Meninas e meninos,
Tenho observado ao longo de minha trajetória sobre o assunto “vinhos”, que de quando em vez, surge um jovem enólogo, às vezes nem tão jovem, e aqui não falo apenas de idade cronológica, mas jovem de ser conhecido fora dos domínios de sua terra natal.
O que vejo agora sobre o competente Stefano Gandolini é a expressão do que escrevi acima, muito conhecido o nome da vez, dentre outros do Chile, me parece é formado engenheiro agrônomo no Chile, graduou-se em máster enologia na Itália, ainda passando por escolas e experiências na Europa em países como a França e indo também aos EUA e Argentina.
Desde 2011 além de ter sua própria vinha e vinho, é o responsável por muitas vinícolas que hoje despontam sempre nos concursos.
Não vou ficar aqui enumerando todas, mas visitei no Chile levado pela competente Brandabout, da qual já falei em outros textos, a própria Viña Gandolini, a Viña Ventolera e a Viña von Siebenthal e é desta última que quero descrever sob o olhar de quem aprecia vinhos, pois a Viña Von Sienbethal tem consultoria do Stefano Gandolini.
Mauro von Siebenthal, um advogado suíço sempre sonhou em ter suas vinha e vinho próprios, e alcançou este desejo em fins da década de 80, localizando suas terras em Panquehue, vale do Aconcágua.
O trato é orgânico e com rendimentos mínimos para garantir qualidade ali se plantam e diferentes solos as cepas tintas Syrah, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot e Carmenère, além da Cabernet Franc e Merlot; como representante das brancas a Viognier.
Degustei a linha e alguns exemplares mais envelhecidos que hoje contam com consultoria do Gandolini, onde os tintos Parcela #7 2006 e 2013 um blend de 40% Cab. Sauvignon, 30% Petit Verdot, 15% Merlot e Cab. Franc com passagem por redor de 12 a 14 meses por madeira e mais 12 em garrafa é o que mais se produz com cerca de 100.000 gfs.
Um ótimo Carmenère 2014 que leva 15% de Cab. Sauvignon, com 60.000 gfs, tem passagem mais breve por madeira, mas descansa em garrafa 12 meses. Mostra fruta madura, a pirazina não atrapalha, e seu frescor é evidente.
Carabantes 2013, já tem a produção bastante reduzida, ao redor das 18.000 gfs, um Syrah também com 15% de Cab. Sauvignon.
Montelìg 2010 blend de Cabernet Sauvignon 40% Petit Verdot 30% e Carmenère 30% reduz ainda mais a produção com menos de 10.000 gfs, este passando dois anos em madeira e outros dois em garrafa.
O delicioso Toknar 2009, Petit Verdot já com produção bem menor em número de garrafas, 5000, com mais de dois anos em madeira e outro tanto em garrafa.
O meu favorito dos tintos Tatay de Cristóbal 2012 90% Carmenère e 10% Petit Verdot com dois anos em madeira e 18 meses em garrafa tem menos de 5000 gfs produzidas. Muito aromático, com evidentes terciários, conserva uma fruta negra poderosa, não tem o adocicado da Carmenère e nem o pimentão é evidenciado. Rico, gordo, espetacular.
O branco, o Riomistico 2014 Viognier é o que tem menor tem produção, ao redor das 4000 gfs, também passando por madeira 12 meses e outro tanto na garrafa, como é costume da casa. Muito pêssego neste exemplar, alguma fruta tropical, mas a percebi em calda, ótima acidez, vinho que desde o primeiro minuto colocaria em um prato com bacalhau ou polvo.
Recomendo com veemência a visita aos vinhedos da von Siebenthal, o Mauro é um gentleman, gosta de um bom papo, desfia histórias, eu quero voltar porque no dia da visita um temporal assolou a região, alagando muitos lugares e o estrago atingiu Santiago do Chile que ficou às escuras por horas, caindo árvores e postes.
Parabéns ao Mauro e ao Stefano, o enólogo consultor pelo trabalho!
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão