Meninas e meninos,
Estive em um happy hour em um “boteco” e levei o Real Compañía de Vinos Garnacha 2015, vinho que a Winebrands importa da Espanha, mais precisamente da região de Castilla y León.
Vinho de entrada, sem madeira e posso até dizer que mais parece com um Tempranillo bem jovem, não pela força ou caráter, mas pelo dulçor em boca que este exemplar apresentou.
Como estava em um boteco, claro que os petiscos como mandioca frita, linguiça e costelinha de porco estivessem à mesa, além disso, torresmo com carne e sem carne, tutu de feijão e uma farofinha completavam o cardápio da celebração pré-feriado.
Confesso que sou suspeito quando me deparo com os pratos mineiros-ou caipiras- como costumo chamar os pratos da gastronomia dita por mim como “afetiva”, por lembrarem a comidinha caseira, sem pretensões, mas sempre muito bem preparas e temperada.
Sempre faço estas experiências no restaurante- o boteco- por mim eleito faz uns 16 anos, ou desde da inauguração de sua primeira unidade, e sempre acompanhado dos amigos que lá fiz ao longo desta jornada etílico-gastronômica, harmonizando os vinhos, as cervejas, as cachaças, enfim, as bebidas que tenho que degustar para poder melhor escrever.
O restaurante Tempero das Gerais nasceu de um sonho, compartilhado entre cinco irmãos, há mais de 15 anos. Vindos de Senador Firmino, região da Zona da Mata de Minas Gerais, só tinham a certeza que queriam abrir um negócio familiar em São Paulo.
Os irmãos uniram a experiência adquirida em passagens por vários restaurantes, ainda como funcionários, e com a ajuda de amigos encontraram o espaço ideal, no tradicional bairro do Brooklin, que deu lugar à primeira unidade do Tempero das Gerais.
Ao lado de seus pais, que contribuem principalmente relembrando as tradicionais receitas e criando novos sabores, os irmãos não abrem mão de conquistar uma clientela fiel, que busca o sabor de Minas Gerais em pratos fartos e com a qualidade típica da comida mineira, como manda a tradição.
Este é o restaurante carinhosamente chamado pelos frequentadores de “mineiro”, ou boteco, para os que gostam do happy hour com boa bebidas, petiscos e companhia, como eu e muitos da turma de habitues do local nestes anos.
Voltando ao vinho, este vai bem com a gastronomia do local, com frituras, com pimentas, com gorduras inerentes às carnes ou petiscos porque tem boa quantidade de álcool, 14,5% e muitas especiarias no olfato.
Muita fruta bem madura aparece no olfato e em boca, mostrando o dulçor que comentei, até devido ao glicerol, mas atenção: este vinho terá que ser mais bem aproveitado se for degustado bem mais refrescado, ao redor dos 14º C, pouco mais ou menos, para que o álcool e o dulçor não sejam fatores que determinem e dominem a bebida.
Não passa por madeira, então estas especiarias doces sentidas me levam a crer que são mesmo provenientes da cepa e do terroir, e talvez de um pouco da guarda em garrafa, afinal, a safra está defasada em dois anos, mas continua jovem em taninos presentes e boa acidez, o que me garante ser um vinho que pode ainda ser degustado em sua plenitude por mais uns cinco anos sem medo de errar.
Harmonizou bem com as linguiças, com a costelinha e com o torresmo carnudo. Com os torresmos pururucas não foi mau, mas não brilhou, e com a mandioca frita saiu-se bem. Já com o tutu de feijão, não foi das melhores combinações, passou por cima como um trator, por mais que possa parecer o contrário.
Um vinho boa pedida para as comemorações natalinas, boa relação preço X qualidade, no site da Winebrands está com o preço de R$ 56,00.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão