Meninas e meninos,
O vinho Primeira Estrada Syrah 2017 é um bom exemplo do trabalho do Murillo de Albuquerque Regina, o pai da poda invertida ou dupla poda no Brasil. Com seu sócio na vitivinicultura da Vinícola Estrada Real, Marcos Arruda Vieira, além dos franceses Patrick Arsicaud e Thibaud de Salettes, que participam junto com Murillo da empresa de clones de mudas viníferas Vitacea Brasil, e com a supervisão enológica da Isabela Peregrino, ainda vinificam na vinícola da Epamig, Caldas, Minas Gerais, pois sua vinícola própria está em construção.
O vinho Primeira Estrada Syrah 2017 vai longe pelo que observamos nós degustadores na ocasião, degustadores formados por alguns amigos que convidei, dentre eles dois jornalistas que escrevem sobre gastronomia e vinhos, o Almir Anjos do site www.vinhodosanjos.com.br e Guto Martinez do site www.vinhosegastronomia.com.br que se juntaram à Carla Oliveira e Luiz Lima da Brindisi Vinhos www.brindisivinhos.com.br que nos cederam a infraestrutura e local, para nos auxiliar na “dura” tarefa de avaliar vinhos e queijos da Serra da Canastra.
Sobre os queijos, escreverei mais tarde, pois estou de partida para conhecer “in loco” sobre a produção, o terroir, e os diversos produtores. Sobre os outros vinhos que acompanharam a degustação às cegas-apenas do cinco produtores de queijos Canastra- da APROCAME-Associação dos Produtores de Queijo Canastra de Medeiros, também postarei uma a um no devido tempo.
Hoje a estrela é o Syrah da Vinícola Estrada Real, o Primeira Estrada safra 2017. Sua cor rubi bem escura me leva ao olfato frutado, algo de especiarias e um sutil sanguíneo, lembrando carne crua. Em boca confirma o frutado, equilibrado em acidez, álcool e taninos. Depois de algum tempo em taça surge um canforado ou mentolado apenas no olfato, e surge uma especiaria doce.
O Primeira Estrada tem a produção por planta ao redor dos 1,2 Kg e a época da colheita ocorre no Inverno, em Agosto. Syrah plantado em solo latossolo vermelho com drenagem moderada, sem irrigação e idades das plantas variando de 13 a 8 anos em altitude de aproximadamente 970 m em Três Corações-MG.
Vejam a descrição da ficha técnica: A fruta foi colhida manualmente em caixas de 13 Kg. Já na vinícola a uva foi desengaçada e encubada em dois tanques diferentes para ficar durante sete dias em maceração pré-fermentativa à frio (7 °C).
Após a maceração em frio, começou a fermentação alcoólica: um dos tanques foi inoculado com leveduras selecionadas e o outro fez fermentação alcoólica espontânea-fermentação feita com as próprias leveduras que contém a uva ou “leveduras indígenas”- bem bacana não é?
A fermentação alcoólica durou aproximadamente dez dias a uma temperatura média de 24 °C. Após o fim da fermentação alcoólica, o vinho continuou em contato com as partes sólidas da uva- ou seja, a pele e sementes por mais quinze dias. Terminado esse período, o líquido foi separado das partes sólidas para obter o vinho flor.
A fermentação malolática aconteceu naturalmente. A clarificação do vinho foi natural, só por decantação sem nenhum uso de produtos químicos. Finalmente, o vinho foi filtrado e engarrafado.
Produção: 15.000 garrafas.
Só para saberem, o produtor Nereu Ramos Martins, da APROCAME, em minha opinião, teve com seu queijo o melhor desempenho com este vinho, mas depois conto mais.
O site não é dos mais completos, mas é este e tem o nome do vinho http://www.primeiraestrada.com.br/ e agradeço a simpatia e gentileza da querida amiga e enóloga chilena Betzabé Galaz, e do contato Ciniely Barbosa que contribuíram para esta degustação.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão