Meninas e meninos,
Casa Verrone e o Sudeste Brasileiro, um novo terroir com dupla poda é o tema deste texto. Começo dizendo que vinho é business, mas por menor que seja a produção, sem paixão, parecerá vinho em escala industrial!
Os vinhos que mais têm chamado a atenção por sua qualidade, em qualquer região do país, são os vinhos elaborados onde o viticultor é um empresário de sucesso em outras atividades.
Estes estão acostumados como o custo Brasil, por exemplo, e com a o fluxo de caixa. No caso do agro, a adaptação deste empresário se faz principalmente na paixão, na consciência de que a natureza comanda o jogo. A entrada de recursos é lenta e gradual, muitas vezes ao longo de anos, mas a saída e quase toda de uma única vez, a cada safra, e eles estão acostumados.
No caso de alguns terroires, como o paulista, para citar um, a técnica da dupla poda tem sido utilizada com grandes resultados, tanto é que o assunto Casa Verrone, passa por este dado.
Visitamos a Casa Verrone, situada em Itobi-SP onde o Marcio Verrone, responsável pela empreita, comentou sobre custos da dupla poda. Como bem disse ele, o gasto com esta técnica é maior, o dobro ou até mais, pois há duas podas, duas vezes a mão de obra, acompanhamento mais apurado com auxiliares técnicos etc…
Lá está como enólogo, o Cristian Sepulveda, que já tem muita experiência com a dupla poda.
Desde os séculos passados, todas as orientações na agricultura, que eram passadas oralmente, tendiam a serem experimentos empíricos. Faz já algumas décadas que não é mais assim, e o agronegócio tem se valido de técnicas modernas para minimizar os erros.
No caso das parreiras não foi diferente, e hoje as modernas práticas nos levam ao que de melhor o solo escolhido poderá ofertar, levando-se em consideração as cepas que mais se adaptem às condições locais.
Nem por isto, no entanto, deixou-se de lado a experimentação. Além disso, observamos a questão da saudabilidade e a volta aos conceitos mais ancestrais de cuidados sem químicos, culturas orgânicas, biodinâmicas e práticas naturais de cultivo.
Vemos exemplos extremos dando muito certo como o cultivo sob o estresse hídrico do Vale do São Francisco. Culturas em solos e condições climáticas antes inimagináveis como no deserto e no gelo com países como Chile e Argentina.
Nas altitudes também vemos experimentos que a técnica ajudou e os ótimos resultados que verificamos na serra catarinense, e por aí vamos. E é o que acontece neste Sudeste Brasileiro, o novo terroir de dupla poda.
Esta técnica consiste em “adiar” a colheita que nas parreiras de viníferas é no verão. Como? Podando-as mais uma vez já em Janeiro, forçando a planta a recomeçar seu ciclo produtivo, que culminará com as frutas madura no Outono-Inverno.
Com isto, os vinhateiros têm menos problemas em decorrência das chuvas, normais no verão brasileiro. Plantas mais saudáveis, com bom nível de açúcares, resultando em bons vinhos elaborados com estas frutas.
Na Casa Verrone e em muitas outras vinícolas está sendo feito este manejo com enorme sucesso. Custa mais, mas o resultado compensa. A linha de vinhos da Casa Verrone, contempla onze produtos de excelente qualidade. Poderão ser conhecidos na Brindisi Vinhos, e no site da vinícola.
Em tempo, todos os vinhos são elaborados com uvas vindas da técnica de dupla poda!
Quero comentar mais sobre dois lançamentos e o vinho Premium.
Lançamento- Casa Verrone Sauvignon Blanc Sur Lie, um blanc de blanc muito especial. Notas de frutas cítricas, untuoso, sutil mineral no olfato, e o procurado brioche. Em boca confirma os cítricos, a untuosidade, surge delicado floral, o brioche se confirma. Vinho que em minha opinião deve ser degustado menos refrescado como normalmente os espumantes o são, diria eu que melhora muito.
Lançamento-Casa Verrone Viognier Colheita Especial, muito floral, frutas mais para as brancas bem maduras, em boca confirma o floral(mel), alguma untuosidade e as frutas brancas.
O ótimo Gran Speciale Cabernet Sauvignon/Franc com 50% de cada cepa é realmente especial. Barricas de carvalho francês o acolhem por 12 meses. Muita fruta madura, frutas negras e vermelhas em sintonia, pimenta do reino, especiarias doces como cardamomo e noz moscada, tudo no olfato e confirmado pelo palato. Equilibrado, vinho ainda jovem, que deve, acredito eu, melhorar muito com o tempo. Tem estrutura para ser bem longevo.
A Casa Verrone está investindo no enoturismo, e em breve a estrutura deverá ser posta em uso. O Marcio Verrone, na gastronomia que fará parte das visitações, faz questão de colocar à prova produtos regionais, não é bacana isso?
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão