Meninas e meninos,
Como a desfolha favorece a insolação, com esta premissa, busquei alguns dados em meus guardados, pois lembrava de uma palestra do Adriano Miolo comentando que o que fazia era deixar mais ou menos um metro quadrado de folhas por pé. Mas isto faz muitos anos, não sei se ainda é o praticado hoje e com o aumento das temperaturas globais.
Pesquisei e achei um texto ótimo no site da ABE-Associação Brasileira de Enologia, na publicação da Revista Brasileira de Viticultura e Enologia, onde a desfolha deixou mais ou menos 2 metros quadrados por pé. Vou resumir aqui, mas quem se interessar, o texto está lá, na íntegra.
Antes de tudo o que é a desfolha? Bem, como o nome já diz, é desfolhar, retirar folhas. Mas porque? Simples, a planta precisa da insolação e ventilação nos cachos para amadurecê-los sãos. Aqui me lembro também de uma visita que fiz aos vinhedos da linda vinícola Viña Montes no Chile, onde em algumas das parcelas, não mais se pratica a desfolha para o sol não queimar os bagos.
Aí podemos presumir que a desfolha, se faz ou não, e vai depender da insolação, da inclinação em relação ao sol, acredito até que possa se chegar ao detalhe para cada espécie de uvas, com tamanhos e formatos distintos de folhas, de bagos, precocidade etc..
Para todos nós vermos que a vitivinicultura vive pari passu com a ciência e a tecnologia. O empirismo pode até ter vez nos vinhos de garagem, vinhos de autor, elaborados em pequenas quantidades, sem desmerecer nichos de mercado e paladares próprios, mas para os vinhos com maior produção em número de garrafas nem sempre.
Métodos ancestrais podem e devem ser utilizados, resultam em ótimos produtos, mas sempre há um mínimo de estudo e ciência a serviço dos vitivinicultores, basta procurar.
A desfolha nada mais é do que preparar a videira para uma melhor insolação ao redor dos cachos, isto possibilita também uma melhor aeração, muito necessária em terroires mais úmidos e chuvosos, prevenindo os fungos e doenças.
O texto se refere à uva Merlot, é bem técnico, mas em suma, foi gerada uma experimentação prática, qualificando resultados desta desfolha quanto ao teor de compostos fenólicos. “As desfolhas foram realizadas nas fases de desenvolvimento fenológico de plena floração, baga chumbinho, virada de cor das bagas e um tratamento controle sem desfolha. Avaliou-se a produtividade por planta e maturação fenólica no momento da colheita”.
A vinificação resultante das uvas nas desfolhas destas fases descritas resultou em vinhos que foram avaliados segundo diversos parâmetros, tais como, quantidade de polifenóis, grau alcoólico-que tem tudo a ver com a maturação- acidez e mais alguns outros dados.
Indo diretamente à conclusão dos estudos realizados com a desfolha, foi verificado que quando a desfolha foi realizada precocemente, na floração e na fase de chumbinho, temos como resultado uvas com melhor amadurecimento com vinhos de bom teor de álcool, boa cor e boa qualidade, porém menor produtividade.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão