Meninas e meninos,
Meu enorme prazer em visitar o Chile, já externei inúmeras vezes, e também já enumerei os porquês, então vamos pular esta etapa e me fixar na última visita que fiz aos queridos amigos da Viña Ventisquero e seus belíssimos vinhos.
Antes, preciso voltar a falar da Brandabout, empresa que tem por objetivo fomentar o conhecimento sobre os vinhos, levando jornalistas e formadores de opinião ao lugar onde nascem e se fazem estes belos fermentados. Como diz em sua página: “Porque uma paixão pelo vinho e as relações de negócio são feitas cara-a-cara, e preferivelmente no vinhedo, e não apenas na frente de um computador “.
Mas, depois de algum tempo sem ver meu amigo Sergio Hormazábal, aqui cabe mais uma vez um esclarecimento: Quando falo em Viña Ventiquero, apesar de todos serem meus amigos e cada um deles ter atribuições distintas, tenho o dever de comentar que na verdade agem como uma “entidade” única, uma forma de pensar e agir discutida por todos, mesmo que tendo um agente diretor máximo.
Voltando ao Sergio, ele foi o responsável por nos receber na sede da vinícola no Maipo, e mostrou tudo e mais um pouco dos vinhos e experimentações que fazem, aliás, o Chile é um dos países onde mais se fazem novas experimentações em relação aos vinhos, seja em blends com cepas diversas, seja em relação ao manejo, seja no tocante ao uso de múltiplos recipientes para amadurecimento e guarda dos vinhos, tais como foudres novos, usados, de variados tamanhos; ânforas de barro abertas e/ou fechadas; ovos de cimento; tanques de aço de variados tamanhos; barricas de carvalhos de diversos usos, tamanhos e origens, isto sem falar nas tostagens internas dos recipientes em madeira, sejam pequenos, médios ou grandes.
Sergio, que completou seus estudos enológicos fora do Chile, quando retornou ao país, logo foi presidente da Associação Chilena de Vinicultores, e no ano de 2009 se juntou à família Ventisquero. Como está descrito no site da vinícola, para ele fazer vinhos é um processo de criação que deixa um legado. “Acompanhar bons momentos e deixar uma marca em cada celebração é o que a produção de nossos vinhos tenta fazer em cada uma das suas variedades. É saber que a paixão que sinto pela terra, natureza, história, gastronomia e cultura, acaba em uma mesa” Sergio Hormazábal.
Mas voltando aos vinhos, sempre digo àqueles que me perguntam o que comprar em supermercados no Brasil, e sempre dentre os indicados digo que qualquer dos vinhos da Ventisquero que acharem, podem levar de olhos fechados, porque tecnicamente são excelentes, podem até não agradar o gosto pessoal por inúmeros motivos, mas aí já é quase missão impossível detectar.
Da linha que degustamos, os meus preferidos são sempre os mais extremos como os Tara, que provêm do norte do Chile, do deserto do Atacama, e com condições quase impossíveis de se acreditar que possam as parreiras sobreviver aos agrestes, ao gelado e ao calor seco, isto sem falar na quantidade de sal que há no solo. Talvez por isso e com o tecnológico manejo seus vinhos sejam tão admiráveis.
Tara White Wine 1 um Chardonnay de respeito, muito mineral, leveduras indígenas e crianza de mais de 20 meses em aço inox, cítrico, mineral e untuoso, muito distinto de outros vinhos desta cepa.
Tara Red 1 um Pinot Noir de pés francos que se mostra de uma maneira impressionante desde o nariz até aboca, onde fica com sua persistência longo tempo. Mineral, fruta que não é exatamente madura, mas se nota que colhida no tempo certo, especiarias mais sutis, e o mineral exuberante lembrado um grafite, um pó de arroz floral.
Dos outros vinhos degustados, já escrevi em outros textos como o Vertice blend de Carmenère e Syrah; Heru o Pinot Noir de Casablanca, Pangea o Syrah potente e o Enclave, todos de primeira linha sendo os Vertice, Pangea e Enclave com a participação do famoso enólogo australiano John Duval.
Linhas da Ventisquero podem ser encontradas no Brasil nas importadoras Cantu e Domno do Brasil.
Recomendo fortemente que conheçam o belo trabalho da Brandabout, onde minha linda amiga Susana Gonzáles e equipe no Chile realizam um soberbo trabalho.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão