Meninas e meninos,
Amanhã se comemora o Dia Internacional da Cerveja, e para não deixar passar a data sem falar em cerveja, reproduzo aqui algumas questões consideradas como curiosas pelo Daniel Wolff, sommelier de cervejas e diretor da maior rede de franquias de lojas especializadas em cervejas artesanais do país, a Mestre-Cervejeiro.com
Pergunta-Cerveja em lata é pior que em garrafa? (mentira)
Resposta-Geralmente, a lata costuma manter a cerveja fresca, conservando aromas e sabores, por um período de tempo maior. Isso porque, como o material é opaco, o líquido não sofre com a exposição ao sol.
P-Cerveja é sempre amarga? (mentira)
R-Existem três famílias de cervejas, desmembradas em mais de 100 diferentes estilos, alguns deles com chocolate, com frutas, como cereja, pêssego e framboesa. O que vai determinar o amargor da cerveja é a variedade do lúpulo e o tipo de torra do malte utilizado nela. Mas, no geral, temos disponíveis hoje cervejas que vão de extremamente adocicadas às com bastante amargor.
P-Cerveja deve ser sempre translúcida? (mentira)
R-As cervejas dos estilos Weizenbier, Witbier e Dubbel, por exemplo, são alguns exemplos de cervejas de aparência mais turva. Isto é uma condição normal, decorrente do processo de produção – se ela é ou não filtrada, ou se passa pela técnica chamada de dry-hopping.
P-Bolhas nas paredes internas do copo são indício de boa carbonatação? (mentira)
R-As bolhas nas paredes internas podem ser indícios de que a higienização do copo não foi muito bem feita ou que ele está guardado há um tempo e precisa ser higienizado novamente.
P-Não existe diferença para o produto entre garrafas âmbares, verdes e transparentes (mentira).
R-A cor da garrafa interfere na durabilidade do produto. Quanto mais clara for, maior a exposição da cerveja aos raios solares e consequentemente maior o impacto negativo nos aromas e sabores da bebida. Entre garrafas transparentes, verdes ou âmbares, a melhor opção é a âmbar.
P-Cerveja artesanal é muito alcoólica (mentira)
R-Depende do estilo. Há as mais alcoólicas e as menos alcoólicas, as mais amargas e as menos amargas, as mais e as menos encorpadas. Isso vai depender do estilo da cerveja. O fato de ela ser artesanal relaciona-se apenas aos processos de produção e à variedade e qualidade dos insumos nela utilizados.
P-Cervejas escuras são mais intensas (mentira)
R-A cor de uma cerveja é resultado das variedades de malte utilizadas em sua receita. Quanto mais intensa a tosta do malte, mais escura será sua cor e isso será transmitido ao produto final. Por isso o espectro de cores das cervejas vai do amarelo-palha ao preto opaco, passando pelo avermelhado e marrom. No entanto este é apenas um aspecto sensorial, e existem cervejas claras muito potentes como as Belgian Tripel, e cervejas escuras mais leves e refrescantes como as Schwarzbier.
P-Cerveja engorda? (mentira)
R-Alguns estilos de cerveja são menos calóricos que outros, dependendo do processo de produção e do teor alcoólico. O impacto na cintura de quem está degustando vai depender também da quantidade ingerida. Porém, fazendo um comparativo com doses iguais, a cerveja geralmente tem menos calorias do que o vinho, a cachaça ou até mesmo o suco de laranja. O ideal para quem evitar engordar é beber com moderação, dar preferência a estilos menos encorpados e com teor alcoólico mais baixo, além de optar por petiscos leves para acompanhar, como palmito com azeite e orégano, queijos brancos e rolinhos de peito de peru com rúcula.
P-Cerveja deve ser consumida só muito gelada (mentira)
R-Cada estilo de cerveja tem a sua temperatura ideal de serviço. Há aqueles em que o indicado é beber em temperatura de adega, entre 12°C e 16°C, como as inglesas do estilo Barley Wine, que são potentes, complexas e encorpadas. Já outros estilos menos intensos, mas igualmente aromáticos, como as India Pale Ale ou Bock, atingem seu maior potencial na faixa dos 7 a 10°C. E mesmo as American Lager, comumente chamadas de tipo Pilsen no Brasil, não devem ser consumidas a 0°C. Isso porque, em temperaturas muito baixas, as papilas gustativas ficam anestesiadas e os aromas da bebida menos voláteis, fazendo com que deixemos de sentir características importantes da bebida.
P-Não existe diferença entre chope e cerveja (mentira)
R-A origem do produto é de fato o mesmo. Mesmo processo de fabricação, mesmos insumos utilizados. Mas o armazenamento e o tipo de serviço são diferentes, o que interfere nas características da bebida. O chope, ‘Beer on tap’ – cerveja na torneira – ou ‘Draft Beer’ – expressão que denota a retirada do líquido do barril, por ser retirado direto da chopeira, costuma ser mais aerado, mais cremoso. A maioria das cervejas, diferente do chope, são pasteurizadas. Por isso, tendem a ser menos frescas e com sabores e aromas menos presentes.
P-O local de origem da água influencia no produto final (Mentira)
R-As características da água influenciam, sim, no produto final, ou seja, se ela é mole ou dura, a quantidade e os tipos de sais minerais presentes nela, o seu pH, etc. Contudo, a origem da água em nada influencia. Isso porque é possível trabalhar todos esses aspectos, modificando quimicamente a água que será utilizada na fabricação, deixando-a mais alcalina, por exemplo, favorecendo a produção de certos estilos de cerveja e, assim, influenciando produto final.
P-Cerveja precisa de colarinho? (Verdade)
R-Toda cerveja deve apresentar alguma quantidade espuma, que é um elemento fundamental para avaliar a saúde da bebida e ainda ajuda na preservação de sua temperatura. Se uma cerveja não tem espuma é porque não está bem carbonatada, tendo um defeito de fábrica -, houve algum problema no armazenamento ou ela não foi servida da maneira adequada. O tipo de espuma e a sua estabilidade variam de estilo para estilo. Alguns, principalmente os ingleses, têm pouca formação de espuma e ela permanece como uma fina camada. Já as belgas, por exemplo, têm uma formação bastante expressiva e a permanência no copo faz parte do visual.
P-Cerveja preta é só pra tomar no frio (Mentira)
R-O que vai dizer se uma cerveja é mais indicada para o frio são fatores como o corpo da cerveja, ou seja, o peso do líquido na boca e teor alcoólico, que são duas características que passam uma sensação acolhedora. Existem cervejas claras, que, por serem alcoólicas e densas, são mais indicadas para o outono/ inverno. E cervejas escuras que trazem um leve amargor, são menos encorpadas e com menor teor alcoólico, que são perfeitas para as estações mais quentes.
P-Faz diferença o tipo de copo que se usa pra beber cerveja? (Verdade)
R-O copo pode influenciar na maneira como sentimos o aroma da cerveja, interferindo positiva ou negativamente na degustação. O copo também pode interferir visualmente, como por exemplo, na retenção de espuma. O copo Weissbier tem um formato adequado para manter a formação do colarinho, enquanto a taça snifter concentra os aromas de cervejas mais complexas. Já o famoso pint tem um formato utilitário que possibilitam serem empilhados, e sua boca mais larga permite beber em grandes goles.
P-Cerveja só vai bem com comida de boteco (Mentira)
R-É bem verdade que a cerveja vai muito bem com as deliciosas comidinhas de boteco sim, mas as variações de combinações são muito mais amplas. Tente, por exemplo, combinar o prato Carneiro com Cuscuz Marroquino com uma cerveja do estilo Weizenbock, um chocolate meio-amargo com uma Stout, um queijo Brie com uma Tripel e um Emmental com uma IPA.
P-Cervejas de alta fermentação (Ales) são mais intensas que de baixa (Lagers) (Mentira).
R-A diferença entre cervejas Ale e Lager é o fermento utilizado na produção das cervejas dos estilos de cada uma dessas famílias. Basicamente, a levedura (fermento) das Ales age entre 15°C e 25°C e gera uma espessa camada na superfície do líquido no tanque de fermentação. Por isso também é conhecida como levedura de alta fermentação. Já a levedura Lager trabalha melhor em torno de 9°C a 14°C e como não apresenta esta camada na superfície, ficou conhecida como de baixa fermentação. Por exemplo, a Bock é um estilo de cerveja da família Lager, por exemplo, e é mais potente do que uma cerveja do estilo Pale Ale, da família Ale.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão