Meninas e meninos,
O Tasting Club Crus do Beaujolais foi uma degustação com oito produtores, efetuada tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro ano passado, e é o resultado da união de oito representantes dos Crus de Beaujolais que se uniram em 2017 formando o Club, com a finalidade de difundir as dez denominações Crus Beaujolais.
Os Crus Beaujolais estão ao norte de Beaujolais, ao sul de Macon na Borgonha e contam com área de cerca de 175 Km2. As 10 denominações de “Crus” são situadas no norte, como dito, em terroires graníticos, vizinhos da Bourgogne, representando 40% da produção.
A região de Beaujolais tem 12 denominações: As AOP Beaujolais e AOP Beaujolais Villages que representam 60% da produção e encontram-se essencialmente na parte sul.
Os tintos são da uva Gamay, que conta com 20.000 ha dos 36.000 ha desta uva plantada no mundo, e os brancos de Chardonnay vêm crescendo em quantidade de área plantada.
A Gamay oferece vinhos que podem ir do vigoroso e de forte caráter, aos frescos e frutados com taninos macios para serem bebidos jovens. Os mais taninosos e encorpados, via de regra, envelhecem muito bem, melhorando muito com a guarda.
No Brasil, onde a temperaturas médias são sempre acima dos 22º, os vinhos de Beaujolais são ideias, pois pedem um resfriamento um pouco maior, e são ideais para o calor, sendo também muito gastronômicos.
Novamente destaco que em Beaujolais há uma diferença técnica usada nos vinhos da região quando utilizam a maceração que pode ser a maceração carbônica, ou semicarboniza que Beaujolais tradicionalmente utiliza para a vinificação de seus Gamays.
A maceração, em primeiro lugar, significa o que nossos avós já faziam com algumas ervas, folhas, sementes, preparando infusões, bebidas e remédios, extraindo as propriedades socando-as, deixando-as em infusões extratoras.
No caso das uvas, macerar é extrair cor e propriedades do contato das cascas com o suco da polpa, que em geral é branco, dando cor ao líquido. Também, são extraídos os componentes fenólicos, antioxidantes; resumindo, no caso dos vinhos, macerar significa deixar as cascas em contato com o suco para extração das propriedades almejadas pelos enólogos.
Posto isto, a maceração carbônica difere da semicarboniza por um detalhe bem simples de se entender: na primeira as uvas são colocadas inteiras em recipientes já saturados de gás carbônico, que irá exercer pressão e romper as células, e na segunda, este mesmo gás carbônico se forma como início da fermentação alcoólica, principalmente pelo peso ao qual as uvas do fundo do tanque são submetidas, e que as rompem, e se acumulará no recipiente.
Daí em diante o processo é o mesmo e em ambos os caso, o resultado é a fermentação intracelular pelo rompimento dos bagos de uvas.
Em Beaujolais, que tem tradição vinícola muito longa, mais de 2 000 anos, seria injusto com os produtores e as 12 AOC com 10 Crus, que utilizam as cepas Gamay e Chardonnay, confundir seus vinhos sempre com os Beaujolais Noveau, case de Marketing.
Os 10 Crus com suas áreas aproximadas, pois estão em constante crescimento ou por vezes, diminuição, conforme os fatores climáticos, são os seguintes:
Juliénas(600 ha); Saint-Amour(320 ha); Chénas(250 ha); Moulin à Vent(660 ha); Fleurie(890 ha) Chiroubles(360 ha); Régnié(370 ha); Morgon(1.100 ha); Côte de Broully(310 ha);Broully(1.300 ha); as outras duas que completas as 12 são Beaujolais e Beaujolais Villages.
Vejam mais em Divino Guia e aqui isto posto, a lista dos representantes que estiveram no Tasting Club Crus Beaujolais segue abaixo, e não vou citar todos os vinhos que trouxeram apenas os que mais me encantaram:
1-Domaine Baron de l’Écluse– L’Écluse Côte de Bouilly Vieilles Vignes 2015, floral, mineral e com especiarias tanto no olfato quanto em boca, taninos bem presentes garantindo longevidade.
2-Domaine de Chanrion –Effervescense 2016, espumante muito interessante com frutado exuberante, acidez impecável.
3-Domaine de la Fond Moiroux apresentou quatro safras de seu Moilin-à-Vent 2011-2013-2014 e 2015, a 2011 é espetacular, mostrando que o tempo ajuda em muitos casos, frutado com banana, especiarias, muito mineral no olfato, confirmado em boca, acidez invejável, longo, equilibrado.
4-Domaine des Vieilles Caves -Chénas 2015 com muitas especiarias, floral e mineral nítidos no olfato. Em boca confirma o olfato, taninos finos presentes, longo delicioso.
5-Château de Nerves com três safras de Brouilly 2013-2014-2016, sendo a safra de 2013 a que mais me mostro equilíbrio.
6-Domaine du Clos Garands com o ótimo Vieilles Vignes Fleurie 2014 frutado, especiarias e floral. Em boca confirma o frutado e especiarias, taninos maduros equilibrado e longo.
7-Domaine du Granit aqui um interessante Chénas Prestige 2016 que me pareceu com uma oxidação interessante, muito doce das frutas e especiarias e o Les Garants Fleurie 2015 muitas especiarias, acidez incrível, taninos presentes e bons, equilibrado e longo.
8-Domaine Ruet -Côte-de-Brouilly 2014 o vinho que mais exalou floral de todos os degustados, exuberância total. Frutado elegante e mineral mais sutil
Como de costume o excelente profissional Raphaël Allemand, meu amigo há anos, da EOC International, costurou este tasting Beaujolais de maneira brilhante, e agradeço a oportunidade de ter degustado excelentes vinhos de produtores menores, que não constam ou ainda não constavam dos catálogos das importadoras.
Club Crus Beaujolais www.clubcrusbeaujolais.com
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão