Meninas e meninos,
King Malbec 2015, vinho descomplicado, como assim?
Explico: Escrever e falar de vinhos requer, ao meu juízo, uma boa dose de humildade e respeito ao interlocutor, pois nem sempre estaremos definindo sensações ao alcance de quem nos lê e ouve.
Por variadas razões, a grande maioria bebe vinhos e não “degusta” vinhos, mas não só os vinhos, isto acontece também com qualquer tipo de gastronomia.
Repito mais uma vez que degustar, é investir nos nossos sentidos para desvendar aromas, cores, texturas, paladares ácidos, salgados, taninosos, doces, amargos, encorpados, leves, fáceis ou difíceis etc…
Então está aí o porquê de, ao menos por mim, não querer nunca escrever ou falar sobre vinhos e gastronomias, mais é verdade sobre os primeiros, com palavras mais técnicas, descrições elaboradas e pomposas.
Muitas vezes encontro pessoas que confundem acidez nos vinhos com taninos, corpo com suavidade, sim por mais incrível que possa parecer, as pessoas que gostam de vinhos mais sedosos, confundem corpo, estrutura destes, com suavidade.
Muitas vezes também encontrei pessoas que me dizem que detestam vinhos alcoólicos, que para elas, vinhos que tenham mais de 13% “pegam na boca”, confundindo o que possa ser taninos ainda bem presentes, ou mesmo corpo.
Mas estas mesmas pessoas as vi dizendo que aquele determinado vinho provado sim, é que estava perfeito ao seu paladar, e quando comento que este mesmo vinho que disseram ser perfeito tem 15% de álcool, ou outro vinho que acharam alcoólico, tem 12,5% ficam espantadas.
Para exemplificar o que sejam estas sensações há de se degustar muitos exemplares, comparando suas impressões para assim definirem seu paladar e gosto pessoal.
Fiz esta introdução porque vou escrever sobre uma cepa que muitos a ligam a vinhos que adoram e outros nem tanto, e vejam que os motivos são sempre tão diversos, quanto às confusões de sensações causadas.
Malbec, a uva que faz lembrar sempre a Argentina, mesmo que sua origem seja francesa, e que a tenhamos em vinificações fantásticas em todos os cantos vinhateiros do globo, é o tema.
Degustei um vinho desta uva, que sim, veio de Mendoza, na Argentina, vinificado por uma vinícola exemplar, a Norton, importado pela Winebrands, e que se encaixa na definição de “vinho fácil”, tanto de beber, quanto de gostar, o King Malbec, lembrando que a uva tem sempre seus adeptos e contrários generalizando e colocando no mesmo patamar vinhos excepcionais e outros menos.
Vinho fácil, definição nem sempre bem compreendida, mas que tentarei definir usando palavras de pessoas que gostam de vinhos, sem afetações ao degusta-los, sem necessidade de maiores descrições de aromas, paladares, mas simplesmente o famoso e universal: gosto ou não gosto!
Notei que o King Malbec safra 2015, com 14% de álcool e passagem por madeira, mas apenas parte do vinho e não madeira sobressalente, tem muito para agradar e se encaixar na definição de fácil de beber e de gostar, nem por isso, deixando de ser complexo aos mais atentos.
Frutado e com muitas especiarias doces no olfato, este vinho onde o caramelo aparece depois de minutos na taça, e que em boca confirma as especiarias, o frutado e uma acidez ótima, é um bom acompanhante de uma dezena de gastronomias, desde as botequeiras, até as mais complexas.
Bastam minutos para o fumo de corda sutilmente se mostrar, e o floral surgir em grande estilo na taça. Vinho de bom corpo, equilibrado em seus taninos, acidez e álcool, é um daqueles que muitos que dizem não gostar de vinhos acima dos 13%, sem olhar o rótulo, se encantarão com o equilíbrio: Meus amigos disseram gostamos!
Harmonizei no dia, junto aos amigos, com linguicinhas e depois com torresmos, mas aqueles com pedaços de carne, não somente o courinho, e também, com caldinho de feijão.
Mas poderia ter sido acompanhante ideal de um bom naco de carne vermelha, talvez alguma caça de penas em cocção com molhos, e queijos, eu os prefiro por ter achado o vinho “adocicado” pelas especiarias e o caramelo, que sejam queijos mais salgados como os amarelos mais duros, tipo parmesão ou mesmo os de mofo azul, que são mais salgados.
Também combinaria muito bem com as gastronomias e quitutes que sempre fazem parte das festas juninas.
Como os meus amigos também acharam o vinho de fácil compreensão, creio que a definição caia bem para o King Malbec 2015.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão