Meninas e meninos,
Bacalhau e vinho tinto Salton Domênico Campanha, pode isto? Pode! Há muito tempo já tenho escrito que a melhor harmonização é aquela em que se bebe e se come aquilo que se goste, então, claro que pode.
Antes de descrever(de novo) este vinho especial, vamos aos fatos.
Harmonizar é ter harmonia.
Há regras para as harmonizações, porém cada vez mais temos observado que estas regras tendem a se modificar, tanto com as vinificações mais diversas dos vinhos, quanto pelas preparações mais ou menos complexas da mesma receita. Ingredientes novos utilizados, cocções modernas etc…
Via de regra, peixes que não tenham sua carne mais escura como o atum, vão sempre bem com os vinhos brancos, devido à acidez destes, casa muito bem com as fibras e gorduras do animal.
Garantia de sucesso.
Mas garantir que se vai ter uma ótima harmonização, vai depender do preparo da gastronomia, da forma de elaboração do vinho, de sua uva ou uvas, dos acompanhamentos do prato e claro, do gosto pessoal de cada um.
Meu gosto pessoal
Eu, particularmente gosto muito de harmonizar bacalhau, aqueles com bastante cebolas, alhos, batatas, azeite, pimentões coloridos, com um tipo de vinho muito particular, os elaborados com a uva Vinhão(este nome é o conhecido na região dos Vinhos Verdes, no Douro, se chama Sousão).
Estes vinhos são quase rústicos, com uma acidez exacerbada e com taninos abundantes. Quase a antítese para a regra com peixes, mas lembro, segundo os portugueses, Bacalhau não é peixe.
Salton Domênico Campanha
Testei uma receita e bacalhau, com estes ingredientes descritos acima, mais pimenta do reino e pimenta Cambuci com um vinho tinto que me agradou muito desde meu primeiro contato com ele, ainda não engarrafado, em 2018, no lançamento do Domenico Salton Giornata 140, um Prosecco dentro do conceito “Domênico”. O vinho, o Salton Domênico Campanha.
Corte de duas uvas com maior parte 76% Marselan e os restantes 24% Tannat tratadas diferentemente, sendo que a Marselan amadureceu em tanque de inox. Já o Tannat, em barricas novas de carvalho francês, de tostado médio, durante 15 meses.
Marselan
Esta cepa foi produzida pela primeira vez em 1961, pelo pesquisador Paul Truel, perto da cidade francesa de Marselha, daí o nome Marselan. Criada a partir das espécies Cabernet Sauvignon e Grenache Noir, essa uva de origem francesa, se expressa em geral com aromas e sabores que lembram frutas vermelhas frescas e cacau. A Tannat, é mais poderosa em acidez e taninos, seu nome já diz isso.
Como dizia, gostei do vinho ainda nem totalmente pronto, mas ano passado, na inauguração da linda e completa loja conceito a Enoteca Salton, o Salton Domênico Campanha foi lançado finalmente, e eu gostei muito, confirmando o que já percebera um ano antes. As garrafas permaneceram envelhecendo em caves durante 18 meses.
O vinho
Muita fruta no olfato, algumas especiarias, e sutil balsâmico, Em boca confirma o frutado aparecendo um compotado, ligeiro canforado, as especiarias, acidez muito boa, taninos muito finos, quase um pedido para o bacalhau. Equilibrado com álcool na casa dos 13,5%, facilita para um leque grande de harmonizações.
O prato de bacalhau
Finalizei o bacalhau no forno, para incorporar todos os elementos, muitos na verdade, contidos na gastronomia executada, completando um arroz branco, e muito azeite. Por falar em azeite, usei um ótimo, o Capolivo, blend de Arbequina e Arbosana, e também brasileiro.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão