Meninas e meninos,
Faz algum tempo fui convidado para degustar os vinhos da Georges Vigouroux que resgatou no final da década de 1970 a propriedade do Château de Haute-Serre que infelizmente devido à filoxera, havia perdido seus vinhedos.
Antes desta praga devastadora que ocorreu em fins do século XIX, essa histórica Maison era responsável por um dos mais reverenciados vinhos da França, comparados mesmo à época ao Château Margaux e aos melhores Grands Crus da Borgonha.
Hoje, a propriedade produz alguns dos melhores vinhos do sul da França. O sedoso e elegante Château de Haute-Serre foi apontado como Smart Buy pela Wine Spectator, sendo descrito como “rico, elegante e concentrado”.
A linha Cuvée Géron Dadine um tinto luxuoso, de grande apelo e complexidade e minúscula produção. Os Gouleyant, por sua vez, saborosos e macios, com excelente relação preço X qualidade. A nova linha Le Temps de Vendange, com vinhos bem frutados é como dizem, bem fácil de se gostar, além dos preços abaixo do que normalmente vemos nos vinhos franceses.
Começando a degustação, os da linha Le Temps de Vendange IGP Comté Tolosan.
1-Le Temps de Vendange IGP Comté Tolosan blanc 2015-corte de 60% Sauvignon Blanc e 40% Loin de l’oil, álcool de 12,5%, no olfato floral e fruta cítrica amarga-lima da Pérsia. Boa acidez, aparecem algumas especiarias com o tempo em taça tanto no olfato, quanto em boca.
2-Le Temps de Vendange IGP Comté Tolosan rosé 2015-Malbec puro sangue, sua cor lembra os Provence, bem adequado ao nosso clima, equilibrado, frutas frescas mescladas com frutas selvagens mais acídulas, não é longo em boca, mas deixa um bom frescor e um toque adocicado, apesar de ter não mais que 5g/l de açúcar.
3-Le Temps de Vendange IGP Comté Tolosan rouge 2015 corte de 60% Malbec e 40% Merlot, vem mostrando especiarias como o cravo no olfato e que se confirmam em boca. Frutas mais maduras, taninos macios e presentes.
Mudando a linha, os Gouleyant são interpretações da Malbec, e a palavra francesa significa algo fresco, agradável frescor.
4-Gouleyant Côtes de Gascogne blanc 2015 blend de S. Blanc e Colombard, com apenas 11,5% de álcool, bem mineral, o floral aparecendo depois, em boca as especiarias, boa acidez. Gostei bastante deste branco de cerca de U$22,00.
5-Gouleyant IGT Cotes du Lot rosé 2015, outro rodado de Malbec, este me agradou mais que o primeiro, sua cor é mais salmonada, boa acidez, frutas mais doces equilibrando o conjunto, ótimo para entradas e aperitivos diversos deque saladinha, peixes, queijos, até alguma morcillas menos condimentadas.
6-Gouleyant Malbec 2013 corte de 90% Malbec e 10% Merlot, novamente o cravo aparece, o que me leva a crer ser do terroir para o Merlot, pois nos Malbec não aparece tão evidente. Mas outras especiarias como a canela surgem, tanto no olfato quanto em boca, muito equilibrado e ótima acidez.
Mudando de linha e indo para os emblemáticos,
7-Château de Haute Serre 2009 corte de 85% Malbec e 15% Merlot tem 14% de álcool. Sua cor não aparenta a idade, já apresenta terciários, como couro, balsâmico, algum suor de cavalo, chocolate em pó. Mineral, frutado mais em compotas, e um canforado exalam no olfato. O frutado, o chocolate e o balsâmico se confirmam em boca e especiarias doces. Este foi o vinho que elegi como o melhor do painel, atrás mesmo do próximo que é o ícone. Ótimo para harmonizar com carnes vermelhas, com escargots, com aves de caça. Tem excelente relação preço X qualidade: U$56,00. Ganhou pontuação boa na safra de 2004 como boa compra!
8-Château de Haute Serre Icône WOW 2009 Malbec puro sangue, 14,5% de álcool, também não denota sua idade pela cor, frutado em compotas, sherry, chocolate, especiarias, taninos potentes se mostram dizendo que ainda pode durar uns bons anos, pois tem o tripé básico acidez, álcool e taninos.
GEORGES VIGOUROUX (Cahors)
A família Vigouroux dedica-se ao vinho desde 1887, hoje, sob a batuta da terceira geração, sendo considerados os maiores especialistas na casta Malbec em Cahors, na França, a região de origem da casta. Combinando a tradição e o terroir de Cahors com as mais modernas técnicas de vinificação, a família elabora vinhos surpreendentes: longevos, repletos de elegância e notas cativantes de fruta madura.
Verdadeira descoberta para quem só conhece a uva Malbec em sua versão argentina, os vinhos do Château de Haute-Serre mostram a casta em um estilo mais mineral e elegante, sem a rusticidade de alguns vinhos de Cahors.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão