Meninas e meninos,
Esta degustação de vinhos da Symington Family Estates com Dominic Symington, cujo convite recebi da importadora Mistral ano passado, ficou em minha memória. Agora, em tempos de distanciamento social, isolamento social ou quarentena, ainda mais me emociona a lembrar.
Emociona pelo tom apaixonado que Dominic Symington, membro de uma das mais conhecidas famílias que trabalham com vinhos, ainda mostra em suas explanações. A história do Douro, região de Portugal, se confunde com a história da família Symington de origem escocesa, pois foi lá, no Douro, que se estabeleceram.
Hoje os Symington são os maiores proprietários de vinhedos na região do Douro, e desde o século XIX, o clã comercializa, primeiramente os vinhos do Porto, e depois elaborando vinhos na região. São detentores de aproximadamente 1100 ha divididos em 27 propriedades.
Muitas coisas no mundo do vinho no Douro se deve à Symington, como usar os lagares robóticos, por exemplo, ou mesmo a técnica de controlar a temperatura da fermentação. Produzem as uvas que utilizam na elaboração dos seus vinhos, e saibam não são poucos.
Só de marcas de vinhos do Porto, destaco que vi, quando estive presente na declaração do ano Vintage de 2017, ano passado, no Palácio da Bolsa no Porto, seis das mais celebradas e conhecidas, todas Symington Family Estates.
Mas o assunto hoje são alguns dos vinhos tranquilos, entre brancos e tintos, e claro, um Porto Graham’s, uma das casas da Symington Family Estates, que não podia faltar. Os ótimos rótulos Altano estavam presentes com quatro exemplares, sendo dois brancos e dois tintos. Da Prats + Symington tínhamos dois exemplares, o Prazo de Roriz e o Post-Scriptum, e o Graham’s 10 Years Old Tawny fechando o painel.
Vamos aos vinhos:
1-Altano Branco 2017- elaborado com o corte das uvas Malvasia Fina, Viosinho, Rabigato e Moscatel Galego. Olfato frutado cítrico, sutil floral doce, em boca o mineral presente, o cítrico, ótimo frescor, equilibrado com o álcool em 12,5% e permanência longa.
2- Altano Reserva Branco 2016- naquela altura uma novidade da casa. Corte das uvas 50% Viosinho, 30% Arinto e 20% Gouveio. Estagia por oito meses em barricas de carvalho e mais 12 meses em garrafa. Muito bom de fato, no olfato o mineral já se mostra. Untuoso, frutado mais para frutos cítricos brancos bem maduros, aparecem o coco e farináceos. Em boca, confirma o frutado cítrico, o mineral, surge um leve toque tostado, o limão Siciliano aparece vigoroso depois em taça. Mais gastronômico, em minha opinião, muito equilibrado com álcool na casa de 13,2%. Vale a pena degustar!
3- Altano Tinto 2015-corte das uvas Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Barroca com 13,5% de teor de álcool. No olfato o doce de fruta vermelha madura chega forte e delicioso. Vai surgindo um fundo de fruta ácida, talvez fruta de bosque. Em boca confirma o frutado, é elegante, equilibrado, vinho que podemos chamar de fácil de gostar, pois é bem direto.
4- Altano Reserva Tinto 2013, um varietal de Touriga Nacional com 14% de álcool. Espetacular vinho, uma ótima relação preço X qualidade, complexo tanto no nariz, como em boca. No olfato o frutado, o alcaçuz( aquele doce no nariz e amargo em boca), trufado, cogumelos, terroso e canforado. Em boca o frutado das frutas vermelhas mais maduras e doces, taninos espetaculares, chocolate amargo surge, os cogumelos estão lá, equilibrado em acidez ótima, taninos e álcool. Curiosamente não senti o floral característica desta cepa. Vinho sensacional!
5-Prazo de Roriz 2015-elaborado pela Prats + Symington, os mesmos que produzem o Cryseia(vinho mítico). Corte das uvas 35% Touriga Nacional, 35% Touriga Franca, 10% Tinta Barroca, 10% Tinta Roriz, 10% Tinta Cão. Álcool em 14%. No olfato a fruta cozida, o mineral a grafite e tinta de caneta e certa salinidade. Em boca a fruta, o chocolate ao leite, a salinidade sutil presente, ótima acidez equilibrada com belo tanino. Vinho muito bom de fato!
6-Post-Scriptum 2016- digamos que se fosse em Bordeaux, seria o segundo vinho do Cryseia. Corte das uvas 40% Touriga Franca, 40% Touriga Nacional e 20% Tinta Roriz. Vinho ainda jovem, mas que já se pode consumir. No olfato o frutado lembrando um Porto Ruby pelo frutado doce, surge o caramelo, o canforado e um cítrico de fruta vermelha ácida. Em boca taninos bons, mas ainda evidentes com boa acidez, equilibrado, potente, longo. Garanto ser daqueles vinhos que se comprem para guardar uns cinco anos e se deliciar depois.
7- Graham’s 10 Years Old Tawny- Corte das uvas Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Barroca, Tinta Roriz e outras. Elegante vinho do Porto, com seu frutado mais fresco ainda se mostrando, mas as flores secas, o frutos secos, o floral à mel inebriante do envelhecimento já aparecem para deleite dos amantes deste estilo, como eu.
Parabéns Dominic Symington, ao Filipe Silva que acompanhou toda a explanação e claro, Claudia Mota e Laura Wortmann sempre me prestigiando. Parabéns à família Lilla, Ciro e Otávio, e Sofia Carvalhosa Assessoria.
Mistral www.mistral.com.br
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão