Meninas e meninos,
Harmonização perfeita do Riesling Itálico da Domínio Vicari e risoto de alcachofras. Claro que usei uma taça do vinho Riesling da Domínio Vicari para o risoto. Deixou um resquício suave de cítrico no prato.
Antes vou falar um pouco da Domínio Vicari e da Lizete Vicari, que ainda não conheci pessoalmente, mas ela me é tão familiar, que parece que a conheço por uma vida inteira.
Faz mais de dez anos que travei conhecimento com os vinhos da Domínio Vicari, de dois rótulos mais precisamente, estava eu intrigado com uma vinícola em Santa Catarina que elaborava vinhos na praia do Rosa.
Os rótulos eram Riesling Itálico 2008 e o Merlot 2008. Não me lembro de como cheguei aos vinhos, mas me lembro de que um amigo da Lizete me trouxe pessoalmente os dois rótulos que degustei há época, O Riesling Itálico 2017 que harmonizei com o risoto lembra vagamente aquele antes degustado, explico: Na cor são distintos, o da safra 2008 mais para o palha verdeal, o da safra 2017 está mais laranja. O 2008 mais límpido, apesar de também não filtrado, o 2017 mais turvo e com boa quantidade de borras-leveduras- no fundo da garrafa.
No olfato ambos apresentaram o abricot, fruta de polpa branca massuda, que poucos conhecem. O Riesling 2008 tinha um floral e frutas como maçã verde e pera, além do abricot. O 2017 se apresentou com cítricos amargos-defino assim a casca da lima da Pérsia e a cidra.
Em boca o 2017 veio com acidez incrível além de mineral no retro olfato lembrando pedra sabão. Apresentou ainda uma “eletricidade nervosa” na ponta da língua, talvez gás carbônico, além dos cítricos já sentidos no olfato. O 2008 também tinha mineralidade, mas esta remetia à cepa Riesling, e também com ótima acidez.
O álcool do Riesling 2008 era de 10%, o 2017 de 11%, mas os dois exemplares muito equilibrados. Veja mais sobre o 2008 no site Divino Guia.
A vinícola:
A Domínio Vicari não está mais na Praia do Rosa onde nasceu o projeto em 2007, mudou-se definitivamente para Monte Belo do Sul em 2016, convertendo uma propriedade para a agricultura orgânica. Lizete Vicari e seu filho, o enólogo José Augusto Vicari Fasolo tocam o projeto. Cultivam Riesling Itálico, Pinot Noir, Chardonnay e Vermentino.
Seu objetivo sempre foi produzir o que hoje chamam de vinhos sem máscaras, vinhos de fermentação espontânea com mínima intervenção e sem a utilização de insumos enológicos. Lembro que o Riesling Itálico 2008 tinha pisa a pé por mulheres.
Vinificando uvas oriundas da Serra Gaúcha produziram-se na safra de 2008 os primeiros vinhos da Domínio Vicari, um Riesling Itálico e um Merlot, a partir da safra 2014 passaram-se a utilizar também uvas provenientes da Serra Catarinense.
Importante lembrar que a Domínio Vicari vem produzindo vinhos de vinificação natural de diversos terroires brasileiros, sempre procurando parcerias com produtores que visam a redução do uso de defensivos. Hoje já foram vinificadas mais de 20 variedades diferentes, sempre buscando a máxima expressão da fruta e sua origem.
Seus vinhos não passam por madeira, lembro que o Merlot 2008 lembrava madeira no olfato, mas a Lizete explicou que as uvas eram prensadas por uma desengaçadeira com pás de madeira, que tinha à época mais de cem anos, e feita pelo seu avô para o uso do vinho da família.
Vinhos únicos, como todos os vinhos hoje chamados livres, eu gosto do termo “vinhos artesanais”, com acompanhamento rigoroso, elaborados com leveduras selvagens, sem clarificação e filtração. Não contêm dióxido de enxofre adicionado, vinhos sem aditivos para que a uva expresse todo o seu potencial. “Vinho sem máscaras”.
Com o Domínio Vicari Riesling Itálico 2008, harmonizei com um bacalhau ao forno, com batatas e azeite, sem exageros em temperos, ficou ótimo, me lembra meu texto.
Outra coisa que me lembra o Divino Guia da época é que eu usava muito a frase:
“De gustibus non disputandum est “, que traduzindo do latim, quer dizer “gosto não se discute”.
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Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão