Meninas e meninos,
“Um dos atributos comuns a pessoas ligadas com sinceridade ao Vinho é a generosidade”-Didú Russo; assim começou o e-mail que recebi, onde meu nome estava relacionado para fazer parte de um seleto grupo de degustadores, vejam:
Carlos Cabral, que dispensa apresentações, unido ao casal Lis Cereja e Ramatis Russo, da Enoteca Saint Vin Saint foram os precursores da ideia de chamar um grupo de enófilos apreciadores de vinhos brasileiros, e amigos verdadeiros do vinho, para uma degustação mais que surpreendente-Vinhos brasileiros de safras antigas da adega pessoal de Carlos Cabral!
Sinceramente, poderia ficar aqui horas descrevendo as delícias que nos deixaram enlevados durante mais de quatro horas à mesa, degustando, sorvendo goles de puro prazer e conhecimento, descobrindo nuances dantes esquecidas ou nunca apreciadas, como no meu caso com os vinhos icônicos da Adega Medieval de Oscar Guglielmone.
Deste falo um pouco, porque foi figura de destaque no cenário ainda insipiente dos vinhos brasileiros, como o que escreveu Ney Gastal em 1990, quando o entrevistou para A Vindima no texto O último grande templário
-Em outras ocasiões costumava fazer ‘reflexões vínicas’ sobre o mundo da uva e do vinho. “Notamos que as pessoas escolhem suas bebidas por indução genética. A pessoa que toma cerveja é do tipo bonachão. O cervejeiro contumaz é amigo de seus amigos, mas também irresponsável em seus compromissos. Por outro lado, quem toma destilados são pessoas objetivas, contundentes, que agridem ou regridem de acordo com seus interesses. Finalmente, quem toma vinho são as pessoas naturais, de bom senso, equilibrada, geralmente de bastante profundidade, que deixam para seus descendentes o que há de melhor: princípios. Estas seriam as três etiologias da escolha das bebidas”, filosofou Guglielmone.
Votando aos vinhos, vejam a riqueza da série degustada, acrescida posteriormente de um Casa Perini Tannat 2003, oferta do Didú, e por: um Tannat Classic da Salton, um Gewürztraminer 2000 e um Riesling Itálico 2009, todos oferta da Luciana Salton.
01 g Adega Medieval Merlot safra 1985 – Viamão RS
02 gs Adega Medieval Nebbiolo safra 1985 – Viamão RS
01 g Casa Valduga Cabernet Sauvignon 2000 – Vinho Fino s/s
01 g Cooperativa Aurora 75 anos safra 2002 –seco fino
01 g Gran reserva Marson 2002
01 g Quinta do Seival 2003 Campanha Gaúcha
01 g Vinhas da Milano 1985 – Vale do São Francisco – PE
01 g Pizzato Merlot 2002 – Vale dos Vinhedos – RS
01 g Terranova Shiraz Miolo 1999 – Vale do São Francisco – PE
01 g Calza Cabernet Sauvignon 2004
01 g Família Pizzato – Presente de Natal em 2009
01 g Chateau Lacave Cabernet Sauvignon/Tannat 2002
01 g Rio Sol 2004 -,Vale do São Francisco – PE
01 g Aurora Reserva Cabernet Sauvignon 1997
01 g Dreher 1972 – Cabernet Sauvignon/Merlot/Gamay-primeiro vinho feito no Brasil por Dante Calatayud.
01 g Millesime Aurora 1999
01 g Millesime Aurora 2004
01 g Anticuário Antigas Reservas 2002
01 –Aurora Millesime 1991 Imperial(6 litros) – O primeiro da série.
Todos estavam em plena forma, e agradaram a mim e aos demais, claro que mais a uns que outros, dependendo do vinho, e não vou ficar exaustivamente descrevendo vinho por vinho, isto é para nós, na hora da degustação, depois o que fica é o memorável momento.
O branco de Gewürztraminer da Salton estava âmbar, e com menos acidez, mas muito próprio para um vinho de sobremesa sem ter sido assim vinificado, pois estava com algum dulçor devido exatamente à queda da acidez, compreensível para um vinho feito para ser bebido em dois ou três anos, fantástico.
Dois vinhos me chamaram muito a atenção, fora o Nebbiolo da Adega Medieval, que depois de 31 anos, parecia ter sido mesmo feito para ser aberto ali, naquele momento
o Dreher 1972, o mais antigo dos vinhos do painel, com 60% Cabernet Sauvignon, 30%Merlot e 10%Gamay, cujo enólogo foi o mentor e instrutor de muitos enófilos da recém-criada SBAV-Sociedade Brasileira Amigos do Vinho, hoje denominada Associação Brasileira dos Amigos do Vinho, o Dante Calatayud.
Vinho vivo, equilibrado, muitas especiarias, a fruta presente, maravilha de vinho.
Todos os que conheceram o Calatayud o reverenciam, e ainda há pouco em Setembro deste ano, quando estive com o Ayrton Giovannini, da vinícola Don Giovanni de Pinto Bandeira, onde Calatayud era o enólogo, me falava dele com deferência e saudade, “o melhor dos mestres” disse Ayrton aos jornalistas.
O outro vinho que me deixou agradavelmente surpreso foi o Aurora Reserva C. Sauvignon 1997. Que vinho é este Toninho Czarnobay? Explica isto para mim!
No painel vários Millesimé, inclusive mais antigos, mas este Reserva se comportou magnificamente e foi um dos meu eleitos do painel como destaque.
Não posso também deixar de citar o Gran Reserva Marson, surpreendeu!
Degustações com estas, que nos oferecem painéis de estudo, momentos lúdicos com os amigos, descobertas inusitadas como os vinhos do Guglielmone, são apaixonantes, obrigado amigos pela oportunidade rara.
Vinhos brasileiros não são longevos? Sabem de nada inocentes…
Recomendo sempre a Enoteca Saint Vin Saint para aqueles que valorizam “o natural levado com respeito”.
http://www.saintvinsaint.com.br
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão