Meninas e meninos,
Degustei uma história de 20 anos da Viña Pérez Cruz. História esta contada através dos rótulos Cabernet Sauvignon em uma degustação com a presença do enólogo Germán Lyon, que desde a safra 2002 elabora estes vinhos e os demais do vasto catálogo da Viña Pérez Cruz .
A herança que estes 20 anos trouxeram, está no aprendizado, segundo o próprio enólogo. Um aprendizado de humildade e compreensão para com a terra, para com a uva Cabernet Sauvignon(cepa emblemática do Valle del Maipo, onde fica a Pérez Cruz), para com o clima e suas variações transmitidas para cada safra.
A verdadeira sabedoria está em entender que a natureza é grandiosa, e que responde à sua maneira, aos estímulos técnicos e científicos cada vez mais apurados, mas à seu tempo, e os vinhos Cabernet Sauvignon da Pérez Cruz, têm demonstrado isto através destes 20 anos, e se preparando para os próximos 20 anos ou mais.
Conheço a vinícola e seus vinhos há muitos anos, e sou fã de uma linha que se denomina Limited Edition. Não que outros rótulos não me agradem, mas estes, em particular para a Cabernet Sauvignon, se mostram por inteiro, num processo de ótima relação preço X qualidade.
Para a Cabernet Sauvignon, com vinhos elaborados desde 2002 quando Lyon chega à Viña Pérez Cruz, o que originalmente foi o rótulo Cabernet Sauvignon Reserva, mostrou uma uva potente e de qualidade, tanto assim, que as melhores parcelas desta área plantada, derivaram para o rótulo Limited Edition.
Degustei uma história de 20 anos ao ter na taça o primeiro Cabernet Sauvignon Reserva, justamente a safra 2002. Inacreditável ver sua evolução em taça. Quando chegou, parecia que já teria entrado em declínio, pela cor, pelo pouco brilho, pelo olfato mais oxidado.
Porém, quando a qualidade da uva, a mão do enólogo e suas técnicas, o respeito ao terroir e à safra se juntam, basta dar um pouco de oxigênio para o líquido represado. Então, a sabedoria e humildade que descrevi acima, se revelam na taça com brilho e força, com a fruta ainda presente, mesmo depois de 20 anos.
Com uma mineralidade que a genética carrega, tanto do solo com traços aluviais e coluviais, quanto das videiras que sabem extrair do terroir, do microclima, as propriedades vitais para sua longevidade e a dos bagos de fruta por ela criados, faz com que o vinho seja encantador, muito especial.
A Viña Pérez Cruz ao fazer 20 anos de elaboração dos ótimos vinhos, incluindo os especiais Cabernet Sauvignon, faz também história. E juntos com o enólogo, estão sempre atentos aos requisitos do mercado que é muito competitivo.
Hoje, na Viña Pérez Cruz, Lyon elabora vários rótulos e com várias cepas plantadas nas melhores condições edafoclimáticas, ou seja; geoclimáticas e de solo, desta propriedade que aprendeu a conhecer, caminhando diariamente, e observando atentamente seus sinais, chova ou faça sol, faça calor ou frio.
Mas quero comentar sobre a caminhada evolutiva da Cabernet Sauvignon, aproveitando recente oportunidade de degustar em um painel especialmente preparado pelo enólogo, no ótimo Hocca Bar de Moema.
Falar minhas impressões dos vinhos seria pouco, afinal é uma histórica jornada, até aqui, de 20 anos. Não quero passar a sensação de que este ou aquele rótulo, esta ou aquela safra se deram melhor, vou apenas expressar minha opinião como jornalista, sim, mas antes de tudo, como consumidor.
Vinhos são elaborados para serem “gostados”, e cada um de nós, tem seu gosto pessoal. É para isto que o trabalho de uma empresa séria se faz, mostrando seu esforço em elaborar sempre o melhor, e o melhor, é sempre o que cada um gosta mais, sejam opiniões coincidentes ou divergentes.
Há vinhos para todos os gostos e bolsos, desde que bem elaborados tecnicamente, por óbvio, e eu recomendo que degustem os vinhos desta vinícola que sabe elaborar os vinhos com maestria.
No painel de Cabernet Sauvignon da Viña Pérez Cruz ao longo destes 20 anos apresentado por Lyon, tivemos muita história nas taças e nesta ordem que o enólogo sugeriu:
1-Pérez Cruz Reserva Cabernet Sauvignon 2019-Uma história mais recente carregada de conhecimentos, provém de distintos vinhedos, com idades também distintas. Um vinho que carrega história também pelas barricas que utiliza, pois estagia nelas com diferentes idades de utilização.
2-Pérez Cruz Reserva 2018 em frasco Magnun-Germán Lyon comentou que este ano foi um dos excepcionais para os vinhos, fala que em geral faz 3 colheitas nas parcelas, iniciando com uma fruta fresca, depois com a fruta madura e por fim com a fruta sobre madura nas vinhas, nestas, com ao menos 10 anos de história.
3-Pérez Cruz Cabernet Sauvignon Limited Edition 2018– A diferença deste para o anterior é que, em minha opinião, a mineralidade se expressa mais. Certamente a idade das vinhas e as parcelas escolhidas fazem esta diferença.
4-Pérez Cruz Pircas Cabernet Sauvignon 2018-Neste há utilização de leveduras selvagens, e uvas provenientes de vinhedos particulares de Liguai, onde o solo tanto aluvial, quanto coluvial conferem traços únicos aos vinhos, como o frescor do canforado ou mentolado no olfato, e mineralidade se mostrando bem evidente, além das frutas negras já mais compotadas.
5- Pérez Cruz Cabernet Sauvignon Limited Edition 2013-Neste vinho não me contenho e digo que fiquei entusiasmado com esta delícia. Um frescor inigualável mostra a safra como foi Equilibrado e pleno, cheio ainda de vigor, mesmo depois de 9 anos de história.
6- Pérez Cruz Pircas Cabernet Sauvignon 2010-Como no C.S Pircas 2018, noto a mineralidade do terroir que para mim, se apresenta agora com o grafite. As frutas ainda estão lá na taça também.
7- Pérez Cruz Reserva Cabernet Sauvignon 2002-O vinho que justificou o painel e que festeja neste ano seus 20 anos de vida. Agora, comparando com os vinhos do painel, os traços evolutivos que gosto muito estão bem presentes. Sua acidez se mostra, taninos bem macios e redondos, e o benefício dos 14 meses que estagiou em barricas francesas novas: eram todos novos nesta data, os vinhos, as barricas o enólogo!
Claro que aproveitando a oportunidade também degustamos outros rótulos sempre muito interessantes e corretos, mas vou deixar para outro texto.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão