Meninas e meninos,
Aproveitando o Carnaval que se aproxima, festa onde a cerveja ainda impera sobre outras bebidas, me lembrei de que ano passado tivemos a comemoração, ou melhor, a “bebemoração” dos 500anos da lei de pureza alemã para as cervejas, a famosa e quase impronunciável REINHEITSGEBOT.
A lei bávara data de 23 de abril de 1516, portanto este ano fará 501 aninhos, e é de responsabilidade do Duque da Baviera à época, Guilherme IV.
De início, até por questão político-econômica, esta exigência de pureza na cerveja valia apenas para a Baviera, e foi atualizada no século passado incluindo a levedura(Louis Pasteur no século XIX descobre os segredos da fermentação por leveduras) no que até então era a cerveja obrigada para se enquadrar na lei, de ter apenas água, cevada e lúpulo.
Nesta atualização sofrida no século passado, permitiu-se também a utilização de outros cereais além da cevada, como por exemplo, o trigo, ingrediente base das tão apreciadas Weissbier. “Outras modificações sofridas pela lei no século passado – por ser considerada protecionista pela união europeia, e para adaptação ao mercado moderno -, foram: a liberação do uso de açúcar na fabricação, como é comum nos estilos belgas de cerveja, assim como a limitação do uso de nutrientes para as leveduras, a adição de gás carbônico (sem ser apenas através da fermentação) e do tratamento dos insumos, como por exemplo, a reutilização de leveduras”, afirma Daniel Wolff, sommelier de cervejas e fundador da rede Mestre-Cervejeiro.
E acrescenta Daniel sobre a história da Reinheitsgebot-: “Alguns dados históricos, porém, mostram que um dos motivos por trás da criação da Reinheitsgebot talvez não tenha sido apenas a preocupação com a qualidade da cerveja, mas também uma manobra econômica, permitindo apenas cevada na fabricação, o duque Guilherme IV, da casa Wittelsbach – dinastia que governou a Bavária entre 1323 e 1918 -, dava um golpe na família do Palácio Eggenberg, que detinha o monopólio da produção das cervejas de trigo. Além disso, a maior parte do texto explicativo da lei é sobre controle de preços”. Isto pela escassez de trigo na região bávara, e este cereal muito importante foi preservado para a fabricação de pães.
Resumindo o que pode ser encontrado facilmente em vários sites, é isto, a lei de pureza que algumas cervejarias grandes no Brasil se mostram como únicas a adotar.
Algumas micro cervejarias e as artesanais adotam a Reinheitsgebot também.
Se faz alguma diferença, quem vai dizer é o paladar do consumidor, porque nas cervejas, assim como nos vinhos, as melhores são sempre as que mais se gosta de beber.
As fotos das cervejas e seus estilos foram tiradas do site ; a que ilustra este texto, eu a tirei em visita à Fritz Cervejaria Artesanal em Monte Verde, quando lá estive fazendo matéria.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão