Meninas e meninos,
Manzwine fica em Cheleiros-Portugal. Vinícola boutique do brasileiro André Manz que dista apenas 6 km em linha reta do mar. O solo argilo-arenoso e bastante calcário inclui conchas em abundância nos torrões e pedaços de rocha.
A visita que eu e um grupo de amigos jornalistas fizemos à Manzwine, promovida pela CVR-Lisboa, me deu muito aprendizado sobre o amor aos vinhos e às uvas. Foi lá que conheci a Jampal, cepa branca com 200 pés, que estava junto ao pomar com Castelão.
A família Manz mudou-se para a vila de Cheleiros em 2004, e o passado vitivinícola da região, de paisagem campestre e costumes ancestrais, cativou André Manz que, com o auxílio e conselhos dos locais, decidiu experimentar produzir vinho para consumo próprio.
Foi quando adquiriu o pomar que tinha a Jampal, cepa nada comercial, e quase extinta no país. Manz queria produzir qualidade e não quantidade: “Eu não quero fazer muito vinho, quero fazer bom vinho”, explicou na época André Manz.
O resultado foi espetacular, vinho distinto e desconhecido dos apreciadores, e daí veio uma oportunidade de negócio não imaginada inicialmente. Junto à produção de vinhos elaborados com cepas conhecidas, e ainda voos para regiões como Alto Douro e Palmela.
Com 11 rótulos distintos, a Manzwine exporta hoje para vários países, Brasil, China, USA, UK, Canadá, Japão, Suíça e Polónia, fãs incondicionais da marca. O enoturismo se alia à recuperação das tradições vividas em Cheleiros.
Agora um pouco do que há para consulta no site da Manzwine : A pouco mais de 20 minutos de Lisboa, a Manzwine oferece aos amantes da área uma experiência única e completa, não existindo nada igual tão perto da capital. O seu investimento começou no Largo da Praça: a Antiga Escola Primária, outrora abandonada, é agora o Lugar do Vinho, a adega que centraliza toda a produção de Jampal.
Também o Lagar Antigo acolhe a loja da Manzwine, numa exposição permanente de artefatos de outros tempos a que os locais apelidaram de Museu. O espaço é aberto ao público, todos os dias, regado com provas de vinhos previamente agendadas e visitas às vinhas e Ponte Romana, percursora do logotipo da marca.
JAMPAL- De acordo com o Instituto Nacional de Investigação Agrária Português, a Manzwine é o único produtor em Portugal com uma vinha certificada desta casta. É também o primeiro do mundo com um vinho varietal Jampal, o Dona Fátima.
Conversamos longamente com o Raul Silva export manager da Manzwine, que nos levou ao parreiral de Jampal, mostrou o solo, as instalações novas e a recuperada, hoje Lugar do Vinho com sala de barricas, e claro, os vinhos.
Hoje vinificam cerca de 300.000 garrafas/ano, sendo 40.000 no Douro e 40.000 em Setúbal onde a Manzwine mantém terrenos alugados. A empresa tem 12 anos, mas a safra comercial teve início em 2009.
Vinhos desgustados:
1-Manz Extra Brut de Jampal-Espumante de Jampal pelo método tradicional, 18 meses sur lie, cítrico, algo floral, untuoso, confirma em boca as características olfativas, aliada à mineralidade. Muito diferente mesmo de outras cepas conhecidas.
2- Manz Rosé 2018 da uva Castelão se mostra muito frutado cítrico, com ótimo frescor.
3-Manz Platónico Branco 2018 corte de Fernão Pires e Arinto se mostrou bem cítrico no olfato e palato, bom para acompanhar frutos do mar.
4-Manz Dona Fátima 2017 varietal de Jampal, passando por barricas de 500 litros de 4 a 6 meses, apresenta floral e frutado bem nítidos. Boa acidez, confirmando o olfato, e novamente surge a mineralidade com um salino delicioso. Vinhos mais sóbrio harmoniza bem com frutos do mar, queijos, e alguns embutidos.
5-Dona Fátima 2017 Reserva varietal de Jampal, vinho que gostei muito. 12 meses de barricas, mais complexo no olfato e palato, menos salino, mais untuoso. Harmonizações amplas com este vinho, desde frutos do mar, as massas com molhos branco, pesto, queijos, aves.
6- Manz Platónico Tinto 2016 corte de Touriga Nacional, Aragonês, Castelão e Syrah. Boa fruta, mais para a compota até devido à idade, surge em boca um cítrico talvez de fruta de bosque, e um frescor canforado.
7- Manz Pomar do Espirito Santo 2016 corte de 40% Touriga Nacional; 40% Aragonês e 20% Castelão. Passa por barricas de carvalho francês e americano com 30% do vinho. Frutado mais compotado, mineral(grafite), sutil floral e especiarias, tudo confirmado em boca, com taninos presentes e bons e muito boa acidez. Ótimo para carnes vermelhas, algumas caças de pena e pelo e queijos mais maduros.
8- Manz Pomar do Espírito Santo Reserva 2016 vinificado apenas em ótimas safras, mesmo corte das uvas do seu irmão, sem mencionar proporções. Estagia 12 meses em barricas de carvalho francês com tampos de carvalho americano com 100% do vinho. Frutado em compota, chocolate, Sherry, sutil floral especiarias, e os minerais grafite e fósforo. Em boca confirma o frutado, o chocolate, o canforado aparece no frescor, taninos presentes, as especiarias principalmente a pimenta do reino surge. Vinho mais robusto para pratos mais complexos em aromas e sabores. Molhos, carnes braseadas e assadas, queijos maduros, caças de pelo e pena.
Recomendo fortemente aos visitantes que estejam em Lisboa e gostem de vinhos, visitem a Manzwine, serão muito bem recebidos, conhecerão a Jampal, Cheleiros que é linda, tudo muito perto da capital.
Pelo site ou VISITAS GUIADAS C/ PROVA VINHOS
Agende pelo [email protected] ou 21 927 9468
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão