Meninas e meninos,
Ontem houve uma verdadeira festa de vinhos bons organizada pela Belle Cave, importadora que tem como diretor Ulisses Kameyama, e onde encontrei orquestrando a sinfonia vínica os competentes e queridos amigos Gastão Bolonhez, Gianni Tartari e Gabriele Frizon.
Falar dos amigos que conheço há anos é muito fácil, quero falar de uma pessoa e de um dos vinhos que além de me marcarem, o vinho pelo óbvio que possa ser, ou seja, ótimo exemplar, pela pessoa na figura de Eduardo Figueiral, Diretor Comercial da Quinta de Lemos que vinifica o vinho em questão.
Numa masterclass com 21 ótimos vinhos de sete vinícolas e com boas surpresas, além da mostra com 20 vinícolas do velho mundo das quais falarei em postagem posterior, três vinhos da Quinta de Lemos, estavam na masterclass.
Já escrevi sobre esta região e desta mesma vinícola, ou Quinta, do Dão, mas justamente quem iria me lembrar disso, depois de novamente provar o que em meu juízo foi um dos mais expressivos vinhos da tarde festiva, foi o Eduardo Figueiral, diretor comercial da Quinta de Lemos.
Faz sei anos que escrevi sobre esta Quinta que só trabalha com castas portuguesas, em lagar, e com 18 meses de barricas, às vezes novas, às vezes de variados usos, além de sempre procurar trabalhar com cultura racional adequando ao mínimo o uso de pesticidas e químicos.
Perdoem-me os mais dotados de memória que eu, mas não me lembrava de ter conhecido e provado vinhos desta vinícola, quando depois de degustar novamente os três exemplares submetidos à masterclass, e provar o Jaen na mostra, aqui seguem os da masterclass pela ordem de apresentação e depois conto sobre o JAEN:
1-Quinta de Lemos Alfrocheiro 2010, varietal, vinhas que podemos chamar de novas, pois têm apenas 11 anos, com aromas à marmelada, especiarias e demais frutas vermelhas bem maduras, em boca boa acidez, equilibrado, taninos muito bons, confirmando as especiarias e as frutas e em minha opinião, ainda bem jovem apesar de perfeitamente adequado ao consumo por agora.
2- Quinta de Lemos Touriga Nacional 2007, com os mesmos atributos de vinificação já mencionados, 30% das barricas são novas, de carvalho francês, com guarda de ao menos dois anos em garrafa antes de sai ao mercado. Este se apresentou com o mineral fósforo que não encontrei no Alfrocheiro, e que depois saberia que deve ser proveniente da Touriga Nacional, pois o outro exempla a seguir também me mostrou o mesmo olfato mineral. Frutas em compota e especiarias, com estas notas confirmadas em boca.
3-Quinta de Lemos Dona Giorgina 2009, mescla de 80% Touriga Nacional e 20% Tinta Roriz, a velha conhecida Tempranillo com o nome local.
Este exemplar já utiliza 100% de barricas novas francesas, também descansa dois anos em garrafa antes de sair ao mercado. O FÓSFORO ESTÁ LÁ, como disse antes, me levou a crer ser da T.Nacional, especiarias, frutas maduras. Em boca boa acidez, equilibrado, a canela e o cravo se mostram evidentes para mim, taninos vivos e bons, fantástico vinho, e ainda novo, acho que posso ousar dizer que daqui há uns 10 anos mais ainda estará perfeito ainda.
Mas como disse de início degustei depois o magnífico Quinta de Lemos Jaen 2007, o que motivou minha demonstração de admiração por este vinho, na mesa o Eduardo não se encontrava no momento, e depois me procurou na mostra dizendo que eu apenas confirmava 6 anos depois o que já havia dito e escrito sobre o JAEN, e que se lembrava bem de mim e do texto!
Fiquei perturbado porque realmente para mim eram vinhos e vinícola novos que degustava, e vai aqui um enorme pedido de desculpas, com a transcrição do texto que dantes escrevi, perdão Quinta de Lemos, perdão Eduardo Fiqgueiral. Lembrem-se de que o texto original foi escrito no antigo Blog Divinoguia
e transcrito para este site DivinoGuia depois.
Esta região situada no centro de Portugal, onde os solos graníticos, altitudes variando de 400 a 700 m, e ocupando uma área de 20.000 ha de vinhas, vem mostrando a força de seus mais de 1000 anos de história, a força da tradição, e o saber em seus vinhos com personalidade própria.
Falar do Dão, é sempre lembrar de que foi lá que a Touriga Nacional, esta uva que se tornou símbolo de Portugal, foi cultivada pela primeira vez. Alfrocheiro, Tinta Roriz, e Jaen nas tintas e Encruzado, Bical, Cercial Branco e Malvasia Fina nas brancas, estas castas estão produzindo vinhos que cada vez mais agradam ao paladar dos enófilos.
“O vinho Quinta de Lemos Rótulo Violeta Jaen 2007, provém de vinhas de 7 anos de idade, colheita manual, e estagia por 15 meses em barris de carvalho francês. São produzidas apenas 9.000 garrafas deste néctar.
Seus 14,5% de álcool, muito bem integrados com uma ótima acidez e taninos macios, não se impõem, ao contrário, ajudam nas harmonizações enogastronômicas. No olfato muita fruta, especiarias como a pimenta do reino e algo do cravo, e depois de algum tempo se mostra ser mineral. Em boca confirma o frutado com morangos e ameixas vermelhas, um tostado gostoso sem excesso, e o mineral.
Longo, agradável e ótimo para acompanhar gastronomias variadas, como massas com molhos vermelhos, carnes assadas e grelhadas, uma caça de penas, queijos.
Parabéns Quinta de Lemos pelo seu Jaen 2007 que neste ano com 10 anos de vinificado se encontra íntegro e apto há ficar outro tanto ainda no auge. Espero em breve poder visitá-los e ver “in loco” como fazem estas jóias!
Parabéns Belle Cave pela aquisição
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão