Meninas e meninos,
Escrever sobre o Barca Velha, ícone dentre os vinhos do Douro, não é simples. Também não é simples escrever sobre a mulher e sua relação com o vinho, embora eu tenha vários textos sobre o assunto.
Cabe aqui uma explicação: No mês de Março, quando se comemora dia 08 o Dia Internacional da Mulher, resolvi ligar a história relevante do Barca Velha, com o tema. Como o vinho é importado pela Zahil, não posso deixar de mencionar a amiga Bianca Veratti, diretora de comunicação da importadora. Pronto, deu liga, então vou escrever sobre este vinho e a Bianca Veratti.

Bianca Veratti-diretora de comunicação da Zahil
Sobre o Barca Velha.
Fernando Nicolau de Almeida, em 1952, decidiu criar um vinho tinto do Douro contendo a mesma filosofia de qualidade e de guarda dos Portos Vintages. Nascia assim o Barca Velha, e lembro que este vinho somente se elabora nas grandes safras. Agora surge safra 2011 para comercializar.
Segundo a Bianca, já em Abril deste ano, o vinho safra 2011 chegará ao mercado pela Zahil, mas relata um fato curioso, o vinho teve sua produção totalmente “realhoada”, se é que este termo existe. Sim por uma falha, foi detectado que ao se desarrolhar o vinho, a rolha se desfazia.
“Como muitos de vocês sabem, o Barca Velha 2011 teve seu lançamento adiado por conta de um problema nas rolhas, que se quebravam com facilidade no ato da abertura da garrafa. Mesmo sem causarem prejuízo à qualidade do vinho no momento atual, concluiu-se que manter as rolhas poderia comprometer o longo potencial de guarda do vinho (que supera os 20 anos).
Desta forma, foi decidido pelo enólogo da casa, Luis Sottomayor, e a Amorim, produtor das rolhas, “rearrolhar” todas as garrafas e aguardá-las por alguns meses a fim de perceber como o vinho reagiria a este processo”, comenta Bianca Veratti.
Bem, o que tem a ver isto com o Dia Internacional da Mulher, a Bianca, e o Barca Velha? Acredito que a história profissional da Bianca, bem como a história deste vinho, tenha a mesma resiliência, não desistindo nunca.
Fiz algumas perguntas à Bianca Veratti:
Divino Guia– Você sentiu alguma vez ser descriminada pelo gênero, ou desrespeitada? Pergunto isto porque tenho visto muitas meninas relatarem sobre estas atitudes.
Bianca Veratti-Felizmente, no local onde trabalho sempre fui respeitada e valorizada. Contudo, conheço relatos de outras profissionais do meio que passaram por problemas. Afinal, é sabido que a nossa sociedade, apesar de uma melhora se compararmos com o passado, ainda valoriza mais os homens e dá maior crédito ao que é comunicado por um homem do que por uma mulher. Por exemplo, tive um aluno que saiu no meio de uma aula minha, pois não concordava com o que eu havia explicado. Meu modo de lidar com a situação foi achar engraçado e seguir dando a aula normalmente. No entanto, certamente, ele não teria tido este tipo de atitude caso fosse um homem que estivesse dando a aula no meu lugar.
DG-Como trabalha em uma importadora familiar, como foi para se “equilibrar” quanto às opiniões contrárias? Com seu profissionalismo e postura foi mais fácil?
BV-Trabalhei em outras empresas familiares antes da Zahil e, ao mesmo tempo que há diversidade de opiniões, há uma maior possibilidade de discuti-las diretamente com os donos. Aqui, eles valorizam muito a minha opinião e eu respeito a deles, afinal, eles têm 35 anos de experiência no mercado e procuramos unir o que deu certo no passado com as inovações de hoje.
DG-Faz tempo que a Zahil não faz ações com a mídia especializada, ao menos, não me lembro. O último evento foi o do Museu Do Vinho?
BV-Sim, desde o início da pandemia paramos com os eventos de degustação presenciais tanto para mídia especializada, como para clientes, pois achamos que ainda não chegou o momento de promovê-los em segurança.
DG-Surtiu efeito aquele modelo?
BV-O modelo do Museu do Vinho foi o que sempre utilizamos: mesas temáticas de degustação com horários específicos para cada público: imprensa e comunicadores, profissionais e consumidores. Sentimos falta desta proximidade e esperamos poder voltar a realizá-los em breve.
DG-Com fazem para saber se quem compra da Zahil, por qualquer dos meios de venda, foi porque viu, falou, pediu indicação?
BV-Temos controle interno de alcance das campanhas para saber qual performou melhor. Felizmente, a tecnologia veio para nos ajudar nisso, mas também mantemos pesquisas com nossos clientes e conversas com os mais próximos. De qualquer maneira, se tivermos que colocar um peso, a indicação é a mais forte.
DG-Em tempos de pandemia, tem números para mostrar em vendas, ao menos comparativos?
BV-Através de investimento em inovação e o esforço de todo o nosso time conseguimos, em pouco tempo, realizar uma transformação digital na empresa. Mesmo diante de um cenário conturbado conseguimos manter o faturamento praticamente igual ao ano de 2019, com um destaque a um crescimento expressivo no ambiente online. Estamos muito satisfeitos com os resultados e otimistas com o que estamos construindo para os próximos anos.
DG-Com sinceridade, as “lives” surtem efeito?
BV-Fomos os pioneiros nas lives (a primeira foi no dia 26 de março) e elas foram um ótimo canal de proximidade com o público no início da quarentena, sendo que focamos em temas relevantes e não no ‘fazer por fazer’. Já no segundo semestre percebemos a queda deste canal e passamos a dar mais ênfase às nossas oficinas online fechadas, que são para público menor, porém mais engajado.
Sobre Bianca Veratti.
Em 2016, tornou-se a primeira mulher no Brasil a obter o Diploma in Wine and Spirits da WSET, a certificação DipWSET. Desde 2011 trabalha na Zahil, onde entrou como vendedora e atualmente é Diretora de Comunicação.
Muitas pessoas questionam o seu cargo como Diretora de Comunicação e a sua alta certificação. Aqui, é um momento importante para se explicar que ela é certificada como especialista em vinhos, uma área do conhecimento muitas vezes confundido com o enólogo (produção) e o sommelier (serviço). O especialista em vinho reúne conhecimentos profundos sobre viticultura, enologia, regiões produtoras, fatores de negócio, todos os estilos de vinhos que existem em todo o mundo, Torna-se um degustador de grande excelência e também especialista em como comunicar o universo do vinho de forma correta (e aqui chegamos a conexão de sua carreira com a comunicação). Dessa forma, além de ocupar um espaço raro para as mulheres como especialista, ela ainda é uma executiva no setor.
O WSET é uma certificação da Wine & Spirit Education Trust, fundada em 1969, na Inglaterra. Hoje, é a principal organização internacional na área de educação em vinhos. São quatro níveis, sendo o Diploma N4 WSET (DipWSET) o mais alto. No Brasil, Bianca também é professora em cursos para a certificação WSET.
O Diploma N4 WSET é o primeiro passo para quem pensa em seguir os estudos para se tornar um Master of Wine. Atualmente, existe apenas um brasileiro que possui o título e que segue carreira fora do país. São cerca de mais 5 a 10 anos de estudos. Bianca também é especializada em vinhos franceses.
Zahil
11 5181-4460
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão