Meninas e meninos,
Em Março deste ano participei de uma degustação que não me saiu da memória, dentre as muitas que gostei na Mistral, estou falando da Tenuta Di Capezzana, vinícola toscana das mais importantes e respeitadas de Carmignano.
A Tenuta Di Capezzana produz vinhos há 12 séculos e é a única DOCG da Itália em que a casta Cabernet Sauvignon, levada para a região por Catarina de Médici é obrigatória!
Para o guia de vinhos Gambero Rosso, essa região italiana “tem sua identidade e território conservados graças em grande parte ao mérito da família Contini Bonacossi, que com o alto nível de seus vinhos conseguiu manter elevada a credibilidade de Carmignano na Itália e no mundo”.
Também o famoso crítico de vinhos, Robert Parker, e nesta questão, comungo com ele, pois foi meu tinto escolhido para o texto da degustação, fala do Barco Reale Di Carmignano: “um vinho de fantástica relação preço X qualidade”.
Lembrando também aos apreciadores, os vinhos de Carmignano são fantásticas alternativas aos famosos Brunello di Montalcino e Chianti Classico, por vezes, devido à procura, com preços mais elevados.
O Carmignano Villa Di Capezzana é o tinto mais importante da casa, elaborado com a tradicional combinação de Sangiovese (80%) e Cabernet Sauvignon(20%), e volta e meia ganha as “super tre stelle” do guia Veronelli, e recebeu 90 pontos de Robert Parker na safra de 2008. O tinto Trefiano é uma verdadeira referência, esbanja finesse e tem um sofisticado toque sedoso no palato. A Wine Spectator já o descreveu como “extraordinário”, concedendo-lhe 92 pontos.
O Ghiaie della Furba, por sua vez, é um dos mais aclamados supertoscanos. A safra de 2003 recebeu 93 pontos da Wine Spectator, que o chamou de “fantástico”. O monumental Capezzana 804 é um suntuoso Syrah de minúscula produção.
Mas vamos ao que vi, bebi e gostei:
Degustamos oito vinhos da Capezzana pela ordem:
1-Chardonnay IGT 2013 com mineral e fruta no olfato, boca salina e bom equilíbrio.
2-Trebbiano VDT 2015, meu preferido dentre os dois brancos, apesar de mais caro, compensa. Com parreiras mais velhas, ao redor dos 60 anos, é frutado cítrico, salino(mineral), em boca acidez ótima, confirma o frutado cítrico, mas também peras, redondo, equilibrado, untuosidade marcante(foi fermentado e maturado em barricas de madeira).
3-Monna Nera 2015 com corte de 50% Sangiovese, 20% Merlot, e 10% de cada uma destas cepas- Cab. Sauvignon, Syrah e Canaiolo. O preço compensa para quem busca muita fruta em nariz e boca.
4-Barco Reale Di Carmignano 2012, sem passar por madeira na fermentação, estagia em botti esloveno por 12 meses, corte de 70% Sangiovese, 20% Cab. Sauvignon e 10% Canaiolo, no olfato
é floral, mineral, especiarias diversas. Em boca seus taninos vivos são ótimos, acidez espetacular, confirmando as frutas e as especiarias num equilíbrio generoso com o álcool de 14%. Vale o que custa.
5-Villa di Capezzana Carmignano 2013 corte de 80% Sangiovese e 20% Cab. Sauvignon, estagia em barricas de carvalho francês, veio mais fechado em aromas, mas com mineral e frutas se abrindo ao longo do tempo, confirmados em boca.
6-Trefiano Carmignano 2010 corte sem percentual definido com Sangiovese, Cab. Sauvignon e Canaiolo, meu segundo vinho tinto, apenas perdendo pela relação de preço, pois este vinho tem uvas de um terroir único em Carmignano, como um “CRU”, este tem floral, especiarias, doces e frutado elegante no olfato, confirmando em boca aliando taninos e acidez bárbaros, é longo, sedutor.
7-Ghiaie della Furba IGT 2010 corte de 60% Cab. Sauvignon, 30% Merlot e 10% Syrah, estagia 15 meses em barricas francesas, olfato mais balsâmico, especiarias e frutas e geleia, confirma tudo em boca e tem taninos e acidez evidentes para um vinho desta idade, fazendo supor que mais anos pela frente ainda lhe farão muito bem!
8-Capezzana 804 IGT 2004 varietal de Syrah, é simplesmente o melhor, mas também o mais caro, pois é um vinho que apenas 300 cx foram vinificadas em 2004 comemorando os 12 séculos de existência da vinícola (por isto o 804 no rótulo). Pela sua importância e peso na Toscana, até que não é daqueles vinhos incompráveis pelo preço, mas sim pela pouca quantidade no mercado. Vale muito alguns amigos, ao menos uns 5 se cotizarem e comprarem para ter o gostinho dos séculos em boca!
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão