeia os vinhos, há 11 gerações, e a propriedade a qual descrevo, pertence aos familiares Neira há cinco gerações.
Como curiosidade, Neira comentou sobre a variedade Mollar, uma variedade da cepa País, que estão plantando, mas esta somente serve para o Pisco. Degustei o Moscatel Pipeño que me lembrou muito no olfato a manga verde, e fim de boca lembrando o Pisco que adoro.
Também o Cinsault Bandido Neira muito mineral, quase salino, muito interessante e distinto; o Cabernet Sauvignon Bandido Neira utiliza as leveduras indígenas da cepa Cinsault para dar o início da fermentação, e depois as leveduras selecionadas entram em ação e o resultado é muito bom.
Uma curiosidade que Felipe me contou é que o C.S utiliza um sistema de cubagem chamado DESPICHE aberto, qual seja ramos de carvalho nativo e quartzo ao fundo das cubas como se fosse um estrado, ficando duas semanas assim, e a supervisão do despiche é do enólogo Claudio Barra.
O espumante Moscatel Bandido Neira é sensacional, também dá o inicio da fermentação com leveduras indígenas e depois com as selecionadas, ficando sur lie por 37 meses. Borbulhas finíssimas, floral encantador, um frutado maduro em boca, longo, persistente. Gostei muito e fiquei sabendo que o espumante e o Moscatel tranquilo são feitos por Felipe e os outros vinhos pelo pai o Sr. José Neira.
Também degustei o Late Harvest Bandido Neira, acidez mediana, floral, frutado, equilibrado com o dulçor, e depois de algum tempo as frutas secas surgem, e com este vinho fechamos as visita que recomendo fortemente.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão