Meninas e meninos,
Confraria do Adolar-Syrah’s do mundo foi a primeira das degustações do ano de 2022 da Decanter, nesta modalidade que tanto sucesso fez ano passado. Feita via on line, a Confraria do Adolar é dedicada aos vinhos especialmente selecionados por Adolar Hermann e Tiago Locatelli. São como que vinhos especiais, que eles gostariam de estar degustando, e estão, na verdade, com os amigos.
O tema Syrah serviu mais uma vez para mostrar as diferenças, por vezes nem sempre tão visíveis, que os diversos terroirs, as diversas maneiras de elaboração, os mais distintos clones desta cepa proporcionam aos vinhos. São sempre muito didáticas e com “segredinhos” confiados, tanto ao Adolar, quanto ao Tiago, e que, claro, nos são passados, ajudando a entender as propostas dos enólogos.
Sua origem dada como certa é o vale do Rhône-França. Surgiu de um cruzamento natural da Mondesse Blanche da Savóia e a tinta Dureza originária de Ardèche-Rhône. Na França a tendência é ter descritores com frutas negras, especiarias picantes, cogumelos, algumas com frutas de bosque e animal, e leva o nome Syrah.
Na Austrália, digamos pátria da uva no Novo Mundo, ela se chama Shiraz, mas vejam, não é porque o nome é Shiraz que obrigatoriamente deva ser Novo Mundo, e vice-versa com a nomenclatura Syrah. Descritores com frutado, mas em compotas ou geleias, frutos secos, chocolate e café, a depender de mais ou menos torras e estágios em barricas novas.
Várias degustações da Confraria do Adolar são para mim emblemáticas, como a Malbec’s da Argentina .
Outra da Argentina que me encantou pela profundidade histórica, foi a de Luigi Bosca com rótulo De Sangre , que, aliás, a Decanter recebeu recentemente o produtor Alberto Arizu em encontro com a imprensa.
O que dizer sobre o Lambrusco um ótimo vinho, mas devido à quantidade de péssimos exemplares baratos importados, tem dificuldade em se posicionar fora dos experts enófilos?
São todas degustações muito oportunas que a Confraria do Adolar nos proporciona.
Mas voltando ao Syrah’s do mundo, os vinhos degustados foram:
1-Villard Tanagra Syrah 2018 – Chile– Olfato com tostados, mel (floral), frutado bem presente. Em boca confirma o olfato, o tostado vai sumindo e surgem especiarias.
2-Alcohuaz Rhu 2013 – Chile-O enólogo, Marcelo Retamal, um dos mais respeitados do Chile, elabora os vinhos no extremo norte do Chile. Corte com predominância da Syrah em condições de terroir extremas. Chocolate e mineral, licor de frutas e floral. Mas aos poucos vai se assentando em taça e o frutado fica mais nítido, um mineral lembrando talvez o terroso de cogumelos. Em boca confirma o olfato, com a sobressalência do frutado de frutas negras maduras. Acidez e taninos impecáveis. Gostei bastante!
3-Isole e Olena Syrah Collezione de Marchi Toscana IGT 2017 – Itália-olfato Olfato instigante, para dizer o mínimo. Frutado com ameixas pretas, blue berries, um gostoso vegetal, ou herbáceo que depois se define em frescor da salsinha (delicioso sentir esta mescla de ardor, frescor, e talvez salino). Um terroso lembrando cury. Em boca o frutado exuberante, o frescor das ervas frescas, o terroso. Acidez invejável, equilibrado, “solar”! Adorei este vinho do painel.
4-Craggy Range Le Sol Syrah 2013 – Nova Zelândia como não lembrar quando fui conhecer os vinhos deste produtor . Outro vinho velho de safra do painel, mas totalmente vivo. Curiosamente no olfato me lembrou do cítrico da tangerina. Frutas vermelhas surgem, aquelas mais ácidas, de bosque. Em boca confirma o frutado cítrico lembrando casca de laranja confitada, acidez ótima, taninos delicados e ainda se mostrando, o que me seduz. Vinho especial.
Mais um espetáculo proporcionado pela Confraria do Adolar com este tema. Obrigado pelo convite, e não vejo a hora da próxima!
Decanter www.decanter.com.br
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão