Meninas e meninos,
O Indra 2018, um lançamento da Vallontano Vinhos Nobres foi apresentado em primeira mão pelo enólogo poeta, ou poeta enólogo, Luís Henrique Zanini e Ana Paula Valduga. Com sentimento de profunda gratidão pela longa amizade com Zanini , Ana Paula e Talise, esposa do Luís, fui um dos convidados para o lançamento do Indra.
Segundo Zanini, faltava à Vallontano um vinho de corte.
“Vinho é arte, é poesia, é expressão da personalidade. Para ser um vinhateiro é preciso sensibilidade, é preciso humanidade. De nada adianta mestrados e doutorados, se perdermos nossa identidade. É preciso contato físico com os vinhedos, com a uva, é preciso literalmente colocar as mãos no vinho. Devemos, sobretudo, diferenciar técnica de tecnologia. A primeira é o entendimento do processo como um meio de transformação da natureza, já a tecnologia pode ser comprada e aplicada. O meu medo é que o excesso disto padronize os vinhos do mundo inteiro. Para mim o vinho continua sendo, como entendia Galileu Galilei, “humor líquido e luz” comenta Zanini.
Partindo deste princípio, o Indra e todos os outros rótulos da Vallontano são elaborados. Voltando ao que Zanini chamou de primeiro vinho de corte-aqui cabe um adendo: o rótulo LH ZANINI TINTO, é um corte, porém de uvas pacificadas. As uvas utilizadas são Tannat, Teroldego, Ancellotta e outras castas em menor quantidade.
Voltando ao Indra- deus do ar, firmamento e das estações- serviu ao nome do lançamento como homenagem. Segundo explicou Ana Paula, a deidade degustava o mágico Soma, bebida que mutada em licor, o Vena-palavra que deu origem a “vinho”-, foi buscada por completar a ideia da Vallontano da filosofia terroirista da vinícola.
Indra 2018
O Indra, nas palavras do enólogo Luís Henrique Zanini, “é um vinho de corte para ser desvendado nos braços do tempo”. A fusão entre as três variedades, Cabernet Sauvignon, Merlot – duas das mais produzidas no Brasil- e Marselan, expressa bem as características da Serra Gaúcha, acidez, tanicidade e frescor.
Para este vinho a vinícola de 22 anos inova na embalagem do produto. “Trouxemos uma garrafa eco projetada”, explica Ana Paula Valduga, diretora comercial da Vallontano. “Mais leve, com impactos ambientais reduzidos na produção e no transporte, equilíbrio perfeito entre o design e o desenvolvimento sustentável” completa.
Minhas impressões
Cor rubi, quase violácea. Olfativamente é explosivo. Senti o frutado negro, muitas especiarias, desde as doces até a picantes como cravo e páprica. Em boca sua acidez impressiona. Confirma o frutado, as especiarias, um mineral sutil, a pirazina não se esconde, mas não é sobressalente, serve para caracterizar a expressão das variedades Cabernet Sauvignon e Marselan principalmente.
Uma curiosa constatação, em minhas impressões organolépticas, é que me pareceu ter passagem por barricas, o que não acontece. Sutil empireumático me levou a crer na madeira, mas com o tempo em taça, se mostrou mineral. Descansa em garrafa por 12 meses após o engarrafamento.
Harmonizações variadas serão bem vindas, pois tem acidez, álcool em 13% e taninos macios que ajudarão. Também com estes atributos, creio que seja um vinho longevo, ao menos uns 5 a 7 anos com certeza!
Quem distribui os vinhos da Vallontano é a Mistral
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão