Meninas e meninos,
Belle Cave Wine Tasting 30 rótulos do catálogo, ou portifólio, como queiram, foi o evento que esta importadora de excelentes rótulos nos mostrou no meio deste mês de Março.
Sob o comanda da querida Gabriele Frizon da Belle Cave foram muitas novidades apresentadas, e aqui, mostro algumas que degustei e mais gostei. Não pensem que os outros tantos rótulos degustados nesta data não mereçam estar aqui, mas para destaque pessoal, resolvi, nesta postagem, mostrar os que mais me impressionaram.
Lembro que se porventura virem outros jornalistas citando outros rótulos, não há demérito de nenhuma das partes, apenas impressões pessoais, visto que todos os vinhos são ótimos. Mais da Belle Cave
Começo por um Vermouth, o Alvear Vermouth Rojo que adorei! Região espanhola de Montilla-Moriles é elaborado com Pedro Ximénez. Todo vermouth é uma infusão de um vinho fortificado, que cada um tem sua receita. Este leva dentre outros artemísia, alecrim e sálvia. Também leva canela e casca de laranja. Muito floral, uvas passas e especiarias tanto no olfato como no palato, dulçor mediano, quase salino e balsâmico. Fantástico como digestivo ou no coquetel.
Tuscante Governo All’uso Toscano 2020 IGT um dos vinhos que mais gostei. Um Sangiovese “in pureza” delicioso. Olfato frutado com frutas vermelhas e negras. Mesmo não passando por madeira, senti algo de tostado, chocolate no olfato. Parte das uvas é vinificada já passificadas. Total equilíbrio em bocam e seu frescor é divino!
Buglioni Amaronr Della Valolicella Clássico Il Lussurioso 2016 DOCG blend das uvas Corvina(60%), Corvinone(20%), Rondinella(10%), Oseleta(5%) e Croatina. Uvas passificadas, maceração longa. Olfato com especiarias doces e picantes, frutas secas, flores secas, aqui o tostado, o cacau, o fumo de corda surgem mais evidentes, pois passa 30 meses em barricas e mais 12 meses em garrafa. Equilibrado, apesar dos 16,5% de álcool, este não se sobressai. Taninos domados, mas presentes. Acidez(frescor) ótima, confirma em boca o olfato.
Sanchéz Romate Jerez Cream DO Jerez blend das uvas Palomino Fino e Pedro Ximénez. Este fortificado é elegante demais. Nada dos excessos do xarope, do untuoso caldo de cana. Olfato fantástico com frutas secas, especiarias adocicadas como cardamomo, baunilha. A garapa se faz sentir. Boca confirma o olfato, porém algo cítrico aparece ao final de boca. Recomendo muito este vinho para as harmonizações da Páscoa que se advinha.
Sobre Jerez ou Sherry: Jerez, Xerez ou Sherry, estes são os nomes pelo qual esta bebida peculiar é conhecida.
Trata-se de uma vinificação diferente das demais e que leva em consideração uma “oxidação” natural que se instala nos botes, barricas de 600 litros, que são colocados em “soleras”, que são pilhas de barris, desde a primeira mais próxima ao solo, dita solera, até a mais elevada.
Todas as outras fileiras de barris são chamadas de criaderas, sendo a última, a que fica mais alta, chamada de primeira criadera. O processo é simples: retira-se da solera o vinho que já está pronto, acrescendo-a de vinho da criadera imediatamente acima, que por sua vez recebe da fila de cima, até que a penúltima receba da mais jovem, que é a primeira criadera. Este processo “equaliza” o vinho ao longo do tempo.
A região espanhola onde é feito o Jerez é a Andaluzia, em Jerez de La Frontera, sul da Espanha. A região demarcada compreende um triângulo ao noroeste da Província de Cádiz, composta por nove municípios, sendo os mais importantes o próprio Jerez de La Frontera (de onde vem o nome do vinho), Sanlúcar de Barrameda e El Puerto de Santa Maria.
O solo mais peculiar para as uvas do Jerez que são a Palomino e a Pedro Ximénez, havendo também a Moscatel, é um solo branco, de carbonato de cálcio, argila e sílica a “albariza”. A bem da verdade as uvas que dão os vinhos doces, Pedro Ximénez e Moscatel, gostam de solos mais arenosos.
Como disse, a oxidação se dá porque o mosto fermentando fica exposto ao ar livre, pois os barris não são preenchidos totalmente deixando um espaço em torno de 1/3 vazios, onde o mosto fica em contato com o oxigênio. Daí surge a chamada flor, que nada mais é que uma camada de fungos que bóiam em cima do líquido, e que impede a oxigenação do restante do vinho abaixo dela. Se a flor permanece constante o vinho é acrescido de aguardente vínica e dá origem ao tipo Fino. Se a flor se altera para uma cor mais acinzentada, o vinho gera o tipo Amontillado. Já os que não criam a flor dão origem ao tipo Oloroso.
Os Finos e Manzanillas têm um envelhecimento mínimo de três anos, e podem chegar a possuir quatorze criaderas. Quando os Finos iniciam a perda da flor, continuam a evoluir em contato com o ar, dando origem aos Amontillados. Os Finos podem converter-se em Amontillados, aumentando o conteúdo de álcool a 16,5 % ou deixando os vinhos envelhecerem sem refrescá-los com vinhos mais jovens. Dessa forma, os elementos nutrientes são consumidos e a flor morre. Vem daí a explicação do Amontillado como um Fino envelhecido. Os Olorosos envelhecem a 18 % e, portanto sem a criação da flor.
Tipos De Jerez e suas sensações organolépticas em geral.
Fino: Aroma mais delicado, lembrando amêndoas. Ligeiro, frutas secas em boca, não muito ácido. Em Sanlúcar de Barrameda, o Fino tem o nome de Manzanilla, como está próximo ao mar, lembra maresia.
Amontillado: De cor âmbar, aroma mais para as avelãs e algo doce. Redondo e fresco em boca, seco.
Oloroso: Cor mais escura, muito aromático, lembrando bolo inglês. Corpo pronunciado, denso, frutas secas váriadas como avelãs e nozes. Seco, mas os há doces.
Palo Cortado: Intermediário entre os dois anteriores, mais raro. Cítrico no nariz, as sempre presentes frutas secas, mais delicado que o anteriores.
Cream: Sempre feito da combinação de um vinho oloroso com parte de Pedro Ximénez. Suave, aromático e ligeiramente doce tanto no olfato como em boca, mas sem o exagero do Pedro Ximénez. Feito principalmente para agradar ao paladar inglês, servindo como aperitivo, mas também para depois da comida.
Pedro Ximénez: Feito com a uva de mesmo nome é um vinho encorpado, quase viscoso, aromático e extremamente doce, é quase desequilibrado quando se fala em acidez. Lembrou-me rapadura no nariz e na boca.
Moscatel: Também doce, feito com a uva de mesmo nome. É raro, apresentando cor escura e aromas primários da uva que lhe dá o nome.
Para saber tudo sobre Jerez, a Gabriele Frizon poderá esclarecer, pois é chamada “A LOUCA DO JEREZ” instagram @aloucadojerez
Também a Fernanda Fonseca é mestre e louca por Jerez instagram @pandoraexperienciasdevinhos
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão