Meninas e meninos
Cia de Brassagem Brasil Onça-Preta e Suçuarana, foram cervejas lançadas ao final do ano passado, sendo ambas IPA. Mas antes de tudo, preciso aqui fazer uma referência ao que seja esta bebida “cerveja” e seus estilos.
Claro que ao lembrarmos de “cerveja” pensamos na loira gelada, mas nem sempre ela será loira, e quase nunca gelada(me refiro ao imaginário popular) quase congelando. As cervejas, mesmo a tão consumida no estilo Pilsen, e nem preciso dizer que aqui estamos falando das cervejas diferenciadas, ditas Premium, precisam ser consumidas na temperatura correta.
Uma pequena observação se faz necessária: a sensação térmica do dia ou noite em que degustamos a cerveja também influi, se estivermos em um dia calorento, por volta dos 30º C ou mais, uma temperatura de -2ºC será sentida de forma distinta do que num dia que apresente temperatura ao redor dos 15ºC, por exemplo.
Mas vamos tentar dar uma ideia das temperaturas de serviço:
De –2º a 4ºC-para cervejas mais leves como as Pilsen, por exemplo, e que não ultrapassem muito os 5% de álcool.
De -2º a 6ºC para as cervejas de trigo, e todas elas que apresentem bastante acidez, como as Lambics-sempre respeitando também o grau alcoólico.
De -2º a 10ºC para as cervejas de maior complexidade como as IPA em todas as suas variações, as Porter etc…, que tenham um teor alcoólico maior.
Dito isto, breve relato sobre o estilo IPA-Indian Pale Ale- diz a história, nasceu da necessidade de ter a cerveja que chegava às Indias ainda fresca, ou quase! Por isto este estilo aumenta a proporção de lúpulo, um conservante natural, e aumenta também o teor alcoólico.
Depois, com a modernidade das câmaras frias, esta necessidade perdeu o sentido, mas como o estilo agradou muito, este continuou e ainda deu margem para mais variações. Aqui cabe uma curiosidade: Pale significa pálido, então as Black como ficam?
Abaixo alguns estilos(os mais conhecidos) criados a partir da IPA originalmente elaborada:
English IPA: A versão original! Malte remetendo a biscoito e caramelo, lúpulos ingleses e amargor pronunciado, mas bem equilibrado. American IPA; Imperial IPA (Double IPA); Belgian IPA; Indian Black Ale ou Black IPA.
Voltando ao nosso tema, as cervejas da Cia de Brassagem Brasil Onça-Preta Black IPA e Suçuarana Double IPA que provei, são muito boas e agradáveis. A que mais me agradou dentro do estilo IPA foi a Onça-Preta. Gosto das mais escuras e com IBU mais elevado. A Suçuarana até tem IBU maior, mas para meu paladar, a Onça-Preta me pareceu mais equilibrada com teor alcoólico menor.
Aqui observo novamente o quão importante é degustar no conforto de temperatura padrão. No dia que degustei as duas cervejas, a temperatura estava próxima dos 33ºC, o que pode levar a cerveja com maior teor alcoólico a ser preterida.
Como costumo dizer seguidamente nos vinhos; temos que degustar ao menos em três ocasiões distintas para aí sim, firmar posição definitiva.
A Onça-Preta me pareceu muito equilibrada, os tostados e caramelo queimado na medica, sutil aroma de chocolate amargo, e fundo cítrico, mostrando boa acidez. Lembro que ambas as cervejas provadas são muito interessantes.
O IPC – Instituto Pró-Carnívoros e a Cia. de Brassagem Brasil lançaram a cerveja Onça-Preta, em uma ação para ajudar a preservação do maior felino das Américas, ótima iniciativa, parabéns aos envolvidos.
“Ao apreciar a Onça-Preta você contribui com a preservação, manutenção e pesquisa dessa espécie, pois parte da renda é destinada ao IPC. A cerveja estará disponível em chope, lata não pasteurizada de 473 ml e garrafas pasteurizadas de 500 ml”, informou Danielle Mingatos, cofundadora da Cia. de Brassagem Brasil.
A cervejaria nasceu da vontade de produzir cerveja e, na sua concepção, de uma pergunta: o que nos dá orgulho do Brasil? Muitas foram as respostas, mas aquela que prevaleceu foi a biodiversidade brasileira. Nesse sentido, a fauna ganhou um destaque importante, pois temos uma variedade enorme de animais, dentre os quais muitos estão em extinção ou em risco de extinção.
O portfólio foi pensado de modo que explorássemos estilos clássicos das quatro escolas cervejeiras Alemã, Belga, Inglesa e Americana, sem perder de vista as potencialidades que o Brasil oferece tais como sementes, frutas, madeiras, para caminharmos na direção da escola cervejeira brasileira.
(11) 98540-4998
Instagram @ciadebrassagembrasilcervejaria
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão