Meninas e meninos,
Quando em 2014 na Avaliação Nacional de Vinhos o Philosophia-até então sem nome- o vinho de Cabernet Franc da Vinícola Góes ganhou como o mais representativa da safra do ano, foi espantoso fenômeno.
Como que em terras paulistas, ainda mais em São Roque, um vinho de tão boa qualidade surgia, era para muitos um enigma, mas para os que acompanham os trabalhos do enólogo Fábio Góes e equipe, e da direção desta vinícola familiar, assim como eu, não foi surpresa.
Não se pode ter um vinho desta qualidade da noite para o dia, e sem muito esforço e dedicação no campo, no cuidado na vinificação, nos conceitos e técnicas que nos permitem hoje chegar a resultados mais rápido, compreendendo e estudando o terroir e as cepas mais adequadas e adaptáveis a ele.
Foi assim com o Cabernet Franc safra 2014 depois chamado de Philosophia, por expressar justamente um conceito e um modo de pensar e agir da vinícola como um todo. O vinho hoje, 2017 já está em sua terceira safra, sendo estas 2014-2016 e a recente 2017 ainda em tanques amadurecendo.
O primeiro Philosophia se originou de uvas colhidas em época normal, ou seja, no verão, mas as safras seguintes já o foram na chamada poda invertida, que conduz as parreiras a produzirem mais perto do outono/inverno, época que chove menos, propiciando frutos melhores.
O motivo desta postagem é que intrigados com os vinhos, eu achando a safra 2014 mais ao meu gosto e o jornalista Almir dos Anjos preferindo a 2016, e depois de provarmos o Philosophia safra 2017, ainda em tanques, sem passagem por madeira que virá com certeza posteriormente, achamos ambos que esta será a grande safra deste belo vinho.
Queríamos provar às cegas as duas safra que estão engarrafadas e harmonizá-las com gastronomias variadas para definitivamente tirarmos a “prova dos nove”, e com o auxilio mais que luxuoso do Chef Arturo Salano do Celeiro da Fazenda e sua assessoria de imprensa, a nossa amiga Carol Paoli, assim fizemos, eu com uma garrafa do Philosophia 2014 e o Almir com uma da safra 2016.
Convidamos a jornalista do agronegócio e muito interessada nos vinhos da vinícola depois de degustar a novidade, o rosé Pétalas, também de Cabernet Franc, Alessandra Kianek, para participar desta degustação, que ao menos saibamos, inédita dentre os degustadores e profissionais do vinho.
Minhas considerações: O Philosophia 2014 parece mais turvo no visual, levando a crer que não foi filtrado, parece mais denso, talvez tenha mais extratos seco, seu aroma é mais evoluído, tendo já algum terciário lembrando couro, especiarias doces, fumo de corda, uma mineralidade que lembra mais o grafite, ou pó de pedras. Em boca ótima acidez, um restinho de fruta já confitadas, as especiarias, e equilibrado.
O Philosophia 2016 vem mais brilhante, o que de pronto nos levou a todos, mesmo às cegas, sabermos qual era de qual safra. Mais fechado de início, vai abrindo em frutas maduras, um ligeiro vegetal se nota, um mineral mais lembrando pó de arroz, devido ao floral. Depois com o tempo vem um bombom ao licor muito nítido. Equilibrado em boca, boa acidez, longo e confirmando o frutado.
Hoje fico com o da safra 2014, mas creio que o potencial de envelhecimento do 2016 seja melhor, portanto teremos que repetir a dose quando o da safra 2017 que nos parece suplantar os outros dois estivem engarrafado.
A harmonização, quase que unanimemente, em casos como o cordeiro ao molho, cordeiro assado, carne de porco, carne bovina de variados cortes, sempre foi ao encontro do safra 2014. Para meu paladar com o risoto de fungui, com frango ao molho, frango assado, moela de frango ao molho, massa ao sugo e lasanha a bolonhesa, o 2016 leva vantagem.
O Chef Arturo se esmerou em nos atender em variados pratos perpetrados exclusivamente para nossa degustação, e ainda com todos os pratos do variado bufe, à nossa disposição.
Uma sobremesa deliciosa foi ofertada, uma “surpresa de frutas”, com frutas no papelote assadas com especiarias e moscatel espumante, onde a manga, as uvas e o kiwi amarelo reinaram soberanos em meio ao caldo gerado das próprias frutas, e do molho do vinho e especiarias.
Obrigado Celeiro da Fazenda e aos Chef Arturo Salano, e Carol Paoli,.
Obrigado aos amigos Almir dos Anjos e Alessandra Kianek
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão