Meninas e meninos,
Vinícola Velho Amâncio minha velha conhecida e que me trouxe ótimas recordações ao poder degustar recentemente seus vinhos e espumantes novamente. Conheci um único vinho da Velho Amâncio nos idos dos anos 2000, em uma pequena adega, em Vargem Grande Paulista, creio que deva ter sido o Cabernet Sauvignon que saberia mais tarde ter ganho na Avaliação Nacional de Vinhos.
Desde logo fiquei fã, e comprava sempre, ou algumas vezes trocava por outros vinhos brasileiros e também importados, combinando com o proprietário, que tenho quase a certeza que se chamava Luís.
Nos idos de 2010, no antigo Concurso Internacional de Vinhos do Brasil , concurso onde fui jurado por várias edições-eram bianuais, intercaladas com o Concurso Nacional de Vinhos- o vinho Garganta do Diabo 2005 da Velho Amâncio ganhou medalha de prata. Eu estava lá e não me lembro de ter provado o vinho-foram muitos vinhos que passaram pelos jurados e nem todos nós degustamos os mesmos vinhos, seria impossível, mesmo no jantar de premiação.
Também para relembrar, em 1999 na Avaliação Nacional de Vinhos, a Vinícola Velho Amâncio ganhou com seu Cabernet Sauvignon 1999, dentre as 16 amostras mais representativas da safra do ano.
Mas agora através da Interbev, uma consultoria estratégica especializada na área, sei que poderei degustar com mais frequência os vinhos da Vinícola Velho Amâncio, que tem como enóloga a engenheira agrônoma Aline Fogaça, doutora em Ciência e Tecnologia dos Alimentos, que é da quarta geração da família produzindo bebidas.
A história da Velho Amâncio Vinhedos & Vinhos começa a mais de 100 anos atrás, ainda no século XIX, quando Amâncio Pires de Arruda, de origem portuguesa, chegou a Santa Maria e resolveu se estabelecer nas terras onde hoje se encontram os vinhedos e a vinícola.
A elaboração de vinhos foi iniciada pelo neto, Rubens Arruda Fogaça, ainda em 1986, e desde então vem sendo aprimorada, buscando sempre entender as peculiaridades do terroir do Vale Central Gaúcho, mais precisamente em Itaara, perto de Santa Maria.
A região tem uma transição abrupta de relevo e vegetação devido a sua geografia singular. É nesta região que a termina a encosta da Serra Geral (limite sul do Planalto Brasileiro) e inicia o Pampa Gaúcho, ou seja, o Vale Central Gaúcho é o local onde a Serra encontra o Pampa, e seu solo e clima refletem essa transição.
O relevo da região, que alterna vales, coxilhas suaves e planícies, resulta em microclimas especiais, onde variedades selecionadas de videiras se adaptaram e produzem uvas de excelente qualidade. Os verões são secos e quentes, mas com baixas temperaturas à noite.
Especialmente no vale, onde estão os vinhedos da Vinícola Velho Amâncio, há vários córregos de água (afloramentos do Aquífero Guarani), que tornam as temperaturas mais amenas e aumentam a amplitude térmica diária. De maneira geral, nesses microclimas as temperaturas são um pouco mais amenas do que na Campanha Gaúcha.
Com uma vasta linha de vinhos com 15 rótulos, porém com quantidades bem limitadas(aproximadamente 40 mil gf/ano), afinal, podemos traduzir a Velho Amâncio como uma vinícola boutique.
As linhas
– CALIANDRA: linha de vinhos jovens, aromáticos, com frescor agradável, para serem degustados em momentos descontraídos ou em harmonizações enogastrômicas. A Caliandra é um arbusto que na Metade Sul do Rio Grande do Sul encontrou condições ótimas para florescer intensamente, traduzindo a resilência presente na vegetação e no povo desta importante região brasileira.
Degustamos a safra 2022, olfato frutado, floral e sutil mineral. Em boca, confirma o frutado cítrico, um sutil adocicado lembrando caramelo, o limão galego e cereal(milho).
– PERAU: nossa linha de vinhos tintos finos secos, jovens, varietais, com pouca ou sem passagem por carvalho. O nome é uma homenagem à antiga “estrada do Perau” que ligava Santa Maria ao norte do estado do Rio Grande do Sul.
Degustamos o Terras Baixas Merlot(70%) Cab.Sauvignon 2018 com 6 meses de barricas. Frutado, especiarias ótima acidez e taninos ainda presentes. Gostei bastante!
– ESTAÇÃO: nosso vinho de guarda, com mínimo de 3 anos de guarda em nossas caves antes da venda, e potencial de guarda próximo a 6 anos, o rótulo é uma homenagem à antiga estação ferroviária local, que foi um grande impulsionador do desenvolvimento regional.
– GARGANTA DO DIABO: vinho tinto elaborado apenas em anos especiais, quando as características únicas de clima e manejo permitem a elaboração de vinhos de qualidade superior. É um corte de Merlot e Cabernet Sauvignon, com mínimo de guarda de 3 anos em nossas caves antes da venda, e potencial de guarda próximo a 6 anos. Seu nome é inspirado na ponte localizada próximo à vinícola que antigamente possuía esta denominação, e é somente elaborado em anos especiais,
Nossa linha de espumantes
Em 2008, a vinícola iniciou a elaboração de espumantes em pequena escala, e desde então vem aprimorando seus métodos e processos de elaboração. No final de 2016, a Vinícola Velho Amâncio lança a linha de espumantes VIVELAM, elaborados pelo método tradicional, agregando novos produtos de alta qualidade à sua carta.
– Vivelam Celebration: espumantes frescos e frutados, com ótimo equilíbrio entre açúcar e acidez, próprios para a celebração de momentos alegres e marcantes. Degustamos o Moscatel muito equilibrado e leve.
– Vivelam: elaborados pelo método Tradicional (Champenoise), são espumantes equilibrados, com perlage marcante e aromas evoluídos. Autólise mínima de 12 meses. Degustamos o La Vie 85% Chardonnay e 15% P.Noir com muita fruta no olfato e em boca, a maçã verde se mostra, frutas brancas como pêssego também.
– Vivelam Unique: elaborados pelo método Tradicional (Champenoise), são espumantes equilibrados, com perlage marcante e aromas evoluídos e complexos e tempo prolongado de amadurecimento em contato com as leveduras. Autólise mínima de 24 meses.
Parabéns Vinícola Velho Amâncio
Parabéns Interbev
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão